CARACAS - O líder da Assembleia Nacional da Venezuela e autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, foi impedido de ocupar cargos públicos durante 15 anos por suposta corrupção, anunciou ontem, 28, a Controladoria da Venezuela, fortemente vinculada ao governo de Nicolás Maduro.
O organismo decidiu "desativar o exercício de qualquer cargo público do cidadão (Juan Guaidó) pelo prazo máximo estabelecido na lei", porque Guaidó teria viajado sem autorização da Assembleia Nacional Constituinte, órgão legislativo vinculado ao chavismo, e por gastos incompatíveis com seu patrimônio pessoal.
" Guaidó realizou 91 viagens ao exterior sem autorização da Assembleia Nacional [Constituinte], pelo montante de 570 milhões de bolívares (US$ 82.541), valor que não pode justificar com o seu salário de servidor público", disse Elvis Amoroso, controlador geral do governo, na televisão. — Presume-se que Guaidó recebeu dinheiro de instâncias internacionais e não declarou impostos. O deputado Guaidó violou as leis da República.
Amoroso, designado controlador geral pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC), solicitou ainda que a investigações sobre os bens do líder opositor sigam em frente.
Não se sabe quais são os efeitos práticos da condenação, porque a Assembleia Nacional presidida por Guaidó tem relações rompidas com os demais poderes da Venezuela, e os dois lados não se reconhecem mutuamente. O líder opositor desconsiderou a decisão em um discurso proferido em Caracas.
"Não existe uma Assembleia Nacional Constituinte, não existe um controlador. Eles não são reais. O único órgão que pode designar cargos é a Assembleia Nacional", afirmou. "Se viajei, ao menos sou recebido em outros lugares. E também a primeira-dama. Ninguém deseja recebê-los".
Guaidó acrescentou que os cidadãos da Venezuela "não vão se confundir com uma falsa inabilitação" e que o governo tomou a medida para desviar a atenção do recente grande apagão que atingiu o país.
"O povo sabe que nada disso resolve a crise elétrica. O que soluciona a crise elétrica é o empréstimo que estamos negociando com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) quando acabar a usurpação.
A Controladoria Geral havia anunciado no dia 11 de fevereiro a abertura de uma investigação contra o opositor por receber financiamento internacional, o que caracterizaria um ato de corrupção.
A Controladoria solicitou ao Ministério Público que "conduza as ações correspondentes" e a autoridade fiscal para inspecione os hotéis onde o oponente se hospedou na Venezuela.
Líderes da oposição, como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, foram submetidos a inabilitações semelhantes, que os impediu de concorrer a cargos eletivos.
Saiba Mais
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.