Acusações

Erdogan e Netanyahu trocam farpas após comparação com Hitler

Em reação a lei que define Israel como Estado do povo judeu, presidente turco afirma que espírito do líder nazista ressuscitou no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

ANCARA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, trocaram farpas ontem depois de Erdogan ter acusado Israel de ser o país mais racista e fascista do mundo, acrescentando que o espírito de Adolf Hitler está presente em autoridades israelenses.

"Não há nenhuma diferença entre a obsessão de Adolf Hitler de uma raça ariana e a visão da liderança de Israel de que essa terra antiga pertence exclusivamente aos judeus", disse Erdogan. "O espírito de Hitler, que levou o mundo a uma catástrofe, ressuscitou em algumas autoridades israelenses."

Parte de um discurso de Erdogan a um grupo parlamentar em Ancara, as declarações foram recebidas com entusiasmo e gritos de "Maldito seja Israel" dos deputados. O presidente turco pediu ainda que o mundo "passe à ação contra Israel".

Em resposta também contundente, Netanyahu acusou Erdogan de massacrar sírios e curdos e prender dezenas de milhares de turcos, transformando a Turquia numa "ditadura sombria". Netanyahu afirmou que Israel vai manter direitos iguais para todos os seus cidadãos.

Os comentários inflamados de Erdogan são uma crítica a uma lei aprovada na última quinta-feira,19, pelo Parlamento israelense, que define Israel como "a terra natal histórica do povo judeu", ao qual é atribuído o direito exclusivo à autodeterminação. A lei relega o árabe, que anteriormente era considerado uma das línguas oficiais, meramente a um status especial.

O governo turco já havia criticado a lei na semana passada, quando acusou as autoridades israelenses de tentarem estabelecer um "estado de apartheid". O mesmo argumento foi usado por legisladores árabes, que classificaram a legislação apoiada pelo governo de Netanyahu de racista.

Repressão

As críticas do premiê israelense, por usa vez, dizem respeito à forte campanha de repressão a opositores implementada por Erdogan nos últimos dois anos, após uma tentativa de golpe militar. Ao menos 130 mil funcionários públicos turcos foram demitidos e mais de 1.500 pessoas foram condenadas à prisão perpétua. Cerca de 200 veículos de imprensa foram fechados.

Além disso, Erdogan acaba de assumir mais um mandato, agora sob o novo sistema presidencialista, com poderes concentrados nas mãos do presidente.

A Turquia critica Israel regularmente por conta da política israelense em relação a palestinos e locais de culto muçulmano em Jerusalém. Um ponto alto das tensões ocorreu em maio, quando Ancara convocou o embaixador de Israel na Turquia a deixar o país provisoriamente em resposta à morte de mais de 60 palestinos por soldados israelenses na fronteira com a Faixa de Gaza.

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