Amor paterno

Ser pai é... amar e ser amado, não importa o tempo e a distância

Ter o privilégio de ser assistido e, principalmente, amado por um pai é uma benção de Deus; um bom pai, ao longo dos anos de convivência dos seus filhos, compartilha experiências

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

[e-s001]São Luís - Toda criança passa meses na barriga da mãe e, normalmente, vive uma relação mais próxima da figura materna nos primeiros dias e meses de vida, e muitas delas têm de ser pai e mãe para seus filhos, a famosa “pãe”. Ter o privilégio de ser assistido e, principalmente, amado por um pai é uma benção. Um bom pai, ao longo dos anos iniciais de convivência dos seus filhos, compartilha experiências e, fundamentalmente, consolida valores morais de caráter e honestidade. E em alguns casos, talvez por questões genéticas (ainda não está comprovado cientificamente), os pais repassam aos filhos, dons recebidos durante a vida.

O objetivo desta reportagem é, prioritariamente, contar a história de filhos que seguiram ou seguem literalmente os passos dos pais. Em especial nas carreiras profissionais. Mas, este é apenas um pano de fundo. A intenção real é, a partir dos próximos parágrafos, mostrar a importância de se ter ao seu lado a figura do pai.

Ainda que nos primeiros anos de vida a presença paterna não tenha sido garantida, incrivelmente o amor fica e mantém-se intacto. E mesmo com um tempo grande de separação ou ausência de convivência por conflitos familiares, é possível, sim, ainda amar o pai de forma infinita. Histórias semelhantes não faltam.

“Somente fui conviver de verdade com meu pai aos 20 anos”
A história da jovem e futura graduanda em jornalismo, Monique Tavares Ribeiro, é um roteiro de novela. Ela – natural de Fortaleza (CE) – não teve a convivência do pai, “seu Ribeiro”, nos primeiros anos de vida. Na capital cearense, a então criança foi criada pela avó materna, Rita e pela mãe, Mônica, que teve um relacionamento passageiro com o pai da jovem.

Com 10 anos, Monique teve o primeiro contato com o pai. “Estava nervosa, me lembro muito bem deste dia. Ia para a escola e meu pai, como vivia aqui no Maranhão, passou a ir para lá [Ceará] por causa de um trabalho e minha mãe combinou para ele me conhecer”, disse.

Segundo ela, a separação entre pai e mãe ocorreu devido à interferência dos avós maternos. “Eles nunca entenderam que o meu pai não era uma pessoa ruim. Não deram a ele a chance de ser conhecido fielmente e o julgaram de forma precipitada. Cresci ouvindo que meu pai era ruim, no entanto, no fundo, queria conhecê-lo, nem que fosse uma vez só. Mas, tinha medo do que a minha avó poderia pensar ou dizer. Tinha medo de magoá-la”, lembrou.

Após o primeiro contato físico, “seu Ribeiro” passou a tentar estreitar relações e ligava de forma frequente para a filha, que permanecia na capital cearense. “Como ele [meu pai] passou a residir em Aquiraz, cidade daqui do Ceará, nossa relação se aproximou um pouco mais. Mas ainda não como queria”, disse.

Dez anos se passaram e Monique, já com 20 anos, decidiu usufruir de umas férias no Maranhão. “Era para ser somente alguns dias e estou com meu pai até hoje [risos]”, afirmou.

Ao estabelecer um contato tão forte com o pai, a partir de uma convivência diária, Monique modificou os planos e passou a querer morar em terra maranhense. “Decidi ficar com meu pai. Nós nos parecemos tanto um com o outro que a sensação é de que eu fui realmente criada por ele”, disse Monique.

Atualmente, a jovem reside com o pai no município de Paço do Lumiar, Região Metropolitana de São Luís. Seu “Ribeiro” (pintor e pescador), apesar da rejeição de sair em fotos nas redes sociais, diz que ama o lado da filha que quer mostrar para o mundo o amor paterno adquirido.

[e-s001]“Eu admiro demais a minha filha Monique. Peço a Deus que sempre ela tenha orientação, não importa com quem. Infelizmente, por uma contingência da vida, não tivemos a proximidade necessária nos primeiros dias. Mas que bom que estamos compensando agora”, disse.

Uma nova família!
Monique, que sonha em dar uma vida melhor para o pai e sua família, vive com o pai e os irmãos (por parte de pai) Cleiberth e Anush. Devota de Cristo, ela quer passar para os futuros filhos a importância da figura paterna. “Eu sofri na pele a ausência, e sei o quanto é importante a presença do pai do nosso lado, para aconselhar. Para dar aquelas broncas, quando necessárias. Agradeço demais de coração à minha avó e minha mãe por participarem de minha criação, mas estou muito feliz hoje ao lado do meu pai, que é um verdadeiro orgulho para mim”, disse.

“Nossa relação é sincera, apesar da mágoa no passado”
Ao descobrir sua atração por outras mulheres, a jovem L.A. - de apenas 23 anos – sofreu a rejeição do próprio pai. “Fui expulsa de casa, pois ele não aceitava a relação com a minha companheira. Foi um duro golpe, mas decidi recomeçar”, disse, sobre o episódio ocorrido em 2017.

Mais de um ano se passou e o silêncio entre pai e filha permaneceu. Até que – em uma noite do período de quarentena – o pai decidiu ligar para L.A. e pediu perdão. “Quando eu ouvi que, do outro lado da linha era ele, não consegui acreditar. Pensei que fosse algo mais sério com a minha mãe, mas ele queria conversar e desabafar”, disse.

Ouvir as palavras do pai deixou a jovem incrédula. “Só sabia chorar, não conseguia falar nada. Depois de mais de cinco minutos ouvindo, só disse que o amava e pronto”, afirmou.

Atualmente, a jovem ainda reside com a companheira, em um bairro da capital maranhense. “Meu pai ainda não aceita a minha relação com outra mulher. Mas aprendeu a me amar e me respeitar. A aceitar minhas opções de vida. Com isso, temos uma relação muito boa no momento. E esperamos que assim seja”, finalizou.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.