SÃO LUÍS - Imagens de monitoramento mostram o momento em que homens colocavam manta asfáltica no telhado do shopping Rio Anil, em São Luís, onde um incêndio provocou duas mortes, na última terça-feira (7). O vídeo foi obtido com exclusividade pelo JM2 da TV Mirante.
As imagens da câmera do próprio shopping mostram que, às 15h30, quatro operários faziam o trabalho na área em direção ao parquinho, perto da Praça de Alimentação. O incêndio não se alastrou para estes espaços. As salas de cinema ficam do lado oposta ao que os homens trabalhavam.
Eles usavam um botijão de gás com equipamento para aquecer a manta asfáltica, que geralmente é um maçarico. No entanto, não é possível ver o maçarico pelo vídeo.
Por volta das 16h, é possível ver a fumaça se espalhando pelo ar. A câmera faz um giro e, quando volta, os trabalhadores já estão na área acima das salas de cinema e perto da escada. A fumaça só fica mais densa e a gravação para.
Agora, a Polícia Criminal quer saber se o fogo começou na manta asfáltica e se espalhou para as salas de cinema. As imagens estão sendo analisadas pelos peritos.
Ambiente alterado
Os peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) continuam com o processo de coleta de dados para esclarecimento das causas do incêndio. Eles recolheram, nessa segunda-feira (13), os primeiros materiais de dentro do cinema, como a espuma acústica, o forro e os restos do estofado das cadeiras, que serão submetidos a análise. Durante o processo, entretanto, a perícia do Icrim identificou um grave problema: de acordo com informações da perita Érica Brito, o ambiente das salas de cinema foi alterado.
"A gente não encontrou o local como a gente deixou, dia 8, porque a gente começou pela parte externa, tendo o garantismo que a parte interna estaria preservada, mas não foi como a gente encontrou hoje. Isso é fraude processual, isso vai estar bem especificado no nosso laudo pericial", afirmou Érica, em entrevista à TV Mirante.
Por causa dos trabalhos da perícia do ICRIM, ainda não há previsão para a reabertura do shopping, o que só deve ocorrer após uma avaliação técnica. A intenção é de isolar somente a área atingida pelo fogo e liberar os demais espaços do centro comercial, mas, enquanto isso, apenas alguns funcionários têm acesso ao shopping.
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Em nota, o Rio Anil Shopping disse que aguarda que as autoridades possam esclarecer eventuais alterações na cena pós-incêndio, caso tenham ocorrido, e informou que está procurando seguir, estritamente, as orientações das autoridades policiais desde que a tragédia ocorreu.
Bombeiros concluíram perícia
O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) disse que finalizou, no último sábado (11), o trabalho de colhimento de provas no Rio Anil Shopping após cinco dias de perícia, porém, não deu um prazo para o estabelecimento voltar a funcionar. Os Bombeiros informam que é necessário um laudo da perícia, que vai avaliar as condições de comprometimento da estrutura do shopping, principalmente do forro, que ficou encharcado pela água usada para apagar as chamas do incêndio.
A orientação dos Bombeiros é de que o forro do teto do Rio Anil Shopping seja trocado, a fim de não oferecer perigo aos frequentadores do local no futuro.
Tragédia
O incêndio no Rio Anil Shopping teve início por volta das 16h da última terça-feira (7), nas salas do cinema Cinesystem, que ficam no terceiro pavimento do centro comercial. Duas jovens morreram, e 21 pessoas ficaram feridas, sendo que duas delas ainda estão internadas em hospitais particulares de São Luís.
A primeira morte confirmada na tragédia foi a de Evellyn Gusmão Gomes Silva, de 16 anos, cujo corpo foi encontrado nos escombros das salas de cinema por volta das 22h30 de terça-feira. Apesar do corpo da jovem ter sofrido queimaduras de 2º grau, os legistas do Instituto Médico Legal (IML) afirmam que a causa da morte foi asfixia por gás carbônico, substância presente na fumaça causada pelo incêndio. Evelyn foi velada e enterrada na quarta-feira (8), em São Luís.
A outra vítima do incêndio no Rio Anil Shopping foi Yasmin Gomes Campos, de 21 anos. O corpo de Yasmin, localizado por volta de 1h30 de quarta-feira (8), só foi identificado após um exame de DNA feito a partir de uma amostra do fêmur, devido ao estágio avançado de carbonização.
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