Dama do tráfico

Cresce o número de mulheres envolvidas com o tráfico de drogas no Maranhão

Elas assumem as bocas de fumo no lugar dos companheiros que estão na cadeia e se autodenominam "primeiras damas" ou em ''xerifonas", em determinadas comunidades; em menos de uma semana, 12 mulheres foram presas

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Jaqueline (neta), Adílina Maciel (filha) e Maria dos Milagres, a avó, presas com droga em Timon
Jaqueline (neta), Adílina Maciel (filha) e Maria dos Milagres, a avó, presas com droga em Timon (Familia)

SÃO LUÍS - As mulheres passaram a se envolver ainda mais com o tráfico de entorpecente no país. Muitas delas estão no comando da boca de fumo e, segundo a polícia, se autodenominam “Primeira-dama do tráfico”, ou a “Xerifona”. Em menos de uma semana, pelo menos, 12 mulheres foram presas suspeitas de cometerem esse tipo de ação criminosa na capital e no interior do estado.

“Os maridos dessas mulheres estão presos e elas, então, acabam assumindo a boca de fumo e passam a vender droga em companhia dos outros familiares”, explicou o delegado Breno Galdino, titular da Superintendência Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Senarc). Ele informou, ainda, que na tarde de quinta-feira, 12, foram presas em Timon, acusadas de tráfico de droga, a mãe, a filha e a neta, identificadas respectivamente como Maria dos Milagres dos Santos, a Vovó, de 63 anos; Adilina Maciel dos Santos, de 29 anos, e Jaqueline dos Santos, de 18 anos.

Na residência delas, no Parque Piauí II, foram encontrados 52 pedras de crack, 116 papelotes de maconha e uma quantia não divulgada em dinheiro. As três mulheres foram apresentadas na Central de Flagrantes de Timon onde foram autuadas. O delegado explicou que Vovó é mãe de André Maciel dos Santos, o André Branco, e Adão Maciel dos Santos, que foram presos por policiais da Senarc suspeitos de venderem drogas na cidade.

Ainda na quinta-feira, a polícia prendeu em flagrante Luciana Santos Lima, de 55 anos, em Zé Doca. Na residência dela, os policiais apreenderam vários papelotes de crack prontos para a venda. Ela foi levada para a delegacia da cidade, onde foi autuada, mas não revelou a procedência do material apreendido.

“Os maridos dessas mulheres estão presos, e elas, então, acabam assumindo a boca de fumo e passam a venderem droga em companhia dos outros familiares”.Delegado Breno Galdino, superintendente da Senarc

Tráfico interestadual

Shirley do Socorro Lobato Nobre, de 33 anos, em companhia de Daueliton Pereira Viana, de 34 anos, e David William Sales Braga, de 23 anos, foram presos pela Senarc na quarta-feira, 11, acusados de tráfico de droga interestadual e associação ao tráfico. Com eles foram apreendidos 15 kg de droga, sendo 12 kg de crack. Essa droga, segundo a polícia, procedente de Mato Grosso, seria distribuída nas bocas de fumo da Grande Ilha.

Breno Galdino informou que Duelinton Pereira foi abordado em um ônibus interestadual na cidade de Igarapé do Meio, e com ele foi encontrado um cinturão com 3 kg de pasta base de cocaína. A diligência prosseguiu e na rodoviária da capital os policiais prenderam David Sales, que aguardava o seu comparsa.

Com os dois traficantes presos, os policiais descobriram que o restante da droga estava em um depósito no Tambaú, em Paço do Lumiar, alugado por Shirley do Socorro. No local foram encontrados 12 kg de crack em forma de tabletes enterrados em um buraco. Shirley do Socorro foi presa no bairro da Cohab.

Operação

Trinta e oito pessoas foram presas acusadas de tráfico de droga durante a operação Volgus, desencadeada na quinta-feira, por uma equipe da Senarc e policiais do Estado do Tocantins nas cidades de Imperatriz, Balsas, São Luís e Miguel do Tocantins. Entre as pessoas presas, seis eram mulheres.

O delegado Fabian Kleine, da Senarc, declarou que as pessoas presas integravam seis facções interestaduais, estavam sendo monitoradas há quatro meses. Alguns faccionados, que mesmo cumprindo pena nas unidades prisionais, conseguiam comandar a venda de droga por meio de suas mulheres, e de ordenar, também, outras ações criminosas. Com eles, foram apreendidos armas, dinheiro e entorpecente.

Foragida

Ana Paula de Jesus Feitosa, de 36 anos, foi presa em cumprimento de ordem judicial, no último dia 6, na cidade de Imperatriz, pelo crime de tráfico de droga. A polícia informou que ela estava foragida há nove anos e após ser capturada, foi levada para a delegacia regional de Polícia Civil de Imperatriz. Ela foi ouvida e, em seguida transferida para a Unidade Prisional de Ressocialização de Davinópolis (UPRD), na Região Tocantina.

Xerife da Rocinha

A maranhense da cidade de Peri-Mirim, Danúbia de Souza Rangel, a “Xerife da Rocinha”, de 35 anos, mulher do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico da Rocinha, está presa no complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, à disposição do Poder Judiciário carioca.

De acordo com informações da polícia carioca, ela foi presa em outubro de 2017, no Rio de Janeiro, com uma condenação de 28 anos de prisão pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico, falsidade ideológica e corrupção.

As investigações apontam que Danúbia havia sido expulsa da Rocinha pelo bando do traficante Rogério 157, que se desentendeu com Nem, seu antigo comparsa. Nem foi preso em 2011 e no momento, está cumprindo pena no presídio de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia.

Val da Camboa

O Maranhão também tem a sua “Xerife do tráfico. Para o delegado Carlos Alessandro de Assis, Valdirene Pereira, a Val, de 36 anos, assumiu essa denominação ao passar a comandar o tráfico de droga nos bairros da Camboa, Liberdade e Monte Castelo, após a morte de seu marido, Daniel Almeida dos Santos, o Danielzinho, assassinado a tiros no dia 15 de dezembro do ano passado, no bairro Renascença.

Val, em companhia de Raul Giudicelly Carvalho Silva, de 28 anos, e Leonardo de Oliveira Sousa, o Leo Gordo, de 35 anos, seus principais comparsas, chegaram a implantar o clima de terror no condomínio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do bairro Camboa, conhecido como Carandiru. Os três foram preso em março de 2017, mas já estão em liberdade por determinação da Justiça.

Rosinha do Pó

Não é só Valdirene Pereira quem comanda o tráfico de drogas na Grande Ilha. Rosângela Andréa Carvalho, a Rosinha do Pó, de 43 anos, que segundo a polícia, gerencia várias “bocas de fumo”. Em abril de 2012 ela foi presa durante a operação Pomar realizada pela Polícia Civil no bairro Jordoa, mas já se encontra em liberdade.

Segundo informações da polícia, Rosinha do Pó chegava a vender 10 kg de crack por semana, além de abastecer vários pontos de venda na capital. Antes disso, ela havia sido presa em dezembro de 2011 com 32 kg de crack, mas foi liberada pela Justiça. Na operação, os policiais apreenderam carros e motocicletas. Outras três pessoas também foram presas. Essa traficante foi condenada a 14 anos de prisão pelo crime de associação ao tráfico.

Número

12

foi o número de mulheres presas em menos de uma semana no Maranhão, acusadas de tráfico de droga.

Entenda

Mulheres presas em menos de uma semana

Foragida: Ana Paula de Jesus Feitosa, de 36 anos, na cidade de Imperatriz;

Operação: Seis mulheres presas durante um cerco policial que tirou 38 traficantes de circulação;

Interestadual: Shirley do Socorro Lobato Nobre, de 33 anos; foi presa em companhia de Daueliton Pereira Viana, de 34 anos, e David William Sales Braga, de 23 anos, por tráfico interestadual e associação ao tráfico.

Flagrante: Luciana Santos Lima, de 55 anos, presa em Zé Doca, com vários papelotes de crack;

Timon: mãe, filha e neta, identificadas respectivamente como Maria dos Milagres dos Santos, Vovó, de 63 anos; Adilina Maciel dos Santos, de 29 anos; e Jaqueline dos Santos, de 18 anos, presas por tráfico de droga pela Senarc.

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