Lembranças de O Estado

Uma vida na redação do jornal O Estado

Desde 1979, Mário Reis integra a equipe de jornalistas de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Mário Reis está na equipe desde 1979
Mário Reis está na equipe desde 1979 (Mario Reis)

SÃO LUÍS- Ingressei no jornal O Estado em 1979, a convite do então secretário de Redação, jornalista Coelho Neto, egresso da Universidade Federal do Maranhão.

Coelho, como era conhecido, iniciou, no meu ponto de vista, uma verdadeira revolução no jornalismo de São Luís, ao ousar abrir a redação do jornal para os recém-formados estudantes de Comunicação. Até então, a maioria dos jornalistas, com raríssimas exceções, não tinha formação acadêmica, embora demonstrasse, por meio de seus textos, muita aptidão para a profissão que exercia.

Essa mudança proposta por Coelho não foi fácil, mesmo contando com total apoio do diretor de Redação, jornalista Couto Correa, que, no meu entendimento, já vislumbrava mudanças no jornalismo.
O formando de Comunicação era, digamos assim, mal visto, pois, segundo os “antigos jornalistas”, quem estava chegando não sabia redigir, ao mesmo tempo em que se tornava uma ameaça para substituí-los. Vez por outra aconteciam choques verbais em plena Redação. E mais: os “ novos”, pela maneira de se vestir, acompanhando os modismos da época – a insuperável calça jeans, tênis ou chinelo franciscano e chamada camisa de meia – destoavam do ambiente da antiga Redação. Era a turma riponga começando a dar as cartas.

Foi, na verdade, um choque. Estavam surgindo o “novo jornalista e o novo jornalismo”, do qual me orgulho muito de ter participado na Redação de O Estado. O novo contexto de trabalho começou a ser visto com desencanto pelos profissionais das gerações anteriores.
A visão acadêmica entrava em choque com a velha maneira de fazer jornalismo que era essencialmente opinativo. Os novos jornalistas levaram para a redação as perguntas básicas que todo o profissional deve usar para uma boa reportagem, até hoje: O que, quando, onde, quem, como, por quê.

Mudanças
Sem dúvida, os anos 80 foram um marco na evolução do jornalismo nacional e local. As matérias começaram a ser melhor apuradas com base na técnica jornalística, sem esquecer o surgimento de recursos, como telex – que considero marcante nesse processo -, fotolitos, gravação em chapas, além da reformulação da fisionomia gráfica do jornal O Estado. A concorrência era acirrada e exigia constantes mudanças.

Nessa evolução jornalística, passamos a ter matérias mais curtas, cadernos especializados, destaque para a área cultural e uma maior aproximação de setores intelectualizados ligados à universidade com o jornal. Sem esquecer a atenção ao leitor jovem.

A dinâmica da forma de fazer jornalismo exigia cada vez mais mudanças, nas condições de trabalho – as antigas máquinas Remington e outras famosas marcas começaram a ser substituídas pelos computadores e na apuração dos fatos. E a evolução tem sido constante.

Ao jornal O Estado, do qual muito me orgulho de fazer parte há 40 anos ininterruptamente, parabéns pelos 60 anos. Feliz de fazer parte dessa história com muitos e bons colegas, que prefiro não citá-los, para não cometer deslize por esquecimento.

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