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Trump corta verba para pesquisas em tecidos de fetos abortados

A medida responde a uma reivindicação dos grupos contrários ao aborto nos Estados Unidos, mas coloca em risco os avanços na luta contra várias doenças

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Mulher segura um cartaz que diz "encare: o aborto mata!" na porta da clínica Jackson Women''s Health Organization, em Jackson, no Mississippi
Mulher segura um cartaz que diz "encare: o aborto mata!" na porta da clínica Jackson Women''s Health Organization, em Jackson, no Mississippi (AFP)

ESTADOS UNIDOS - O governo de Donald Trump anunciou que vai acabar todos os programas de pesquisas médicas sobre tecidos retirados de fetos abortados. A medida responde a uma reivindicação dos grupos contrários ao aborto nos Estados Unidos, mas coloca em risco os avanços na luta contra várias doenças.

O departamento de Saúde anunciou em um comunicado que a partir de agora nenhum pesquisador dos Institutos nacionais de saúde (NIH na sigla em inglês) poderá trabalhar sobre testes em tecidos de fetos. “Promover a dignidade da vida humana da concepção até a morte natural é uma das primeiras prioridades da administração do presidente Trump”, indicou o departamento, que equivale ao ministério da Saúde do país.

O governo também informou que não pretende renovar o contrato de financiamento público de pesquisas sobre tecidos fetais na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF). O programa, que contava com um orçamento de US$ 2 bilhões por ano, desenvolve testes sobre novos tratamentos contra o vírus HIV. Os tecidos fetais também são usados nas pesquisas contra o Mal de Alzheimer, problemas na medula óssea e doenças oftalmológicas.

O centro universitário californiano utiliza ratos de laboratório nos quais os pesquisadores implantam células fetais para criar um sistema imunitário próximo ao do humano. O objetivo é testar anticorpos potenciais contra o vírus.

As medidas não representam uma proibição das pesquisas, pois os programas privados poderão continuar. No entanto, eles não terão mais apoio de fundos públicos.

Restrição ao aborto

“A maioria dos americanos recusa que seus impostos criem um mercado para pedaços de bebês abortados que serão implantados em ratos para experiências”, defende a organização Marcha pela Vida. Mas para inúmeros cientistas, os tecidos fetais são essenciais para as pesquisas de ponta e já demonstraram sua eficácia, principalmente em vacinas contra a poliomielite, a rubéola e a raiva.

Biden, pré-candidato a presidente dos EUA, muda de opinião sobre financiamento do aborto

A decisão do governo Trump é anunciada logo após o voto em vários estados conservadores de leis que restringem o aborto no país. O objetivo é levar a questão diante da Suprema Corte, que autoriza, desde 1973, a interrupção voluntária da gravidez.

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