No Reino Unido

Dez candidatos entram na disputa pela sucessão de May

Escolha no Partido Conservador terá primeira votação no dia 13. Novo líder vai comandar o Reino Unido nos últimos capítulos da saída do país da União Europeia; ela permanecerá no comando do país, de forma interina, até o final de julho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Theresa May renunciou ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido
Theresa May renunciou ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido (Reuters)

LONDRES - A Comissão 1922, responsável pelo processo de escolha do novo líder do Partido Conservador do Reino Unido, anunciou ontem que 10 candidaturas foram aprovadas, tendo o direito de participar dos atos de campanha e das votações. A primeira delas acontece já na quinta-feira,13. Como o Partido Conservador tem a maioria no Parlamento, o nome que assumir a liderança da sigla deverá assumir o cargo de primeiro-ministro.

A eleição foi convocada após o anúncio de que a premier Theresa May deixaria o cargo no dia 7 de junho . Ela permanecerá no comando do país, de forma interina, até o final de julho, quando deve ser anunciada a nova liderança. Mesmo antes do anúncio de ontem,10, analistas apontavam alguns dos favoritos para ocupar a residência oficial de Downing Street, número 10.

O principal deles é o ex-ministro de Relações Exteriores do Reino Unido e ex-prefeito de Londres, Boris Johnson . Ele tem o apoio formal de 55 dos 313 parlamentares e de grande parte da base do partido. Johnson é um dos maiores apoiadores do Brexit , defendendo que o prazo de saída do país da União Europeia, 31 de outubro, seja cumprido. Mas analistas defendem cautela antes de cravar que ele vai vencer: Johnson também era favorito na disputa pela liderança do partido em 2016, mas a entrada de um de seus aliados na disputa, Michael Gove, atrapalhou seus planos. Ele nem chegou a concorrer. Muitos também lembram de Michael Portillo , cuja vitória era dada como certa em 2001. Ele foi eliminado na terceira votação.

Outro nome de peso é o de Michael Gove , um dos maiores defensores do Brexit. Atual ministro do meio-ambiente, já ocupou as pastas da justiça e educação. Gove tem o apoio dos Conservadores que não querem Boris Johnson na liderança, mas que também defendem que o partido tem que ser liderado por alguém a favor da saída da União Europeia. Analistas afirmam que ele pode atrair votos de parlamentares de centro no caso de uma disputa direta com Johnson.

Atual ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt se apresenta como o candidato capaz de fazer acordos, unir os Conservadores e conduzir o Brexit de maneira tranquila. Hunt não defendeu a saída daUnião Europeia , mas conseguiu ampliar sua base de apoio interna, contando com 29 parlamentares, incluindo alguns ministros.

Por outro lado, Dominic Raab faz uma campanha defendendo um Brexit "mais duro", sem dar margem a negociações com a União Europeia. Analistas o veem como alguém que tenta disputar o posto de "líder do Brexit " com Boris Johsnon.

Na lista de favoritos também aparece o Ministro dos Assuntos Internos,Sajid Javid . Filho de imigrantes e criado em uma região pobre e violenta de Bristol, Javid gosta de contar como construiu uma carreira de sucesso no setor financeiro e, mais tarde, no governo. Assim como Jeremy Hunt, ele foi contra o Brexit. Apesar de ter o apoio formal de apenas 18 parlamentares, é visto como alguém que pode surpreender.

Processo de escolha

Com o fim do prazo para a apresentação das candidaturas, às 13h desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, teve início o processo oficial de escolha. Para um nome ser aprovado pela Comissão 1922, responsável pelo processo, ele precisava ter o apoio formal de pelo menos oito parlamentares do partido. Esses apoios não poderiam ser apresentados depois do prazo final para as inscrições.

Já a partir desta semana, nos dias 11 e 12 , serão realizados eventos onde cada um dos candidatos poderá apresentar suas propostas e convencer os demais parlamentares conservadores de que é a melhor pessoa para liderar o Reino Unido.

Na quinta-feira, dia 13, terá início a série de votações internas, que contarão apenas com os votos dos parlamentares conservadores. O processo acontece em uma sala do Parlamento, com cédulas de papel. Na primeira delas, quem receber menos de 17 votos estará eliminado. Se todos os candidatos superarem a marca, aquele com o menor número de votos ficará fora.

Na segunda votação, no dia 18 de junho, o limite passa para 33 votos. Nas votações seguintes, caso sejam necessárias, o limite é abandonado e o candidato que ficar em último estará automaticamente eliminado.

O processo continua até que apenas dois nomes fiquem na disputa. É quando a votação passa a ser aberta a todos os membros do Partido Conservador, hoje em torno de 160 mil. A expectativa é de que esta etapa seja concluída até o dia 22 de julho.

Na última eleição para o comando do partido, em 2016, Theresa May foi escolhida apenas com os votos dos parlamentares, uma vez que Andrea Leadsom desistiu depois da segunda rodada de votação. Em 2005, David Cameron perdeu a primeira votação para David Davis, mas acabou vencendo na segunda rodada e no voto dos membros do partido. As atuais regras de escolha estão em vigor desde 1998.

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