Conversa

Talibãs chamam Estados Unidos para diálogo direto

O grupo afirma que "a questão afegã não pode ser resolvida militarmente" e que os Estados Unidos devem buscar uma estratégia de paz ao invés de guerra

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

AFEGANISTÃO - Os talibãs chamaram ontem os Estados Unidos para um diálogo direto através de seu escritório político em Doha (capital do Catar) e pediu a Washington, em uma mensagem incomum, que aceite as reivindicações do povo afegão, após reiteradas negativas de qualquer conversa com o governo de Cabul e seus aliados internacionais.

"O escritório político do Emirado Islâmico do Afeganistão (como se autodenominam os talibãs) chama os oficiais americanos a conversar diretamente sobre uma solução pacífica para o conflito afegão", afirmou o departamento catariano do partido insurgente, em comunicado difundido em Cabul.

"Ajudará a encontrar uma solução se os Estados Unidos aceitarem as demandas legítimas das pessoas afegãs e escutar suas próprias preocupações e pedidos para a discussão através de um canal pacífico", disseram na nota.

A formação não detalhou quais são as demandas dos afegãos, mas o seu principal pedido até então é a retirada das tropas internacionais e o fim da invasão americana iniciada em 2001, que derrubou o regime talibã.

Resposta direta

Os talibãs fizeram a proposta em um comunicado em resposta direta a algumas declarações da responsável pelo Departamento de Estado dos EUA para o Sul e Centro da Ásia, Alice G. Wells, nas quais assegurava que seu país tinha mantido a porta aberta ao diálogo com os insurgentes.

O grupo afirma que "a questão afegã não pode ser resolvida militarmente" e que os Estados Unidos devem buscar uma estratégia de paz ao invés de guerra. "As estratégias militares que repetidamente foram provadas no Afeganistão nos últimos 17 anos só intensificarão e prolongarão a guerra. E isso não é de interesse de ninguém", diz o texto.

Há algumas semanas, o governo afegão revelou que iniciou um processo de aproximação com facções talibãs na Turquia, com vistas a iniciar um processo de paz, uma opção que, mais uma vez, o principal grupo talibã, liderado pelo emir Hibatullah Akhundzada, rechaçou.

Os talibãs fizeram um primeiro contato com o governo afegão no Paquistão, em julho de 2015, mas o processo ficou suspenso poucos dias depois, ao ser revelada a morte do fundador do movimento insurgente, o mulá Omar, dois anos antes.

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