Artigo

Ainda há tempo para mudar

Jamil Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Há milhares de anos, o homem vêm se especializando na arte de matar seu semelhante. Não aprendeu nem investiu na defesa do irmão. Apesar dos esforços de filósofos, cientistas, educadores e líderes bem intencionados, pois a corrente contrária é muito mais poderosa, prevalecendo-a.

Antes de Cristo, Plautus advertiu: “O homem é o lobo do homem”. Não mudou nada de lá para cá.

O homem começou matando outro homem com um pedaço de pau, aprimorou para o machado, lançou flecha, ergueu espada, arremessou com catapulta, explodiu com pólvora, atirou com canhão, mirou com rifle... Hiroshima.

O refinamento da crueldade contra humanos está cada vez mais sutil e matemático. Nagasaki foi selecionada porque não tinha sido vítima de ataques anteriores, facilitando assim a contagem dos mortos, contabilizando-os a favor da eficácia da explosão da bomba atômica em 09 de agosto de 1945.

Investiu em conhecimento e tecnologia, os armamentos bélicos sempre foram seus mais estimados legados, capacitou-se tanto, que tem um arsenal pronto para dizimar a humanidade em um apertar de botão.

Não aprendemos a salvar vidas, apenas exterminá-las. Fica fácil entender que ao nos deparar com um adversário silencioso e invisível que ora nos aniquila e por não ter cara de homem, não se tem nenhuma arma para abatê-lo ou detê-lo, apesar de não ser genuinamente nosso inimigo, já subtraiu mais de 2,9 milhões de nós no mundo, em apenas um ano.

Na história humana, dois exemplos de pandemia: Na Idade Média, conhecida como a Peste Negra ou Bulbônica, era o tempo das trevas, sem noção de como acontecia a transmissão, as pessoas amontoavam-se em todos os espaços, inclusive nas Igrejas, assim, quanto mais rezavam, mais morriam. Temos como testemunha Giovanni Bocaccio que vivia em Florença no auge da pandemia, de sua cidade um quinto da população morreu e do continente europeu um terço, ele nos deixou Decameron, narrando essa catástrofe.

O outro, foi a Gripe Espanhola, que ceifou mais de cinquenta milhões de vidas, recebendo este nome porque a Espanha que não estava presente na 1ª Guerra Mundial, com a imprensa livre, publicava a verdade sobre a doença, o que não acontecia nos países beligerantes, que a omitiam. Os soldados no campo de batalha, não tinham o direito de saber que além do inimigo de fora da trincheira, havia um outro a lhe matar por dentro, desavisadamente. O vírus veio nas tropas americanas, espalhando-se pela Europa. Não perdoou outros continentes. No Brasil somou-se mais de trinta mil óbitos.

O coerente após esse episódio, era as nações se unirem para combaterem novos invasores, mas escolheram armarem-se para a 2ª Guerra Mundial, pura insanidade. Ficaram tão fortes e precisos no engenho de sacrificar homens, que correndo o risco de extinção, tiveram de criar um novo tipo de guerra para sustentar os seus desejos amaldiçoados, inventando a Guerra Fria.

Um século após a Gripe Espanhola, somos atacados por novos oponentes, fomos irresponsáveis e não nos prepararmos para enfrentá-los, o resultado está aí nas nossas portas, infectados e mortos, contrariando até ditados populares: “Só se morre na hora certa”, estamos morrendo an-te-ci-pa-da-men-te. Entre os que sobreviverem, haverá aquele com dedo no gatilho, apontando para os que o vírus não levou.

Não acatamos bons conselhos, senão seguiríamos os ensinamentos de Martin Luther King:
“Aprendemos a voar como os pássaros,
aprendemos a nadar como os peixes,
mas ainda não aprendemos a conviver como irmãos”
Ainda há tempo para mudar.

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