Turismo

EUA endurecem ainda mais sanções contra Cuba e proíbem viagens em grupo

Em mais um passo do aperto à ilha, Trump também proíbe visitas em iates, navios de cruzeiro e aviões particulares

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Turistas visitam Havana, capital de Cuba em foto tirada em agosto do ano passado
Turistas visitam Havana, capital de Cuba em foto tirada em agosto do ano passado (Reuters)

WASHINGTON - Em mais um passo de seu cerco a Cuba , o governo de Donald Trump endureceu ainda mais as sanções contra a ilha ontem, 4, proibindo viagens em grupo à ilha do Caribe e visitas em iates, navios de cruzeiro e aviões particulares que partam dos Estados Unidos.

Desde 1962, os EUA aplicam um bloqueio econômico contra Cuba, com o objetivo, jamais bem-sucedido, de forçar uma mudança de regime. Considerando esta estratégia fracassada, o antecessor de Trump, Barack Obama, buscou reaproximar-se da ilha, reabrindo uma embaixada em Havana e aliviando restrições ao comércio, às remessas de cubanos nos EUA e às viagens dos cidadãos americanos. A chegada do republicano ao poder, no entanto, significou a reversão dessas políticas e a volta do bloqueio.

O fim das viagens educativas em grupo provavelmente significará um duro golpe para o turismo de americanos na ilha, que florescera com as iniciativas tomadas por Obama. A medida do Tesouro proíbe as chamadas “viagens educativas coletivas", mecanismo que permitia que agências de viagens organizassem viagens para turistas comuns em “grupos educativos”. Antes disso, Trump já proibira as visitas individuais.

Em sua justificativa para as novas sanções, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse que Cuba é uma força “desestabilizadora” na região.

"Cuba continua a desempenhar um papel desestabilizador no Hemisfério Ocidental, proporcionando uma plataforma comunista na região e apoiando adversários americanos em lugares como Venezuela e Nicarágua, de modo a fomentar a instabilidade, soterrar o Estado de direito e suprimir os processos democráticos", afirmou Mnuchin.

A reversão das políticas de Obama por Trump começou em junho de 2017, menos de seis meses após ele assumir a Presidência, proibindo transações financeiras, negando licenças de exportação para entidades cubanas e barrando viagens individuais.

As medidas mais drásticas foram tomadas em março, quando foi ativada a Lei Helms-Burton , que foi aprovada pelo Congresso americano em 1996, na Presidência de Bill Clinton, mas, por decisão de todos os governos desde então, nunca chegou a ser implementada.

A lei permite ações na Justiça americana contra empresas estrangeiras que usam propriedades confiscadas pelo governo de Cuba no período inicial da Revolução Cubana, nos anos 1960. A medida tem potencial para afetar investimentos canadenses e europeus na ilha.

As sanções americanas têm atrapalhado os esforços do atual dirigente da ilha, Miguel Díaz-Canel, de atrair mais investimentos estrangeiros. Cuba, uma ditadura de partido único, acaba de aprovar uma nova Constituição que reconhece o papel de empresas privadas na economia, e que busca aumentar a participação política da população.

Apoio a Maduro

A Casa Branca com frequência acusa Havana de fornecer inteligência à Venezuela, chegando a dizer que a responsabilidade pela manutenção de Nicolás Maduro no poder se deveria a cubanos. Segundo especialistas em segurança, esta participação, embora existente, é superdimensionada por Washington.

Em maio, foi divulgado que a CIA concluiu que Cuba está muito menos envolvida na Venezuela e que seu apoio tem sido muito menos importante para Maduro do que afirmam altos funcionários do governo Trump.

O desabastecimento de produtos básicos como farinha, ovos, frango, óleo e alguns remédios pode ser sentido desde o final do ano passado em mercados cubanos, o que provocou filas, brigas entre as pessoas e medidas para evitar a estocagem, incluída a venda controlada de produtos deficitários — ultimamente, quando há frango numa loja, só se vendem dois por pessoa.

O abastecimento de gasolina também tem sido irregular e houve apagões isolados, o que, junto com as notícias que chegam da Venezuela — de onde vem, a preço preferencial, 50% do petróleo consumido na ilha —,ressuscitou o fantasma do Período Especial , no começo dos anos 1990, quando a crise provocada pela desintegração do campo socialista provocou uma queda de 35% do PIB cubano em três anos e os apagões chegaram a durar 12 horas diárias.

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