Operação Penalidade Máxima

Mateusinho troca mensagens com apostadores sobre cartão em jogo do Sampaio Corrêa: "Eu sou bagulho doido"

Atualmente no Cuiabá, lateral é réu em investigação de suposto esquema de manipulação de resultados.

Gustavo Arruda / Imirante Esporte

Atualizada em 11/05/2023 às 21h35
Mateusinho, atualmente no Cuiabá, é réu em investigação por manipulação de resultados quando defendia o Sampaio Corrêa. (Foto: Ascom Dourado)
Mateusinho, atualmente no Cuiabá, é réu em investigação por manipulação de resultados quando defendia o Sampaio Corrêa. (Foto: Ascom Dourado)

GOIÂNIA - O lateral-direito Mateusinho, que atualmente defende o Cuiabá e estava no Sampaio Corrêa durante a temporada de 2022, aparece em diálogos obtidos na 2ª fase da Operação Penalidade Máxima II, que é comandada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e investiga manipulações de resultados e ações indevidas em competições de futebol no Brasil. Em um grupo de WhatsApp que conta com sete pessoas, Mateusinho, que foi denunciado e virou réu por participação no suposto esquema, fala em receber um cartão de propósito durante uma partida do Sampaio no Campeonato Brasileiro Série B do ano passado. As conversas foram divulgadas inicialmente pela ESPN e confirmadas pelo Imirante Esporte.

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Em trecho da conversa, Mateusinho é exaltado pelo zagueiro Paulo Sérgio, que também defendia o Sampaio Corrêa em 2022 e agora está no Operário Ferroviário. "Na moral, desculpa pra uma pessoa. Desculpas M2, hoje tu ganhou conceito comigo. Não que os outros não tenham, mas tu era o que eu tinha mais medo", escreveu Paulo.

"Pacilo, pô rapá, eu sou bagulho doido. Me deu uma missão pra mim matar... ou mato ou morro mano. Não tinha jeito mano. Eu falei Ihh... Alguém vai se f**** aí, porque eu vou dar o carrinho. A missão foi cumprida, eu ia largar de barriga", respondeu Mateusinho, que teve seu celular apreendido e acessado mediante senha fornecida durante a primeira fase da Operação Penalidade Máxima.

Diálogos obtidos no celular do lateral Mateusinho. (Foto: Divulgação / MPGO)
Diálogos obtidos no celular do lateral Mateusinho. (Foto: Divulgação / MPGO)

No mesmo grupo, Mateusinho indica sua participação em apostas. "Cara***. Tá boa pra nós fazer dinheiro. Vou botar dinheiro pra nós fazer. Tá é louco. Se o homem falou pra botar filho, esquece!! Estou na festinha. Vou até sentar aqui no cantinho agora. Sem ninguém, pra poder fazer. Saindo até do som aqui pra fazer essa fezinha", afirmou o lateral.

Conversas obtidas no celular do lateral Mateusinho. (Foto: Divulgação / MPGO)
Conversas obtidas no celular do lateral Mateusinho. (Foto: Divulgação / MPGO)

Em contato com o site ge, o agente de Mateusinho afirmou que nada foi provado e que não tem mais o que se pronunciar. O Cuiabá, atual clube do lateral, informou que, a princípio, não irá se manifestar sobre o caso.

Mesmo sendo investigado na Operação Penalidade Máxima II, Mateusinho continua em atividade no Cuiabá e viajou com a delegação do clube mato-grossense para o jogo contra o Fluminense, que será disputado neste sábado (13), pela sexta rodada do Brasileirão. Na última quarta-feira (10), o lateral foi relacionado pelo Dourado e ficou no banco de reservas durante a goleada de 4 a 0 sofrida para o Atlético-MG, na Arena Pantanal.

Investigação

O MPGO iniciou a investigação de manipulação de resultados na Série B em novembro de 2022, poucos dias após o encerramento da competição, graças a uma denúncia de Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova. No dia 14 de fevereiro, a Operação Penalidade Máxima foi deflagrada com mandados de busca e apreensão: na ocasião, o único ex-jogador do Sampaio Corrêa a ser alvo da operação foi o lateral Mateusinho, que já tinha saído da Bolívia Querida para defender o Cuiabá. Paulo Sérgio, Allan Godói, André Luiz e Ygor Catatau, que também defendiam o Sampaio em 2022, viraram réus no decorrer do processo, após a investigação apreender o celular de Mateusinho e descobrir conversas do quinteto no WhatsApp sobre o esquema.

Dos cinco atletas que estavam no Sampaio Corrêa em 2022 e foram citados pelo MPGO na denúncia de manipulação de resultados, apenas o zagueiro Allan Godói permaneceu no Sampaio Corrêa para a temporada de 2023. A Bolívia Querida, entretanto, decidiu encerrar o contrato com Allan Godói após o andamento das investigações.

Em fevereiro, quando Mateusinho foi alvo da Operação Penalidade Máxima, o Sampaio Corrêa manifestou apoio às investigações, ressaltou que não compactua com fraudes no futebol e cobrou punição aos responsáveis.

Denúncia

Allan Godói, Paulo Sérgio, Mateusinho, André Luiz e Ygor Catatau foram denunciados pelo crime de corrupção ativa em competições esportivas, previsto no Art. 41-C do Estatuto do Torcedor, com pena de prisão de dois a seis anos e multa para quem "solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado".

Operação Penalidade Máxima

De acordo com as investigações da Operação Penalidade Máxima, grupos criminosos convenciam jogadores de futebol a cometerem lances específicos em partidas para gerar lucro a apostadores em sites do ramo. As propostas chegavam a R$ 100 mil.

Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B de 2022, incluindo a partida entre Sampaio Corrêa e Londrina, pela última rodada da Segundona, porém, os desdobramentos da operação levaram os investigadores a constatar que o problema era de âmbito nacional e ocorreu nos Estaduais, além da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

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