Petróleo

EUA aumentam pressão contra exportações do Irã

Washington suspende exceção que permitia que oito países continuassem comprando produto iraniano sem sofrer sanções, e provoca disparada nos preços internacionais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Foto de arquivo mostra navio-tanque iraniano ancorado nas instalações da Ilha Khark, na costa iraniana do Golfo Pérsico
Foto de arquivo mostra navio-tanque iraniano ancorado nas instalações da Ilha Khark, na costa iraniana do Golfo Pérsico (Reuters)

WASHINGTON e DUBAI – Os Estados Unidos anunciaram ontem, 22, que não vão renovar uma medida que permitia que alguns países continuassem comprando petróleo do Irã sem correr o risco de sofrer sanções americanas, reimpostas em novembro de 2018 após a decisão unilateral do presidente Donald Trump de sair do acordo nuclear firmado com Teerã em 2015. O anúncio está provocando uma disparada nos preços do petróleo no mercado internacional, apesar das promessas da Arábia Saudita e de outros grandes produtores de compensarem o corte no fornecimento de petróleo iraniano.

O fim das exceções às sanções americanas, a partir de 1º de maio, afetará oito países que ainda compram petróleo iraniano, parte deles aliados dos EUA: China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Itália, Grécia, Taiwan e Turquia.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reiterou que o objetivo dos EUA é reduzir as exportações de petróleo do Irã a zero. As vendas iranianas já recuaram de mais de 2,5 milhões de barris diários para menos de 1 milhão desde a reimposição das sanções no ano passado. "Hoje anuncio que não faremos mais exceções", disse Pompeo. "Vamos para zero".

O governo iraniano respondeu que a decisão americana “não tem valor legal”, mas também informou que entrou em contato com países parceiros europeus e outros, que mantêm de pé o acordo nuclear de 2015, para “agir adequadamente”.

A Guarda Revolucionária - força de elite das Forças Armadas iranianas - afirmou que está pronta para fechar o estratégico Estreito de Ormuz, por onde passa não só o petróleo iraniano como boa parte da produção de outras nações do Golfo Pérsico, caso seu país seja impedido de usá-lo.

"De acordo com as leis internacionais, o Estreito de Ormuz é uma passagem marítima, e se formos impedidos de usá-lo, vamos fechá-lo", disse o general Alireza Tangsiri à agência de notícias iraniana Fars. "No caso de qualquer ameaça, não teremos a mínima dúvida em proteger e defender as águas iranianas".

Relatos sobre a iminente decisão americana e seu anúncio nesta segunda fizeram os preços do petróleo subirem fortemente desde domingo. O barril do tipo Brent, referência internacional, está em alta de 2,6% a US$ 73,87, tendo atingido valor máximo de US$ 74,31 nas negociações de hoje, maior valor desde novembro. Já do WTI, referência do mercado americano, sobe 2,4%, a US$ 65,52 após ter atingido US$ 65,87, maior preço desde outubro.

A decisão de sufocar as exportações de petróleo iranianas é parte de uma campanha cada vez mais agressiva do governo de Trump para forçar uma mudança de regime em Teerã e conter o apoio militar dos iranianos a aliados no Oriente Médio, como o Hezbollah libanês e o regime de Bashar al-Assad na Síria.

Os EUA já conseguiram fazer com que grandes companhias europeias suspendessem os investimentos que haviam anunciado no Irã depois do acordo nuclear de 2015. Embora França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China continuem sendo parte do acordo — no qual Teerã se comprometeu a não produzir a bomba atômica, em troca do fim das sanções internacionais de que era alvo —, as empresas europeias são suscetíveis à natureza extraterritorial das punições americanas, por terem negócios nos EUA e usarem o dólar em transações internacionais.

Importações

Embora Itália, Grécia e Taiwan já tenham interrompido as importações de petróleo do Irã, China e Índia terão mais dificuldades em fazer o mesmo. E a Turquia criticou a decisão americana, afirmando que ela não serve à causa da paz.

Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse ontem, que Pequim é contra a política unilateral de sanções dos EUA contra o Irã. e que qu China continuará a colaborar e se relacionar com o país de acodo com a lei internacional.

Já o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul informoui que o governo do país continua a negociar com os EUA em todos os níveis pela prorrogação das execeções e fará todos os esforços para refletir sua posição até o prazo limite de maio, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Na Índia, por sua vez, as refinarias de petróleo avisaram já estar procurando fontes alternativas. O governo indiano, no entanto, ainda não comentou oficialmente o assunto.

As embaixadas de Índia, China e Coreia do Sul em Washington também ainda não responderam a pedidos de comentários, bem como a do Japão, cujo primeiro-ministro Shinzo Abe chega aos EUA na sexta-feira para uma visita oficial.

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