Parlamento Europeu

Partidos favoráveis à União Europeia estão divididos

Extrema direita e eurocéticos vencem na França, na Itália, no Reino Unido e na Hungria, mas proporção de deputados cresce pouco em relação à formação atual; o Partido Popular Europeu, de centro-direita, continuará sendo a maior força da Eurocâmara

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Mulher com bandeira da União Europeia pintada no rosto aguarda por resultados na frente do Parlamento Europeu em Bruxelas, na Bélgica
Mulher com bandeira da União Europeia pintada no rosto aguarda por resultados na frente do Parlamento Europeu em Bruxelas, na Bélgica (AFP)

BÉLGICA - Os partidos favoráveis à União Europeia , uma aliança difusa que vai da centro-direita aos ecologistas, mantiveram a maioria no Parlamento Europeu após as eleições encerradas neste domingo, mas num bloco mais fragmentado. Os resultados divulgados no final da noite de domingo, 26, apontavam que esta eleição marcará o fim da maioria de centro-esquerda e de centro-direita que dominou o Parlamento desde 1979, substituída por um bloco pró-UE mais dividido, que incluirá até quatro partidos. Os partidos tradicionais de centro perderam espaço para os partidos verdes , para os liberais e para os independentes.

Apesar de serem os mais votados na França, na Itália, no Reino Unido, na Hungria e na Polônia, os partidos de extrema direita e eurocéticos tiveram um crescimento total modesto, de 20% para 23% dos 751 assentos do Parlamento, quando almejavam chegar a 30%.

O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, continuará sendo a maior força da Eurocâmara, com 175 eurodeputados.A sigla não deve mais conseguir conquistar a maioria com seus tradicionais aliados, os social-democratas, de centro-esquerda, que caíram de 185 para 149. Os liberais democratas cresceram de 69 para 105 cadeiras, e os ambientalistas viram sua representação subir em 19 assentos, para 69.

Os grupos parlamentares de traço eurocético de direita, sejam ultradireitistas ou conservadores, obtiveram 173 eurodeputados no total. Eles atualmente dividem-se em três grupos, sendo dois ultradireitistas e um de conservadores críticos à UE. No total, forças da direita eurocética chegaram a 58 cadeiras, enquanto outras forças da extrema direita somaram 115. A esquerda radical perdeu 11 eurodeputados e caiu para 41.

Em meio ao recuo das forças social-democratas, sobretudo na França e na Alemanha, a Espanha e Portugal foram notáveis exceções , com a vitória do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) no primeiro e do Partido Socialista (PS) no segundo.

Aumento na participação

A participação nas eleições foi de quase 50%, a maior desde 1994. O número significa uma reversão de uma tendência de 40 anos de queda do comparecimento. Em 2014, 42,6% dos eleitores votaram. A Espanha, a França, a Alemanha e a Romênia tiveram aumentos importantes na ida às urnas.

Um dos candidatos a presidente da Comissão Europeia, Manfred Weber, do PPE, disse que a sua porta está aberta para uma nova coalizão, mas desde que não inclua partidos extremistas:

— Estamos diante de um encolhimento do centro — afirmou. — Mas não vejo uma maioria contra os liberais, os socialistas ou o PPE. Apelaria para unirmos forças.

O holandês Frans Timmermans, candidato da centro-esquerda, pediu que os progressistas formem uma aliança e reconheceu as perdas do seu grupo .

— Temos mais de 150 assentos neste Parlamento e isso nos dá a chance de fazer algo positivo. Precisamos construir uma coalizão com base em um programa — afirmou. — Pretendo trabalhar com partidos que sabem que precisamos tomar decisões ousadas sobre a crise climática e sobre a necessidade de taxar empresas que não pagam impostos. Os únicos com quem não quero trabalhar são as extrema direita.

Marine Le Pen

Na França, a Reunião Nacional, de Marine Le Pen, saiu vitoriosa da disputa com o presidente, Emmanuel Macron. O Em Marcha, do presidente, teve 22,5% dos votos, 1,2 pontos percentuais atrás da extrema direita. O partido de Le Pen já fora o mais votado em 2014, mas o resultado representa uma derrota para No Reino Unido, os Conservadores tiveram uma queda histórica e ficaram em sexto lugar, com apenas 8,8% dos votos, uma queda de 15,8 pontos percentuais. Quem cresceu foi o estreante Partido do Brexit, de Nigel Farage,que teve um terço dos votos. Os votos britânicos serão redistribuídos após o Brexit se efetivar.

Na Itália, a Liga de Matteo Salvini, de extrema direita , liderou as eleições, seguido pelo Partido Democrata (centro-esquerda) e o Movimento 5 Estrelas (M5E), seu parceiro na coalizão de governo.

O avanço do Partido Verde na Alemanha foi significativo, alcançando 20,9% dos votos. O Partido Social-Democrata caiu para o terceiro lugar pela primeira vez, o que aumenta a pressão para que reveja sua política de aliança com a CDU de Angela Merkel. O crescimento geral dos partidos ambientalistas significa que eles terão poder de barganha.

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