Natureza

Cientista brasileiro no Sínodo faz alerta sobre a Amazônia

O climatologista brasileiro Carlos Nobre alertou ontem, 9, para a ameaça de extinção da vida na região amazônica e endossou fala de papa Francisco sobre o meio ambiente durante o Sínodo da Amazônia, que acontece este mês no Vaticano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Carlos Nobre, climatologista brasileiro alerta para extinção da Amazônia e dos habitantes da região
Carlos Nobre, climatologista brasileiro alerta para extinção da Amazônia e dos habitantes da região (Divulgação)

VATICANO - O climatologista brasileiro Carlos Nobre alertou ontem,9, para a ameaça de extinção da "Amazônia e seus habitantes", em um encontro com a imprensa durante o Sínodo dos Bispos, no Vaticano.

Com a missão de promover o diálogo entre ciência e religião neste encontro organizado pela Igreja Católica, Nobre, que é ex-integrante do Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (Inpe), defendeu a ciência por trás dos temas levantados por Papa Francisco sobre o meio ambiente.

Alertas de desmatamento na Amazônia em setembro já são o dobro da média para o mês nos últimos 4 anos

O Sínodo é uma reunião de bispos, religiosos, cientistas, indígenas e membros de diferentes tradições religiosas e começou neste domingo (6). Em 27 de outubro, último dia do encontro, será publicado um documento consolidando os temas debatidos – o fio condutor é a presença da Igreja Católica na Amazônia.

Negacionismo climático

Para o pesquisador, o Sínodo da Amazônia pode ser uma reação ao chamado “negacionismo climático”, ou seja, aos grupos de pessoas que não acreditam que o aquecimento global seja causado pela ação humana.

“O negacionismo climático é uma das nossas maiores ameaças”, disse Nobre ao G1. “Os negacionistas não são a maioria da população do mundo. A maioria das pessoas respeita a voz da ciência, que é muito sólida.”

Nobre é especialista em temas ligados ao aquecimento global e estuda a Amazônia há mais de 40 anos. Para ele, os negacionistas representam “uma parcela dos interesses econômicos dominantes” nas últimas décadas.

“A Amazônia também está ligada ao clima. É um ‘coração biológico’ e uma enorme reserva de carbono. Ela regula o clima, tem máxima biodiversidade e enorme ‘sociodiversidade’. Se perdermos isso, se deixarmos de proteger a floresta, não seremos capazes de cumprir com as metas estabelecidas no Acordo de Paris”, diz Carlos Nobre, climatologista

Floresta em pé

De acordo com o cientista, embora seja um evento religioso, a Igreja Católica pode ajudar a difundir a ideia de que é preciso manter a floresta em pé para que a região amazônica possa se desenvolver economicamente, de modo a promover uma “bioeconomia”.

“Infelizmente, estamos muito próximos de um colapso da floresta amazônica. A ciência vem apontando isso com muito rigor. A encíclica do Papa Francisco ‘Laudato si’ mostrou que nossa casa comum está no risco de desabar. E a Amazônia também próxima do colapso”, comentou Nobre.

O climatologista avalia que, se o total de desmatamento da Amazônia passar de 20 a 25% da área da floresta, será irreversível recuperá-la. A floresta seria substituída por uma savana, tomando 60-70% da Amazônia, segundo ele. Atualmente, cerca de 15% da Amazônia está desmatada.

“Estamos muito próximos do ponto de não retorno”, comentou. "Com o aumento do desmatamento neste ano de 2019, e se o processo não for revertido, ele entende que poderíamos atingir essa marca em 20 a 30 anos, “correndo o risco de uma enorme crise climática.”

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