Tensão

Estreito de Ormuz virou ponto de instabilidade geopolítica

Explosões atingiram dois navios na região na quinta-feira,13; cerca de 20% do petróleo produzido no mundo passa pela região

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Equipes de resgate do Irã retiraram 44 pessoas das duas embarcações atingidas por explosões
Equipes de resgate do Irã retiraram 44 pessoas das duas embarcações atingidas por explosões (Reuters)

ESTADOS UNIDOS — Após explosões de navios-tanque de petróleo no Golfo de Omã, o Estreito de Ormuz volta às manchetes como uma das áreas mais instáveis da geopolítica global. Pequena faixa de navegação entre o Irã e o Omã, a região liga o Golfo Pérsico aoGolfo de Omã e ao Mar da Arábia , permitindo o transporte de petróleo para consumidores na Ásia, na Europa e na América do Norte.

Pela faixa, que tem apenas 33 km entre as duas margens em seu ponto mais estreito, passam cerca de 20% de todo o petróleo produzido do mundo. Cinco importantes membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo ( Opep ) — Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque — exportam sua produção pela área. O Qatar, principal exportador de gás natural liquefeito do planeta, envia quase todo o seu produto por Ormuz. Enquanto imagens da TV iraniana mostravam os dois navios em chamas nesta quinta-feira, o preço internacional do petróleo, que vinha despencando e chegou a US$ 59,97 dólares na quarta-feira,12 — a menor cotação desde janeiro —, subiu 2,2%.

O incidente de quinta-feira,13, é o segundo caso sério em um mês envolvendo o transporte de navios-tanque perto do estreito. Em maio,quatro petroleiros foram atingidos por explosivos perto de um porto nos Emirados Árabes Unidos. Um relatório apresentado em conjunto pelos Emirados, Arábia Saudita e Noruega na semana passada ao Conselho de Segurança da ONU concluiu que os dispositivos foram colocados por mergulhadores conhecidos como "homens-rã", mas não atribuíram oficialmente culpa a nenhum país.

Desde antes do relatório, os Estados Unidos e a Arábia Sauditaculpam o Irã pelo ocorrido em maio — Teerã nega qualquer participação. No incidente anterior, no entanto, o dano foi menor do que o provocado pelas explosões desta quinta-feira.

Disputas

O Estreito de Ormuz é fonte de disputas há décadas e sua localização estratégica tem sido a justificativa para os Estados Unidos manterem uma forte presença militar na região, com bases e a presença de navios de sua Quinta Frota.

Em 1988, uma fragata americana foi danificada por uma mina iraniana. Em retaliação, três navios de guerra e duas plataformas de observação iranianas foram destruídos por forças de Washington. Em julho do mesmo ano, um navio de guerra americano derrubou um avião comercial iraniano com dois mísseis, matando todos os 290 passageiros civis a bordo, incluindo 66 crianças. Segundo a Casa Branca, a tripulação confundiu a aeronave com um avião de caça.

Historicamente tensa, a relação entre Teerã e Washington piorou em maio de 2018, quando o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear firmado entre o Irã e as principais potências globais em 2015. O Irã havia concordado em não produzir a bomba atômica em troca do alívio das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, a União Europeia e a ONU. Com a retirada dos EUA, as sanções americanas voltaram a vigorar, e, dada a importância do dólar e a capilaridade do sistema financeiro americano, acabam tendo impacto em todos os países.

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