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A Palmeira do Babaçu - VI

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

A usina Providência iniciou suas atividades em 21 de fevereiro de 1929, tendo previsão de gerar cerca de 300 postos de trabalho, aproveitando mão de obra local para as atividades de coleta, transporte, movimentação de matéria prima e operação das máquinas de quebramento dos cocos. Poucos técnicos franceses se encarregavam das etapas mais sofisticadas do processo.

O relatório do dr. João Protasio Bogéa fazia alusão aos equipamentos instalados na usina.

Por essa época ja se encontravam em operação 17 máquinas de quebramento de cocos, todas desenvolvidas pelo Sr. Luiz Morel, construidas pela “Grimar” na França e importadas especialmente para a usina. Mais outras três aguardavam, ainda no local, sua instalação.

A máquina não necessitava de pré-seleção do fruto, quebrando-os independente do tamanho. Cada operário se ocupava de uma máquina onde conseguia processar cerca de 30 cocos por minuto, produzindo algo em torno de 1 tonelada por dia de trabalho. O quebramento se fazia por esmagamento e o acionamento era feito por meio de dois pistões, mostrando-se um invento bem engenhoso.

A usina, àquela época, já operava com 4 fornos de tijolos refratários que beneficiavam cerca de 20 toneladas por dia e havia previsão de chegar ao total de 10 fornos para atingir o ápice de sua capacidade. Em plena operação, a produção diária da usina seria de 20 toneladas de coque, 5 toneladas de amêndoas, 5 toneladas de ácido acético, 5 toneladas de alcatrão e 1 tonelada de álcool metílico.

Consta no relatório que a etapa de Carbonização “possui um forno com quatro divisões intercomunicáveis uma com outra, que recebe uma cuba de ferro com 625 kg de casca. A duração da carbonização é de 6 horas. Uma cuba fornece em média, 145 kg de carvão em pedaços, 20 kg de carvão em pó, 300 litros de pirolenhoso e 40 kg de alcatrão”. As demais etapas são minuciosamente detalhadas, bem com a etapa seguinte, a Destilação, onde residia o segredo do processo.

“O pirolenhoso se desobra em ácido acético, alcool metylico, phenol, creosoto, e acetona. Finalmente, os gases incondensáveis, altamente comburentes, são levados por encanamentos e utilizados no aquecimento das cubas. Nada se perdia naquele processo; até o ar quente do forno de carbonização era aspirado e utilizado na estufa de secagem dos cocos.”

A implantação do empreendimento deu-se desde a safra de 1928/1929 quando foram recolhidos 550 toneladas do fruto, passando para 2.800 toneladas na safra seguinte e já em meados de 1931 se encontravam no pátio da usina cerca de 1.665 toneladas aguardando a oportunidade de serem quebrados.

A quebra do coco, pelo processo mecanizado, se mostrava com baixo rendimento (5% a 7%) inferior ao quebrado manualmente (10% a 12%), fato esse explicado pela seleção prévia das amêndoas, ao contrário das máquinas que quebravam todos os que fossem coletados.

No entanto, em que pese o rendimento no aproveitamento da amêndoa fosse menor, a possibilidade de utilização das demais partes do coco trazia, em compensação, uma enorme vantagem.

Experiências foram realizadas no Rio de Janeiro, em presença de técnicos de reconhecida competência, para comprovação das características do carvão produzido pela queima do coco. Com seu alto poder calorífico, sem enxofre e com reduzida quantidade de cinzas, o carvão de babaçu viria resolver o magno problema nacional, o da siderurgia. Minas Gerais tem o fero, faltava-lhe carvão. Pois o Maranhão estava em condições de fornecê-lo!

José Jorge Leite Soares

Ex-deputado estadual, membro da Academia Pinheirense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

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