Coronavírus: Flávio Dino anuncia novas medidas e critica "omissão" do governo federal
O governador do Maranhão falou que o comércio será fechado no Estado para diminuir a circulação de pessoas e afirmou que não estamos diante de uma ''gripezinha''.
SÃO LUÍS - No fim da manhã deste sábado (21), o governador do Maranhão, Flávio Dino, deu uma entrevista coletiva à imprensa no Palácio dos Leões, onde tratou sobre as novas medidas a serem tomadas no Estado diante da confirmação de um caso de coronavírus no Maranhão. Além de um caso confirmado, há 214 casos suspeitos sendo acompanhados por equipes do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
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O governador reforçou que já tem um caso confirmado no Maranhão e afirmou que tem um segundo paciente, em estado grave, no Hospital Carlos Macieira, em São Luís, sob forte suspeita de ter contraído o coronavírus. Mas, Flávio Dino ressaltou que o caso ainda é suspeito e está sendo aguardado o resultado de exames para confirmar ou descartar.
“O caso confirmado foi identificado em uma pessoa que se encontra sem sintomas graves e está em isolamento domiciliar, ele a sua família. E temos também um outro caso fortemente suspeito, mas que ainda não foi confirmado, porém ele apresenta sintomas graves. O paciente se encontra, nesse momento, na UTI do Hospital Carlos Macieira. Então nós estamos lidando com um caso com 100% de confirmação e um caso fortemente suspeito”, explicou Flávio Dino.
O governador afirmou que, diante da confirmação do primeiro caso no Estado, é preciso tomar mais medidas de contenção do Covid-19, por parte do governo estadual e prefeituras, fortalecendo as ações preventivas. O governador reforçou que esse é um momento de união nacional e criticou o que chamou de “omissões” de alguns setores do governo federal.
“Há, infelizmente, um debate acerca da atuação dos governos estaduais em face das omissões do governo federal. Acreditamos que não é o momento de abrir disputas políticas ou ideológicas desse tipo. O que está ocorrendo é que, infelizmente, uma parte do governo federal considera que estamos diante de uma ‘gripezinha’, diante de algo de menor importância, e isso tem levado a que, lamentavelmente, não esteja ocorrendo a adoção de medidas do governo federal com a velocidade necessária em alguns casos. E nós, os Estados e municípios, temos que assumir a responsabilidade de adoção dessas medidas, exatamente visando proteger a população. É importante destacar que temos, por parte do Ministério da Saúde, um diálogo e entendimento e nós desejamos que outros órgãos federais adotem a mesma postura que o Ministério da Saúde tem adotado”, destacou Flávio Dino.
Medidas adotadas no Maranhão
Flávio Dino lembrou que o governo estadual já tinha determinado a suspensão de aglomerações e das aulas, o isolamento domiciliar compulsório de todas as pessoas com sintomas de gripe, por 14 dias, e o decreto de calamidade pública, além de destacar que o governo havia tentado, na Justiça, a paralisação das atividades nos aeroportos, mas o pedido foi negado. Em relação às novas medidas adotadas, o governador apontou que o comércio deverá fechar as portas.
“Estou editando um decreto que trata sobre a interrupção das atividades de comércio de modo geral, mas deixando claro que os municípios podem dispor sobre as suas peculiaridades locais, por que são 217 cidades. Mas a determinação estadual é nesse sentido da interrupção das atividades comerciais, mas com a manutenção dos serviços essenciais, que são os de alimentos, combustíveis e as atividades relacionadas à saúde, laboratórios, hospitais, que continuarão a funcionar. E os órgãos públicos não essenciais serão paralisados”, explicou o governador do Maranhão.
Segundo Flávio Dino, as medidas visão diminuir a circulação de pessoas nas ruas e ampliar o distanciamento social, para reduzir a curva de transmissão do coronavírus, para que os sistemas de saúde não entrem em colapso diante de uma sobrecarga de casos.
Em relação ao funcionamento das agências bancárias, o governador afirmou que ainda não pode interferir, pois, ele foi informado pelo Banco Central de que a competência, nesse caso, é do governo federal. Mas, ele afirmou que se os órgãos federais não tomarem providências, o Estado vai intervir tantos nos bancos quanto na questão da paralisação dos aeroportos, com base no Artigo 23 da Constituição.
“Se ao longo da semana houver omissão e houver agravamento do quadro sanitário eu irei reexaminar, inclusive porque consideramos que se houver omissão do governo federal, o Artigo 23 da Constituição autoriza o governo do Estado e, também, as prefeituras a agirem subsidiariamente, ou seja, para suprir as lacunas derivadas de eventual inércia federal. Então, nesse momento não há determinação para que os bancos paralisem na segunda-feira”, informou Flávio Dino.
O governador voltou a falar sobre a preparação da rede estadual de saúde do Maranhão para atuar diante dos casos de coronavírus. Ele afirmou que, apenas na rede estadual, tem mais de 100 leitos de UTI disponíveis para tratar os casos graves, em todas as regiões do Maranhão, além dos leitos disponíveis na rede privada e municipal.
“Não há motivo para pânico nesse momento, pois nós não temos caso de internação que superlote a rede que está disponível. E nós já determinamos a paralisação das cirurgias eletivas, para termos mais leitos. A princípio, as consultas vão continuar, pois as pessoas têm outras doenças. Por isso, vamos manter a rede funcionando, claro que se houver expansão do coronavírus, outras medidas deverão ser tomadas”, declarou Flávio Dino.
Vacina para prevenção do H1N1
O governador ressaltou que o Maranhão já tem uma boa quantidade de dose de vacinas para combater o H1N1 e que está buscando, junto ao Ministério da Saúde, conseguir mais doses. Ele ressaltou que essa vacina não se aplica ao coronavírus e pediu cautela da população em relação ao calendário da vacina. “Faço um apelo, sem pânico! Nós temos, nesse momento, para os grupos de risco, idosos e crianças, uma oferta de centenas de milhares de doses de vacinação. E o Ministério da Saúde se comprometeu a mandar mais doses da vacina, para que a gente possa prevenir a população na próxima segunda-feira (23)”.
Flávio Dino também alertou sobre a necessidade de não divulgar informações falsas pelas redes sociais, pois atrapalha o trabalho de prevenção da sociedade e dos profissionais de saúde. E destacou que o governo é transparente em relação aos casos suspeitos e confirmados, não havendo omissão de nenhum caso. “Não há omissão de casos ou algo parecido, todos os casos confirmados e suspeitos estão sendo comunicados”, afirmou o governador.
Também participaram da coletiva de imprensa o secretário de Saúde do Estado, Carlos Lula, e do município de São Luís, Lula Fylho.
Carlos Lula reforçou que o paciente internado no Carlos Macieira não é confirmado, ele está sob suspeita, aguardando resultado de exame. E que toda a família desse paciente já está isolada e também passa por exames. Quanto ao caso confirmado, é um homem de 69 anos, que veio de São Paulo e ficou de quarentena. Após ser submetido a exames no Centro de Testagem, em São Luís, foi confirmado que ele estava infectado. O secretário afirmou que todos que tiveram contado com esse paciente estão em isolamento e fazendo testes.
Já Lula Fylho reforçou que a população não deve entrar em pânico, pois a Secretaria está trabalhando no monitoramento de todos os casos e frisou a importância do isolamento domiciliar.
“Nenhum esforço que estamos fazendo será suficiente se a população não fizer a sua parte. Tem um aniversário hoje marcado no condomínio, pra quê aniversário em um momento desses? Tem pessoas jogando bola uma hora dessa na praia, pra quê jogar bola essa hora? É preciso levar a sério, é preciso isolamento domiciliar, sem esse isolamento todo nosso esforço pode ser em vão”, alertou o secretário municipal de Saúde de São Luís.
Assista a entrevista coletiva na íntegra
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