O Estado 60 anos

Jornal faz isso com a gente

Relato de Clóvis Cabalau, atual diretor de redação de O Estado.

Clóvis Cabalau/ Diretor de Redação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Clóvis Cabalau, diretor de O Estado.
Clóvis Cabalau, diretor de O Estado. (Clóvis Cabalau)

SÃO LUÍS - Era um jovem idealista, disposto a ganhar a vida contando histórias. Assim cheguei à Redação de O Estado. O ano, 1996. Ainda cursava o último semestre da faculdade na Universidade Federal do Maranhão e “ostentava” meus pouco mais de três anos de “experiência” na profissão de jornalista. Clichês à parte, posso dizer que lembro do dia como se fosse ontem.

Por intermédio do à época editor do Caderno Alternativo Henrique Bóis, lá estava eu diante do diretor/mestre de Redação, Ribamar Corrêa. Até hoje me pergunto o que deu nele para chamar este então “novato” repórter para integrar a equipe da área cultural e ser chargista no maior jornal do Maranhão. Tratei de camuflar o entusiasmo (tinha de valorizar o meu passe). Recebi o convite com ar de naturalidade. Tudo fachada. Por dentro, era só alegria e gratidão.

Lembro-me dos primeiros dias de trabalho, do ambiente da Redação, dos colegas da época. Por aqui, fortaleceu-se em mim a convicção de que jornalismo se vive. Discerni com mais clareza o desejo sincero de respirar a cultura do Maranhão, de mergulhar na vida da minha cidade, do meu estado, do país e do mundo. Conectei-me a tudo. Jornal faz isso com a gente. Torna-se uma espécie de vício, paixão platônica, amor e ódio. Alguns leitores sabem bem do que estou falando.

Mais de duas décadas depois de minha primeira vez na Redação deste agora sessentão periódico, as lembranças afloram aliadas ao olhar constante para o dia de hoje e para o futuro. Por aqui, pensamos no agora focados no logo mais, quando tudo pode acontecer.

Entre as inúmeras lições que aprendi aqui, uma se mostra mais evidente em datas como hoje: o tempo voa no dia a dia de um jornal. Não importa o quanto o jornalismo e o mundo mudaram nos últimos 60 anos, a corrida contra o tempo ainda é o combustível diário na nossa louca/boa vida de contar histórias reais às pessoas. Corremos contra o relógio e os desafios de uma era marcada pela informação instantânea: quanto mais rápida e precisa, melhor.

E o tempo - como sempre por aqui - passou apressado. Dias, meses, anos. Hoje, o repórter que vos escreve tem o privilégio e a honra de dirigir a Redação do jornal fundado pelos idealistas José Sarney e Bandeira Tribuzi. Passaram-se quatro anos e meio desde o dia em que recebi o desafio - inesperado - de tocar o barco que me ensinou a navegar. Tempestades à vista.


Transição
O mar estava bravio em outubro de 2014. O chamado jornalismo impresso sofria com rajadas de ventos fortes. O país amargava uma crise econômica generalizada. Muitas empresas fecharam suas portas. Inovar, reinventar-se, pensar fora da caixa deixaram de ser peças de retórica para se tornarem palavras de ordem, de sobrevivência. Assim o fizemos.

Compreender o momento era vital. A realidade exigia de O Estado, mais uma vez, passos de ousadia em sua trajetória historicamente marcada por inovação e obstáculos vencidos. Mudar de curso tornou-se uma questão de lógica de mercado.

Sem privar o leitor de um conteúdo respeitável, reduzimos páginas do produto impresso e direcionamos mais conteúdo para o on-line. Com isso, o jornal equilibrou as suas plataformas. Preservamos o leitor fiel do impresso e abrimos um leque de múltiplas possibilidades aos consumidores da informação multimídia.

À história de pioneirismo de O Estado foram inseridos os QR Codes nas edições impressas, permitindo acesso à notícia via smartphones, bem como links nas réplicas digitais das páginas do jornal, remetendo a conteúdo extra, como vídeos e galerias de fotos.

Programas exclusivos para o leitor/espectador on-line nasceram. Por duas eleições consecutivas (2016 e 2018), o jornal aqueceu o debate eleitoral com a “Sabatina O Estado”, primeiro programa do gênero transmitido ao vivo por meio de um site de imprensa no Maranhão. Depois, vieram o “Liga O Estado” (programa de debate esportivo) e o “Eleições 2018”, gravados na Redação do jornal; o “Estado do Samba” (programa musical dedicado ao universo do samba); e o “Papo Alternativo” (comentários e entrevistas sobre o universo cultural). E há novidades a caminho.

No impresso, o jornal do fim semana inovou ao unir duas edições em uma só, eliminando a circulação duplicada que havia aos sábados (a edição de domingo circulava no fim da tarde de sábado). Hoje, outros jornais do país seguem a mesma tendência. Apesar da redução de cadernos, o conteúdo não perdeu densidade ou diversidade, com destaque para reportagens amplas e cadernos especiais ao longo do ano.
Mudar, de fato, sempre fez parte da rotina do jornal em suas seis décadas de jornalismo. Seguimos olhando para o horizonte, conectados às novas linguagens, mas sem desgarrar-se da credibilidade e da tradição do jornalismo impresso, bandeira que consagrou O Estado como principal jornal do Maranhão.


Inquietação
Instiga-nos a consciência de que mudanças sociais têm influenciado, a todo instante, o jeito de consumir a notícia. Também reconhecemos que os saltos da era digital trouxeram mudanças drásticas tanto no processo de produção do noticiário quanto no perfil dos profissionais de imprensa. Diante dessa realidade, O Estado tem buscado vencer o desafio de manter-se atualizado ao mercado e ao jornalismo diferenciado imposto por ele.

No curso da história, o jornal celebra 60 anos renovado pela capacidade de se reinventar, sem, contudo, abrir mão da essência que nutre o bom jornalismo: o desejo de contar histórias e ser agente transformador de seu tempo.

É, por aqui os dias passam apressadamente. Mas não o suficiente para atropelarem as muitas páginas que fizeram de O Estado o jornal mais lido do Maranhão, referencial de inovação e celeiro de tantos talentos que deixaram suas digitais na história do jornalismo no estado.
Ao ressaltarmos mais um ano de O Estado, méritos devem ser dados à equipe de profissionais – de hoje e do passado – que construiu a trajetória de seis décadas de notícias diárias, um marco a ser lembrado e celebrado.

Em nome de toda a equipe, encerro com um agradecimento especial aos leitores e assinantes do jornal, a quem temos a alegria e o dever de bem informar.
Nosso muito obrigado a todos.

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