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Educação no campo: conquistas e desafios do Pronera

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

No limite desse breve comentário, pretendo pautar a educação no campo e a democratização do processo educacional para as populações que vivem no meio rural. Sobre essa modalidade da educação abordo pontos positivos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - Pronera, um programa de governo patrocinado pelo Incra, visando levar escolarização às populações de assentamentos da reforma agrária.

Em campanhas Eleitorais no Brasil é muito comum ouvirmos discursos da classe política em favor da Educação, difundindo uma visão salvadora, capaz de resgatar os jovens e adultos excluídos das políticas públicas e encaminhá-los numa trajetória segura de sucesso.

O Pronera veio preencher a lacuna, na ausência das políticas. O programa foi concebido pelo Governo Federal para resgatar parte dessa dívida com a população do campo, alfabetizar e elevar o grau de escolaridade de jovens e adultos inseridos em projetos de Assentamentos da Reforma Agrária, contribuindo com o processo de fixação dos jovens no campo.

Desde o seu lançamento em 1998, o programa tem apresentado resultados considerados satisfatórios no que se refere aos propósitos da educação. Apesar do sucesso alcançado, enfrenta ainda muitos desafios sendo o maior deles o acesso aos locais onde reside o público que é atendido pelo programa, soma-se a este, a falta de transporte para levar e trazer os professores e os especialistas, a falta dos recursos didáticos, como também os problemas com os locais para realização dos cursos dentro das comunidades rurais.

Várias frentes de trabalho implicam ações que contemplam a Educação Básica, o ensino Profissionalizante e o Ensino Superior, incluindo a pós-graduação, sem deixar de investir na temática da sustentabilidade por meio de cursos de formação de professores e especialistas, oferecidos exclusivamente para habitantes das comunidades.

Aqui no Maranhão, o programa funciona através de parcerias entre o Incra, entidade mantenedora e instituições formadoras como o IFMA, UFMA e Uema. Cada curso do programa é realizado por meio das demandas específicas procedentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Maranhão - Fetaema, do MST e dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais.

As primeiras iniciativas na década de 90 envolveram o atual IFMA e a UFMA, com objetivos de alfabetizar jovens e adultos na zona rural; fazer a capacitação pedagógica de educadores do campo e treinar coordenadores locais para as atividades de gestão do projeto. Mas foi no período entre 2004 e 2014, que o Programa se firmou com novos projetos, Cursos de formação profissional técnica e superior, EJA específico do meio rural, Técnico Agrícola IFMA 2005, Saúde Comunitária UFMA 2005, Técnico em Agropecuária IFMA 2007, Agroecologia IFMA e os cursos de formação de professores UFMA e UEMA com ênfase na atividade camponesa e Pós-graduação em Residência Agrária pela UFMA.

Vale ressaltar, a abrangência geopolítica desse Programa no estado. São mais de 160 municípios que já receberam cursos do Pronera e mais de 25.000 alunos formados. Enquanto uma política de educação não alcançar a totalidade das comunidades rurais, jamais poderemos deixar de reconhecer o valioso trabalho realizado pelo conjunto de professores e especialistas reunidos no Pronera, sobretudo pela esperança de cidadania a que conduz suas ações educativas no campo.

Marise Piedade Carvalho

Doutoranda do Programa de pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática. professora de Educação do Instituto Federal do Maranhão IFMA, Campus Monte Castelo

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