Disputa de poder

Guaidó convoca ''mobilização de paz'' em quartéis da Venezuela

O autoproclamado presidente interino disse que manifestação visa a obter das Forças Armadas apoio para o fim do seu elo com o líder bolivariano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Presidente interino, Juan Guaidó, quer mobilização nacional de paz nas principais unidades militares
Presidente interino, Juan Guaidó, quer mobilização nacional de paz nas principais unidades militares (Reuters)

CARACAS - O líder opositor Juan Guaidó convocou passeatas para este sábado, 4, até os principais quartéis da Venezuela em um novo desafio ao presidente Nicolás Maduro após a rebelião militar frustrada de terça-feira, 30 de abril. O autoproclamado presidente interino classificou o movimento como uma "mobilização nacional de paz" que visa a obter das Forças Armadas apoio para o fim do seu elo com o líder bolivariano.

O líder opositor explicou no Twitter que esta sexta-feira servirá à realização de assembleias por todo o país para divulgar as linhas de ação contra Maduro — protestos permanentes, com ação popular diária; protestos setoriais; e organização de greve cívica nacional — e convocar as próximas manifestações. No domingo, a oposição planeja uma vigília em oração por mártires do movimento e pela liberdade no país.

Na última terça-feira, Guaidó deflagrou uma revolta militar que não teve adesão suficiente dos quartéis. Na madrugada, ele havia anunciado que os rebeldes haviam "tomado a decisão correta" de se unir à oposição para por "fim definitivo à usurpação de poder" por parte de Maduro, o que não se confirmou na prática.

"Continuar nas ruas é a única maneira de manter a atenção, pressão, ação da comunidade internacional, estimular a atuação constitucional das Forças Armadas e demonstrar aos que ainda respaldam o ditador que não existirá estabilidade enquanto seguir a usurpação", completou o opositor no Twitter.

A crise venezuelana entrou numa fase de absoluta incerteza, mas dentro dela existem duas situações bastante claras: o mundo militar e seu vínculo com o Palácio de Miraflores está em crise e a oposição cometeu um grave erro ao antecipar as ações previstas inicialmente para o dia 1º de maio. Analistas locais com contatos com as Forças Armadas asseguraram que havia um plano negociado com integrantes da cúpula militar que foi por água abaixo no momento em que Guaidó decidiu antecipar a jogada.

Isso teria levado vários dos militares a recuarem, por sentirem que a operação não estava bem organizada e temerem que terminasse em fracasso. Nesta quinta-feira, Maduro marchou com soldados no principal quartel da Venezuela e cobrou lealdade dos oficiais contra quem "se vende por dólares". Para analistas, a cerimônia ratificou os rumores de fissura nas Forças Armadas venezuelanas.

Esta ação "ratifica que estamos na fase final de nossa luta e que a #OperaçãoLiberdade é imparável. O plano que realizamos deixa o regime frágil e o usurpador duvidando até de seu círculo mais próximo", afirmou Guaidó.

Erro da ditadura

Washington advertiu que uma eventual detenção do autoproclamado presidente interino seria o "último erro da ditadura" e alertou que "uma ação militar é possível" na Venezuela. Maduro, acusado pela oposição de ter conseguido a reeleição de maneira fraudulenta, se aferra ao poder com o apoio da China e da Rússia.

Também nesta quinta-feira, a Embaixada da Venezuela em Washington voltou a ser palco de confrontos entre apoiadores de Guaidó e ativistas esquerdistas americanos, que tomaram a representação diplomática em apoio a Maduro.

Exibindo cartazes com dizeres como "Não à guerra por petróleo", "Guaidó não é bem-vindo aqui" e "parem o golpe", os ativistas tomaram a embaixada há mais duas semanas. O embate começou depois de pessoas tentarem chegar ao prédio com comida para os ativistas e serem atacadas por um grupo de venezuelanos insatisfeitos pelo fato de americanos esquerdistas ocuparem a embaixada.

A polícia deteve cinco pessoas nos confrontos. Agentes algemaram, por exemplo, um ativista idoso que tentava jogar pacotes de comida no complexo diplomático e também um venezuelano que tentou impedi-lo.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.