Artigo

A ética como prática humana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

Mesmo que busquemos as origens da ética nos gregos, ela continua a ser um tema de permanente atualidade. Thomas More, em 1535, já pensava numa nova ordem social, onde se pudesse evitar as injustiças sociais. A essa nova ordem ele chamou de utopia, um estado que evitasse a injustiça. Por essa razão é que cultivamos as nossas utopias: um lugar de justiça, um lugar de igualdade, um lugar onde se possa alcançar o ideal. Como queria Aristóteles, um lugar onde o homem encontrasse o bem humano maior, a justiça.

Vivemos, hoje, uma realidade onde os homens são cada vez mais fascinados pelas mudanças. Fala-se numa patropia, no lugar da utopia de Thomas More, ou melhor, dizendo, anti-utopia, onde todos procuram uma vida totalmente nova. Buscamos o admirável, o fascinante mundo onde tudo possa ser mais prático e prazeroso. Por isso adoramos os avanços tecnológicos e científicos que estamos vivendo. É o colapso do bom senso?

Ética é a parte da Filosofia que estuda a moral. A ética diz respeito a um conjunto de conhecimentos sobre o comportamento humano e obedece a princípios e regras morais. Ambas, ética e moral, tratam da moralidade dos costumes e regras existentes, do agir e do modo de ver dos homens consigo mesmo e com os outros homens. Falar em ética é falar de valores que orientam as ações humanas. Para os gregos, a ética era um modo de ser, enquanto a moral se relacionava com os costumes e as normas.

A história do pensamento ético evoluiu até os dias atuais. Ética para Sócrates baseava-se no princípio de que as pessoas deveriam agir conforme o entendimento do que era certo e do que era errado. Para Platão, o raciocínio ético estava amparado na teoria do conhecimento (epistemologia). Para decidir sobre o que era certo e o que era errado, era preciso ter conhecimento do que é bom e do que é mau. A ética para Aristóteles fundamentava-se na busca da felicidade. A Igreja Católica teve, também, seu pensamento ético principalmente com Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino.

O pensamento ético teve sua evolução ocidental com vários filósofos. Descartes implantou seu método cartesiano. Os empiristas britânicos acresceram a experiência ao conhecimento. Para Blaise Pascal, filósofo francês, ética resulta do que pensa a cabeça e sente o coração. No século XIX, Kant abordou a ética como idealismo transcendental, onde a moralidade resume-se em princípio fundamental que ele mesmo chamou de império categórico. Para Immanuel Kant, que viveu no período de 1724 a 1808, a liberdade é o ponto central da ética. Kant leva em conta o desenvolvimento e a formação pessoal, bem assim a opção de escolha, tudo isso permitindo ao indivíduo exercitar sua liberdade. É a importância da razão.

Jamais devemos permitir que a ética seja um mero devaneio filosófico. Devemos, sim, investir esforços para aplicar a ética na prática da vida. Os homens precisam dos fatos morais para sobreviver, sem o que deixa de existir a moralidade.

Só existe ética humana quando a minha atitude ou meu comportamento mão prejudique ninguém, mesmo que essa atitude ou esse comportamento seja legal ou esteja de acordo com as normas. É preciso que a atitude e o comportamento sejam humanos e justos. Essa é a ética kantiana, a do homem livre.

Aldy Mello

Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, membro efetivo do IHGM e da ALL

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.