Residências

Força de Israel derruba prédios palestinos perto da Cisjordânia

Demolições são alvo de críticas internacionais; residências estavam em territórios sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestina; Israel diz que os prédios foram erguidos ilegalmente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Prédio palestino em Jerusalém Ocidental é demolido por forças israelenses
Prédio palestino em Jerusalém Ocidental é demolido por forças israelenses (Reuters)

SUR BAHER/ Cisjordânia — Forças israelenses começaram a derrubar casas de palestinos próximas de uma barreira militar nos arredores de Jerusalém Ocidental, ontem, 22. As demolições são alvo de protestos e críticas internacionais, já que as residências estavam em território sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestina .

Escavadoras, acompanhadas por centenas de policiais e soldados israelenses, avançaram sobre o vilarejo palestino de Sur Baher , um bairro entre Jerusalém Ocidental e a Cisjordânia , área tomada e ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias , em 1967 — decisão nunca reconhecida pela comunidade internacional.

De acordo com o governo de Israel , os mais de dez prédios residenciais, a maior parte deles ainda em construção, foram erguidos ilegalmente e representam uma ameaça às operações das Forças Armadas na Cisjordânia. Por sua parte, os palestinos acusam o governo israelense de usar a segurança como um pretexto para forçá-los a deixar a área e aumentar os assentamentos israelenses .

As demolições são o episódio mais recente na prolongada disputa sobre o futuro de Jerusalém, que abriga mais de 500 mil israelenses e 300 mil palestinos e santuários judaicos, islâmicos e cristãos.

Os palestinos temem que a destruição das construções estabeleça um precedente para outras cidades ao longo da barreira, que se estende por centenas de quilômetros ao redor e através da Cisjordânia. Segundo asNações Unidas , cerca de 350 pessoas serão afetadas.

"Primeiro, Israel ocupa a terra militarmente, depois constrói aquele muro horrível do 'apartheid' e decide demolir as casas palestinas, construídas em terras palestinas com autorizações judiciais palestinas, devido à proximidade do muro", disse a ativista palestina Hanan Ashrawi no Twitter.

Acordos violados

Em junho, a Suprema Corte de Israel determinou que as construçõesviolariam uma proibição de construção. O prazo para os moradores removerem os prédios afetados terminou na sexta-feira.

"Eu construí minha casa tijolo a tijolo. Era meu sonho morar aqui e agora eu estou perdendo tudo", disse Tareq al-Wahash, 37 anos, com a voz embargada. "Eu tinha permissão da Autoridade Nacional Palestina para construir. Achei que estivesse fazendo a coisa certa".

Na semana passada, diplomatas de 20 países, majoritariamente europeus, foram à região fazer um apelo para que o governo israelense não prosseguisse com as demolições. Ontem, 22, em comunicado, a ONU afirmou que "a política israelense de destruir propriedades palestinas não é compatível com o direito humanitário internacional".

Contra a lei

Em declaração, a União Europeia afirmou que a construções estavam sob jurisdição da Autoridade Palestina e que a política israelense de demolições em territórios ocupados vai contra a lei internacional e deve ser interrompida.

A Chancelaria francesa também criticou as demolições, afirmando que acontecem "em áreas sob jurisdição da Autoridade Palestina, estabelecidas pelos Acordos de Oslo". Segundo Paris, elas "representam um precedente perigoso que prejudica diretamente a solução de dois Estados" vivendo lado a lado.

O ministro de Segurança Interna de Israel, Gilad Erdan, acusou o bloco europeu de cair "nas mentiras dos palestinos". Em um tuíte, Erdan disse que, sob os Acordos de Oslo, os israelenses têm o direito de agir contra construções ilegais que representem um risco de segurança.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, disse que recorrerá ao Tribunal Penal Internacional:

"Isto é uma continuação do deslocamento forçado do povo de Jerusalém de suas casas e terras. É um crime de guerra e um crime contra a Humanidade", disse Shtayyeh.

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