Violência

Após sobreviver a linchamento, adolescente diz que voltará a estudar

Uma semana após sessão de espancamento no São Cristóvão, em São Luís, jovem de 17 anos diz que parou de estudar quando cursava a 5ª série

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56

Exatamente uma semana atrás, um jovem de 17 anos passou por momentos de terror na Rua Jaime Costa, no bairro Jardim São Cristovão, em São Luís. Ele, após tentar assaltar um bar no local, foi apreendido e espancado por moradores. Ele conseguiu sobreviver e, hoje, se arrepende e diz que voltará a estudar. Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, que o acompanhava durante a tentativa de assalto, não resistiu aos ferimentos e morreu no local, após ser amarrado nu em um poste.

O menor diz que parou de estudar na 5ª série do Ensino Fundamental, após ser expulso da escola em que estudava no ano passado. A repreensão aconteceu após a sua participação em uma "guerra" no pátio, em que alunos atiravam frutas uns nos outros. Ele, que agora pensa em retomar os estudos, só tem saído de casa para ir até a delegacia prestar depoimento. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios (DH) e os responsáveis poderão responder pelo crime de homicídio qualificado, com pena de até 30 anos de reclusão.

Investigação - O adolescente, que diz que só sobreviveu por ter se fingido de morto, ajudará a polícia a identificar os responsáveis pelas agressões. No dia do linchamento, ele foi levado pela polícia para a Delegacia do Adolescente do Infrator (DAI), no centro da cidade, prestou depoimento e foi liberado para a família logo em seguida.

Quatro pessoas já foram identificadas pela polícia e são tratadas até o momento como suspeitas de participação do crime. Com o decorrer as investigações policiais, eles poderão a vir se transformar em investigadas, indiciadas e, no final, réus.

Números - De acordo com a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) de janeiro de 2013 até hoje, 30 casos de linchamentos foram registrados na Região Metropolitana de São Luís (São Luís, Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar). Os números foram obtidos com base no relatório mensal divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) por meio do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops). No documento, está descrito que as pessoas foram vítimas não de linchamentos, mas sim de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar).

De acordo com Wagner Cabral, conselheiro da SMDH e professor do curso de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) os dados são alarmantes. Segundo ele, das 30 pessoas que foram vítimas de linchamentos, aproximadamente 60% foram agredidas e mortas durante tentativas frustradas de assaltos. O restante foi classificado como estupradores, assassinos ou pessoas que cometeram algum outro tipo de delito.

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