Meio ambiente

Merkel quer ''discussão clara'' com Bolsonaro sobre desmatamento

Chanceler participou de sessão no Parlamento alemão às vésperas da reunião do G20, que começa nesta sexta-feira, 28, no Japão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
A chancelar da Alemanha, Angela Merkel, vai conversar com Jair Bolsonaro
A chancelar da Alemanha, Angela Merkel, vai conversar com Jair Bolsonaro (Reuters)

BERLIM - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ontem, 26, que deseja conversar com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil.

"Assim como vocês, vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro (em relação ao desmatamento) e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele", afirmou a chanceler participou de uma sessão no Parlamento alemão, às vésperas da cúpula que começa na sexta-feira,18, em Osaka (Japão).

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Apesar disso, a premiê sinalizou que não pretende bloquear um possível desfecho do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul por causa de Bolsonaro.

Merkel foi questionada pela deputada do Partido Verde Anja Hajduk sobre se o governo alemão deveria seguir investindo nas negociações de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul, mesmo com as denúncias de ambientalistas e defensores dos direitos humanos em relação à práticas estimuladas pelo governo Bolsonaro.

"Eu vou fazer o que for possível, dentro das minhas forças, para que o que acontece no Brasil não aconteça mais, sem superestimar as possibilidades que tenho. Mas não buscar o acordo de livre-comércio, certamente, não é a resposta para essa questão”, concluiu Merkel.

Desmatamento

A expansão das atividades agrícolas no Brasil, fortemente apoiada pelo governo do presidente Bolsonaro, acontece às custas do desmatamento em massa e causa cada vez mais conflitos com as comunidades tradicionais.

Essa situação levou 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e Amigos da Terra, a questionarem o acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

A conclusão deste acordo é "iminente", segundo os presidentes do Brasil e da Argentina, após 20 anos de negociações.

As ONGs exigem "medidas rigorosas" contra o desmatamento e "compromissos" em favor do Acordo de Paris sobre o Clima.

"Acredito que a não conclusão do acordo com o Mercosul não contribuiria de forma alguma para o fato de que um hectare a menos seja desmatado no Brasil, pelo contrário", ressaltou Merkel, afirmando que "esta não é a resposta para o que está acontecendo no Brasil".

O acordo UE/Mercosul também é muito criticado por agricultores europeus, que temem uma inundação de produtos sul-americanos com a abolição de certos direitos aduaneiros.

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