Artigo

Sob nova direção

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

Depois de espernear muito, fazer muxoxo de menino birrento, escarcéu para permanecer sentado na cadeira de homem mais poderoso do mundo, finalmente Donald Trump, colocou o rabo entre as pernas, e juntamente com a belíssima Melania, deixaram o poder, partiram para a Flórida. Ele nunca pensou que não se reelegeria. Seus devotos demagogos não tem eleitores, e suas potentes redes sociais não foram suficientes para mantê-lo na Casa Branca. Nunca um inquilino da 1.600 Pennsylvania Ave. NW, em Washington, D.C, fora tão afrontoso à democracia. Até o Partido Republicano, por onde se elegeu, quis se livrar de suas sandices, por desmoralizar a direita. Pela primeira vez na história política norte-americana existe um movimento personalista chamado “trampismo”. O ritual político ensina que ex-presidentes ao deixarem o poder, se recolham ao silêncio. Trump ao se despedir prometeu voltar, criando um novo partido, o Patriota.

Melania Trump, eslovena de nascimento, a mais bela primeira-dama, depois de Jacqueline Kennedy, deixou bem claro o alívio de ter se livrado do cargo e das agruras do governo conturbado de Trump ao sair da Casa Branca. Toda de preto, como uma viúva, em um conjunto Chanel e scarpins de saltos altíssimos Louboutin, tudo devidamente arrematado com uma poderosíssima bolsa Birkin, da Hermès, de US$ 70.000 (algo em torno de 400 mil reais!), ela deu seu recado: usando símbolos de poder e um sorriso que poucas vezes mostrou nos últimos quatro anos.

O Air Force One decolou da base aérea Andrews, ao som de My Way, imortalizada na voz de Frank Sinatra, cuja letra diz: “Eu vivi uma vida cheia, eu fiz a minha maneira, eu fiz o que eu tinha que fazer.”

Mas nem tudo são flores na vida do magnata Trump: suas dívidas e de suas empresas superam estratosféricos 1,1 bilhão de dólares, além de ter que enfrentar um processo de impeachment, que pode torná-lo inelegível para sempre. Mas, Trump continuará bilionário; segundo a Forbes, sua fortuna é de US$ 3,3 bilhões.

Com uma cerimônia diante do Congresso sitiado, sob olhos atentos do país e do mundo, o democrata Joseph Robinette Biden Jr., 78 anos, tomou posse, tornando-se o 46° presidente dos Estados Unidos. A cerimônia histórica marcou a restauração da normalidade democrática, apenas duas semanas após a invasão do Capitólio por fanáticos apoiadores extremistas do agora ex-presidente Trump, que se recusava a aceitar a derrota nas urnas e no colégio eleitoral, tentou impedir a homologação da vitória de Biden pelo Legislativo após meses fazendo acusações infundadas de fraude eleitoral.

Na presença de vários ex-presidentes de ambos os partidos - como os democratas Barack Obama e Bill Clinton, e o republicano George W.Bush, além do vice de Trump, Mike Pense, Biden discursou reafirmando a vitória da democracia, na transição pacífica de poder, e pediu o fim “desta guerra incivil”. O novo presidente foi enfático e ressaltou que “a democracia é preciosa e frágil, mas prevaleceu”. O ritual republicano da passagem do poder, tradicional nos Estados Unidos desde sua independência, há 245 anos, não contou com a presença de Trump, que se tornou o primeiro presidente desde 1869 a não comparecer à posse do sucessor. O discurso de Biden, centrado na necessidade da união dos americanos diante dos desafios, como o novo coronavírus, contrastou de forma extrema com a fala de Trump em 2017. Na época, o republicano usou um tom populista, nacionalista e que soou quase absolutista, e dividiu ainda mais o país. O tresloucado Trump foi um ponto fora da curva na democracia americana. O momento histórico de passagem de poder foi a posse da vice-presidente, Kamala Harris, primeira mulher negra, filha de pai jamaicano e mãe indiana. No dia da despedida de Trump, os EUA contavam 400 mil mortos pela Covid-19, grande parte por irresponsabilidade, omissão e maus exemplos dados por ele. Trump duelou o tempo todo com a ciência.

O mundo observa atento o que se passa nos EUA, aguardando dias menos conturbados, e, que a normalidade seja restaurada.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes

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