SÃO LUÍS - A aproximação da eleição de outubro para o governo tem acirrado no Maranhão uma polarização que é nacional.
Na disputa entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT) pelo Governo do Estado - e, agora, entre o ex-governador Flávio Dino (PSB) e o senador Roberto Rocha (PTB) pelo Senado - as menções ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são cada vez mais recorrentes.
A oposição acusa os governistas de usar isso como estratégia - como uma forma de não discutir o Maranhão e evitar que a gestão Dino seja avaliada durante a campanha.
Os governistas, por outro lado, afirma que é concreto o fato de que foi a oposição quem trouxe Bolsonaro para o debate ao se unir numa articulação gestada em Brasília, com o apoio da família do presidente.
O debate sobre essa polarização ganhou mais força ao longo da última semana, notadamente após lançamento da pré-candidatura de Roberto Rocha ao Senado com o apoio de nove partidos de oposição ao ex-governador maranhense.
Ao conceder entrevista coletiva confirmando o projeto, o senador petebista rechaçou a tese de que se trata de um ajuntamento bolsonarista. E acusou os adversários de tentar forçar esse debate para evitar um julgamento dos insucessos da gestão dinista.
"O Maranhão, ao longo de anos tem se voltado apenas para discutir pessoas, e essas pessoas não têm discutido o Maranhão. É a política para os políticos. Neste momento, há um congraçamento em que políticos se reúnem em torno do Maranhão, em torno de uma ideia. E o que move o mundo são as boas ideias. E a nossa melhor idéia é melhorar o Maranhão”, declarou.
Na sexta-feira (6), em entrevista ao programa Panorama, da Rádio Mirante AM, o ex-secretário de Educação e pré-candidato a vice-governador do Maranhão na chapa do governador Carlos Brandão (PSB), Felipe Camarão (PT), confirmou que essa é uma estratégia da base governista.
“Evidente [que essa é a estratégia]. Aqui no Maranhão a gente vai fazer isso de forma muito clara: os partidos que apoiam a eleição do presidente Lula e aqueles que não apoiam”, disse.
Também à Mirante AM, o ex-secretário de Esportes e pré-candidato a deputado estadual Rogério Cafeteira (PP) não chegou a admitir que trata-se de uma estratégia, mas pontuou que é algo “válido, porque é fato”.
"Trazer a discussão da questão de Brasilia é válido, porque é fato. Que existe uma orquestração de Brasília, uma participação da família Bolsonaro, não há duvida. Eles estiveram aqui, em Barreirinhas, com o grupo. E aqui nã é uma crítica, é só uma constatação. A gente vê parte da imprensa ligada ao senador Weverton, hoje, claramente defendendo Bolsonaro. É transparente”, afirmou.
Segundo ele, no entanto, mesmo que a campanha seja centrada no debate sobre a gestão Flávio Dino, pelo menos o grupo do senador Weverton Rocha - atualmente principal adversário de Brandão - terá dificuldades, porque participou de todo o governo do socialista.
“Sobre essa questão de trazer à baila os pontos negativos da gestão do ex-governador Flávio Dino, eu acho que não é interessante, também, para o PDT, para Weverton, porque até três meses atrás o Flávio prestava e agora ele não presta mais? Porque que até três meses atrás, ou dois meses, que foi quando o governador Flávio Dino decidiu pelo vci-governador Carlos Brandão, o apoio de Flávio era tão importante, todo mundo queria o apoio dele, agora ele não presta mais? Antigamente ele era o bom, agora esse mesmo grupo, que estava com ele, que queria o apoio, é só crítica? Agora o governo dele foi cheio de falhas?”, questionou.
Repetição - A tese de que o grupo do governador Flávio Dino “não quer discutir o Maranhão” já foi usada pelo senador Roberto Rocha antes.
Em 2018, quando foi candidato a governador, ele também sustentou a mesma tese. Ao participar de uma sabatina no grupo mirante, em agosto daquele ano, o senador já fazia a mesma crítica ao então governador.
A polarização, no entanto, não era nacional, mas estadual: entre Sarney e anti-Sarney. Para ele essa dicotomia política deveria ser superada em nome de um projeto desenvolvimentista.
“A única indústria que cresceu no Maranhão nos últimos anos foi a do medo”, destacou, então.
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