Documentário sobre povoado no MA recorre ao financiamento coletivo

SÃO LUÍS - Superação. Amor. Lutas. Dores. Estes são alguns pontos presentes no cotidiano de Dona Maria do Celso, de 64 anos, representante da comunidade Ponta do Mangue, localizado no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas, no Maranhão. Cenas da vida real que serão retratadas no documentário de longa-metragem Sal, Duna, Lamparina, nova produção do cineasta maranhense Germano de Sousa.

A primeira parte de produção do documentário, referente à captura das imagens, foi iniciada em janeiro de 2004 e, de lá pra cá, 99% do material já foi capturado. Um trabalho que, segundo conta o cineasta ao Imirante.com, foi exaustivo. "Trabalhei sozinho, fiz toda a parte de captação, roteiro, tudo sozinho", comenta.

A segunda parte, diferente da primeira, permite a participação de mais envolvidos no projeto, por meio do financiamento coletivo, no Catarse. "A campanha é para finalizar este projeto, com os custos de edição, montagem, finalização de cor e áudio, design e o custo de produção da projeção do documentário", acrescenta Germano, ao informar que a avant-premiére do filme será realizada na própria comunidade. "Acreditamos que esta atitude é uma forma de fortalecer a autoestima da comunidade, principalmente aos mais jovens, que pela primeira vez irão ver sua história sair da invisibilidade. O custo de exibição abrange transporte e aluguel de equipamento adequado a realidade local, que lembrando, não tem energia", afirma a descrição do projeto no site Catarse.

Germano de Sousa é natural de Urbano Santos, cidade próxima ao povoado. E, mesmo morando há um tempo no Ceará, sentiu a vontade de realizar as filmagens por lá devido a ligação que tem com os familiares, que são de Barreirinhas. O título do documentário, inclusive, representa alguns pontos que são existentes no município. "O sal é o que eles usam pra preservar os alimentos como o peixe, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, tira a saúde deles, por que tem alto nível de hipertensão [o consumo excessivo de sal]. A duna que é uma condicionante física espacial, que com o movimento das dunas, a vila vai mudando de lugar. E a lamparina, que dá a luz a eles. E que acaba prejudicando a saúde deles também, porque eles usam óleo diesel", comentou.

Dona Maria do Celso, a protagonista do longa, é uma das "mães" do projeto. Ela hospedou Germano em sua própria casa antes mesmo das filmagens. E, no povoado, ela é a líder. "Ela é a alma da comunidade", revela o cineasta. Segundo ele, a moradora resolve todos os problemas do local, de confusão entre vizinhos até reuniões com a Ministra do Meio Ambiente. E foi observando esta atitude da moradora que o maranhense encontrou um rascunho para a sua produção.

Recompensas

Ao todo, serão necessários R$ 35 mil para a realização do projeto. E, para cada financiamento, há uma recompensa, variando entre R$ 20 à R$ 4.000 nas doações, com recompensas que vão desde aos créditos no filme como camisetas, bolsas e adesivos. O prazo da entrega dos brindes é para dezembro de 2015. O financiamento coletivo poderá ser feito até o dia 12 de abril. O lançamento do documentário está previsto para ocorre em outubro deste ano

Cineasta

O maranhense Germano de Sousa é artista visual, com mais de 15 anos de experiência. Com experiências na área cinematográfica e em documentários, ele tem formação em direção de fotografia nas escolas Filmosofia e Nexofilm em Granada, na Espanha. Germano trabalhou como realizador audiovisual no Coletivo 1Bando Comunicação e como cinegrafista na Produtora Baião de Dois Filmes. Em 2014, dirigiu e produziu o curta experimental Amaral premiado no 24º Festival Cine Ceará.

Atualmente, é videomaker e fotógrafo freelancer para diversos projetos independentes. Além da direção, Germano de Sousa assina a direção de fotografia, a edição, a finalização e a captação de áudio. A produção do longa é assinada por Ainhoa Ezkurra, Juliana Sá 9 (e ainda conta com o próprio Germano de Sousa).

Clique aqui para assistir ao trailer do documentário e aqui para acessar à plataforma do Catarse.

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