18 meses de Pandemia

Maranhão tem menor taxa de mortalidade

Apesar de já ter ultrapassado 10 mil mortes por covid, a taxa de mortalidade é de 141 óbitos/100 mil habitantes, a menor no país

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Mortes por covid reduziram no Maranhão
Mortes por covid reduziram no Maranhão (ÓBITOS COVID)

São Luís – De acordo com os dados atualizados no dia 29 de agosto de 2021 pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Maranhão atingiu a triste marca de 10.002 mortos pela Covid-19 – doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, que assola o mundo desde dezembro de 2019; no estado, a pandemia já dura 18 meses. Mesmo com o número preocupante, o Maranhão tem a menor taxa de mortalidade do país, com 141 óbitos por 100 mil habitantes - enquanto, por exemplo, no Mato Grosso, que é o estado com a maior mortalidade, são 378 óbitos a cada 100 mil/hab.,A média do país é 275 óbitos por 100 mil/hab.

A Bahia, com população duas vezes maior que a do Maranhão, é o segundo estado no Brasil cuja mortalidade pela Covid-19 é mais baixa, em terceiro lugar está alagoas, os três estados na região Nordeste.

O enigma do Maranhão
Não é de hoje que a taxa de mortalidade do Maranhão é comentada na imprensa nacional e internacional, pois, existe um certo paradoxo: como o estado mais pobre do país pode ser o lugar onde menos pessoas morrem em decorrência do coronavírus? São muitas as reportagens jornalísticas sobre esse assunto e todas traçam uma série de fatores que explicam essa certa incongruência.

Segundo dados recentes do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado lidera o ranking de brasileiros vivendo em extrema pobreza: um em cada cinco maranhenses, 1,4 milhão de pessoas, além disso, é o espaço de terra do Brasil onde existem as cidades mais pobres do país.

Desde o início da crise mundial de saúde, foi recomendado o isolamento social e distanciamento – limitando-se ao convívio com pessoas da mesma família –, mas, sabe-se que em locais de extrema pobreza é quase impossível se manter a distância, já que ela, praticamente, não existe em algumas regiões do estado. A capital do Maranhão, por exemplo, é a quinta cidade brasileira com o maior percentual de domicílios em aglomerados subnormais, também conhecidos como favelas, invasões, baixadas, comunidades, palafitas, loteamentos, entre outros.

As populações que vivem nessa situação sofrem com problemas socioeconômicos, como falta de saneamento e moradias precárias. Sendo assim, além da dificuldade em manter o distanciamento, também existem empecilhos para se ter acesso à água e esgoto tratado, consequentemente, mais obstáculos para evitar a disseminação da Covid-19.

Possíveis explicações
Além das várias declarações do governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) e do Secretário de Estado da Saúde Carlos Lula, sobre a rápida ação do estado frente ao início da crise, como a implantação de leitos extras, criação de hospitais de campanha e auxílios emergenciais para setores da economia, dois outros pontos – também frisados por eles em entrevistas – chamam atenção e podem explicar o tal paradoxo.

Parece que já faz muito mais tempo, mas há pouco mais de um ano, o Maranhão foi o primeiro estado do Brasil a decretar o regime de lockdown. A medida foi tomada após um colapso no sistema de saúde de São Luís em abril de 2020, o período de bloqueio total na capital maranhense durou 13 dias e trouxe resultados visíveis para o controle da pandemia.

Outro fator crucial, talvez o mais importante não só para o Maranhão, mas para todo o mundo, é a vacinação contra a Covid-19 – que no Brasil acontece desde janeiro deste ano. Mas se esse processo iniciou ao mesmo tempo em todo território nacional, por que São Luís foi a primeira capital a vacinar jovens de 12 a 13 anos? Após a confirmação dos primeiros casos da variante indiana em solo maranhense, o estado recebeu um forte reforço de doses do Ministério da Saúde que aceleraram o processo de imunização na capital.

Óbitos por raça/cor
No Maranhão, 6.960 (69%) pretos e pardos morreram pelo vírus da Covid, enquanto 1.904 óbitos de pessoas brancas foram registrados. Levando em consideração que a população maranhense, de acordo com o IBGE, é 80% formada por pessoas autodeclaradas pretas e pardas, o número parece fazer sentido. Porém em 2018, o número de pessoas que entraram na extrema pobreza no Maranhão foi de 1.397 milhão e 85,8% dentro dessa população foram identificadas como pretas e pardas, ou seja, talvez esse item tenha relação com a questão socioeconômica citada anteriormente e seja um agravante para a população negra do estado.

SAIBA MAIS

Outros dados importantes

Profissionais da saúde: 88 óbitos
Faixa etária: 48,5% dos óbitos são de pessoas acima de 70 anos
Sexo: 60% dos óbitos são de pessoas do sexo masculino
Comorbidades: 80% dos óbitos são por pessoas com comorbidades
Tipo de comorbidades: 50% dos óbitos são de pessoas com problemas de pressão arterial e 34,3% são por pessoas diagnosticadas com Diabete Melitus

NÚMEROS

10.002 mortes por covid foram registradas no Maranhão até o dia 29

141 óbitos por 100 mil habitantes é a média do Maranhão, em mortalidade por covid

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