Editorial

Praias: risco à saúde ou despoluídas?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

Afinal de contas, as praias da Ilha de São Luís estão próprias ou não para banho? Qual a garantia que a população tem para tomar um banho de mar tranquilamente, sem se preocupar com coliformes fecais, principal item poluidor das praias e que podem provocar sérios problemas de saúde?

Os próprios laudos sobre a balneabilidade da orla da Região Metropolitana de São Luís divulgados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) provocam dúvida na população. Ora indicam como próprias, ora como impróprias. Em qual acreditar? Muitos, nem atentam para isso e tomam banho normalmente nas praias. Outros, por via da dúvida, preferem ficar bem longe do mar.

O certo é que a população precisa de informações seguras, afinal, trata-se de um problema de saúde pública, até de vida. Os dados são tão destoantes que chegam a nos chocar. Senão, vejamos: um laudo divulgado pela Sema no dia 13 de julho deste ano atestava que seis das principais praias da Grande Ilha estavam impróprias para banho (Calhau, São Marcos, Ponta d’Areia, Araçagi, Praia do Meio e Olho d’Água). Nestas, haviam sido coletadas 21 amostras de pontos específicos e em todas o nível de poluição estava acima do tolerável.

Dez dias depois, - em 23 de julho -, a Sema divulgou novo laudo. Desta vez, atestando que dos 21 pontos de amostra coletadas na orla, dois estavam em boas condições de balneabilidade. Ou seja, estavam próprias para banho as praias de São Marcos (em frente aos bares do Chef e Marlene) e do Meio (em frente ao bar do Capiau). Isso significa que, do extenso litoral da Ilha, as pessoas só podiam tomar banho nestes dois trechos. Não era nem na extensão completa destas praias....

E o mais incrível, o que pode se chamar até de milagre: no dia 8 de outubro deste ano - quase três meses depois -, sem que tenha havido nenhuma grande ação de despoluição da orla - pelo menos divulgada ou percebida pela população -, a Secretaria atestou que 100% das praias da Ilha estavam em condições adequadas para banho. Como se conseguiu tal feito em tão pouco tempo? E mais: como atestar isso se as manchas de poluição continuam nas praias, demonstrando a olho nu, a falta de saneamento, com dejetos saindo das casas e prédios e escorrendo para o mar?

Uma das explicações da Sema para essa limpeza geral das praias é o funcionamento da Estação de Tratamento de Esgoto do Vinhais, responsável por tratar 40% do esgoto da Ilha. A estrutura teria colaborado para a melhoria da qualidade da água. Pode até ter colaborado, mas despoluir 100% em tão curto espaço de tempo é, no mínimo, duvidoso.

Em todos os laudos, a Sema informa que os estudos seguem padrões fixados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama - 274/00). Segundo a Secretaria, as águas das praias são consideradas próprias, quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras, obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, e colhidas no mesmo local, houver no máximo 100 Enterococos/100 mL - micro-organismos de origem fecal humana. As águas das praias serão consideradas impróprias quando não atenderem aos critérios anteriores ou quando o valor obtido na última amostragem for superior a 400 Enterococos/100 ml.

E não precisa de atestado laboratorial para se verificar que é um risco à saúde tomar banho de mar na Ilha. A olho nu, se vê as manchas escuras de esgoto escorrendo para o mar. E salve-se quem puder.

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