Aumento de passagens

Empresas de transporte querem reajuste de 26,7% nas tarifas

Consorciadas alegam que estão operando no limite e cobram cumprimento da tarifa de contrato estabelecido em edital

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Se aumento for dado, passagem passa de R$ 2,90 para  R$ 3,60.
Se aumento for dado, passagem passa de R$ 2,90 para R$ 3,60. (aumento tarifa)

SÃO LUÍS - “As empresas do sistema de transporte público de São Luís precisam de remuneração justa para poder funcionar, oferecendo um serviço de qualidade à população. Hoje operamos no limite”. A afirmação foi feita ontem, pelo superintendente Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), Luís Cláudio Siqueira, justificando pedido de reajuste de tarifas à Prefeitura, com base no cumprimento da tarifa de contrato (ou remuneração) estabelecido no edital de licitação do transporte. As empresas consorciadas querem um reajuste de 26,7%, passando a tarifa média de R$ 2,90 para R$ 3,60. Rodoviários marcaram para hoje uma paralisação de advertência em São Luís.

Siqueira considera “crítica” a situação das empresas, tendo em vista os altos investimentos que foram feitos em um ano, com a aquisição de 220 ônibus novos - sendo 20 articulados - totalizando R$ 80 milhões. As concessionárias alegam ainda que ocorreram reajustes de preços do diesel e de outros insumos, além dos compromissos de cláusulas da convenção coletiva de trabalho.

“As empresas precisam com urgência da tarifa de remuneração, para que haja equilíbrio econômico-financeiro do contrato com a Prefeitura. Hoje está existindo um desequilíbrio na relação contratual”, afirmou o superintendente.

Dificuldade

Ele admitiu que, em razão do não cumprimento da tarifa de contrato, algumas empresas estão enfrentado dificuldades para cumprir suas obrigações trabalhistas, conforme alega o Sindicato dos Rodoviários, citando, como exemplo, atraso no pagamento de salários e tíquetes alimentação e o adiantamento salarial no dia 20 de cada mês. “Tudo isso é reflexo direto da falta de remuneração dos serviços, que causa desequilíbrio financeiro de todo o sistema”, assinalou Cláudio Siqueira. Ele observa que o reajuste tarifário deveria ter ocorrido em setembro deste ano.

Ainda segundo os consórcios, o pedido de reajuste foi encaminhamento formalmente à Prefeitura no dia 31 de agosto deste ano. Foi estipulado um prazo de até 30 dias para que o Município informasse sobre a possibilidade de reajuste tarifário, o que não aconteceu.

O último reajuste de tarifas ocorreu em março de 2016. A tarifa mais barata (R$ 1,90) passou para R$ 2,20. Já a tarifa que custava R$ 2,20 subiu para R$ 2,50. Por fim, o nível 4 (considerada a tarifa mais cara) passou de R$ 2,60 para R$ 2,90. Outra mudança nos valores tarifários em São Luís foi registrada em março de 2015. À época, as tarifas subiram 16%, mas após reivindicações feitas por grupos sociais nas ruas e avenidas da cidade, a Prefeitura cancelou o aumento.

O superintendente do SET disse ainda que, além das “perdas de arrecadação” registradas este ano, as empresas enfrentam a concorrência ilegal do transporte de carrinhos, além da gratuidade no sistema de transporte.

Edital prevê revisão

Segundo o edital de licitação de transporte e conforme previsto em seu item 3.1 referente à “manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da concessão”, neste caso, é assegurado à concessionária o reajuste anual do que o edital de licitação denomina de “tarifa de remuneração”. De acordo com o documento, o reajuste seria concedido “por ato do poder concedente”.

A Prefeitura foi procurada, mas não respondeu até fechamento desta edição.

Rodoviários anunciam paralisação para hoje

O Sindicato dos Rodoviários do Maranhão anunciou que a categoria cruzará os braços por três horas hoje. Das 9h ao meio-dia, os ônibus devem parar de rodar, conforme decisão tomada pelo presidente, Isaias Castelo Branco, e diretores da entidade, em reunião realizada na manhã de quarta-feira, 25.

Os motivos que levaram o Sindicato dos Rodoviários a incentivar que os trabalhadores cruzem os braços são os constantes atrasos nos pagamentos de salários e de outros benefícios a que a categoria tem direito, como o tíquete-alimentação. As empresas têm ciência que os salários devem ser pagos até o quinto dia útil do mês. Esta, inclusive, é uma das cláusulas da
Convenção Coletiva de Trabalho, mas quase todos os meses os empresários descumprem a determinação.

Atualmente, são cerca de seis mil rodoviários a exercer a atividade no transporte público de São Luís, que sofrem as consequências dos constantes atrasos, segundo o sindicato. Motoristas, cobradores e fiscais vão ao sindicato todos os dias e denunciam a falta de compromisso dos empresários.

Reforma
Além das questões envolvidas na pauta local, a paralisação por três horas hoje também é uma reposta à aprovação da Reforma Trabalhista, que deve entrar em vigor nos próximos dias. O Sindicato dos Rodoviários do Maranhão reivindica os interesses da categoria, mas também apoia o movimento, organizado em São Luís por diversas entidades, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), que deve ser marcado, pela manhã, por um grande ato na Praça Deodoro, e à tarde pelo Encontro de Entidades, que acontecerá a partir das 14h, na sede do Sindicato dos Rodoviários. O movimento tem o intuito de defender as conquistas dos trabalhadores brasileiros e forçar o Governo Temer a modificar as regras da Reforma Trabalhista, que mais parece querer escravizar os brasileiros.

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