Identificação

Tecnologia de reconhecimento facial apresenta imprecisão, aponta estudo

Instituto de pesquisa testou mais de 200 algoritmos e constatou falsos positivos, principalmente em negros, asiáticos e nativos americanos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Instituto de pesquisa testou tecnologias de gigantes como Microsoft, Intel e Tencent
Instituto de pesquisa testou tecnologias de gigantes como Microsoft, Intel e Tencent (Reuters)

ESTADOS UNIDOS - Os sistemas de reconhecimento facial podem produzir resultados imprecisos, especialmente para pessoas que não são brancas, revelou um estudo de um centro de pesquisa do governo dos Estados Unidos e que analisou mais de 200 algoritmos voltados para essa tecnologia.

O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), suscita novas dúvidas sobre a implantação da tecnologia de reconhecimento em larga escala.

Os pesquisadores encontraram taxas de "falso positivo" para asiáticos e afro-americanos que eram até 100 vezes mais altas do que para brancos, e também descobriram que dois algoritmos atribuíam o sexo errado a mulheres negras quase 35% das vezes. As taxas de erro também foram altas para nativos americanos.

Entre as empresas que vendem algoritmos de reconhecimento facial estavam gigantes como Microsoft e Intel, além de empresas chinesas como Tencent, dona do WeChat, e Didi Chuxing, que é dona da 99.

Já o algoritmo que é vendido pela gigante Amazon não estava na lista, porque a participação era voluntária e os desenvolvedores não enviaram o material para análise.

O NIST encontrou tanto "falsos positivos" — quando um indivíduo é identificado erroneamente — como "falsos negativos", nos quais os algoritmos não conseguem definir com precisão a identidade de uma pessoa a partir de uma base de dados.

"Um falso negativo poderia ser simplesmente um inconveniente. A pessoa não pode acessar seu telefone, por exemplo, mas o problema geralmente pode ser contornado com uma segunda tentativa", disse o pesquisador Patrick Grother. "Mas um falso positivo justifica uma maior análise", destacou.

No entanto, alguns algoritmos desenvolvidos em países asiáticos produziram taxas de precisão semelhantes para a coincidência entre rostos asiáticos e caucasianos, que segundo os pesquisadores sugere que essas disparidades podem ser corrigidas.

Tecnologia

O reconhecimento facial vive um momento de aplicação generalizada, com aplicações em aeroportos, segurança nas fronteiras, bancos, lojas comerciais, escolas e tecnologia pessoal, assim como para desbloquear smartphones.

Alguns ativistas e pesquisadores afirmam que o potencial de erros é muito grande e que isso pode resultar na prisão de pessoas inocentes, além de que a tecnologia pode ser usada para criar bancos de dados que podem ser invadidos ou usados incorretamente.

Jay Stanley, da União das Liberdades Civis dos Estados Unidos, disse que o novo estudo mostra que a tecnologia não está pronta para ampla implantação.

"Inclusive os cientistas do governo agora estão confirmando que esta tecnologia de vigilância é defeituosa e parcial", destacou Stanley num comunicado à agência France Press.

"Uma coincidência falsa pode levar uma pessoa a perder seu voo, seja submetida a longos interrogatórios, colocada em listas de vigilância, seja detida por motivos errados ou algo pior".

Em algumas cidades dos Estados Unidos — como São Francisco, Oakland e Sommerville —reconhecimento facial foi banido por governos locais.

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