Religião

Haddad prepara carta para eleitorado evangélico

Candidato do PT deve comprometer-se com a defesa da vida e dos valores da família; documento deve ser divulgado durante encontro com evangélicos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Fernando Haddad vai se reunir com lideranças evangélicas hoje
Fernando Haddad vai se reunir com lideranças evangélicas hoje (HADDAD)

BRASÍLIA - Preocupado com o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o eleitorado tradicionalmente petista, Fernando Haddad (PT) prepara uma carta aos evangélicos em que vai se comprometer com a defesa da vida e dos valores da família.

O documento deve ser divulgado nesta quarta-feira (17), quando o petista participará de um encontro com lideranças evangélicas em São Paulo, e tenta resgatar o eleitor pobre e religioso que antes votava no PT, mas hoje apoia o capitão reformado.

Haddad deve se comprometer a não tratar de temas morais, se eleito, deixando-os para o Congresso, como pedem os religiosos.

Segundo pesquisa Datafolha cerca de 70% dos evangélicos hoje estão com Bolsonaro, que continua crescendo entre os eleitores do Nordeste, pobres e mulheres. O candidato do PSL abriu vantagem de 18 pontos sobre o petista de acordo com o Ibope divulgado na segunda-feira (15) —ele tem 59% contra 41% de Haddad.

A divulgação da carta aos evangélicos é uma das ações que a campanha do PT pretende desenvolver em um momento crítico, a 12 dias do segundo turno. Após ver a frente democrática ser colocada em xeque a ausência de figuras esperadas por Haddad, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), o candidato vai investir em encontros setoriais com artistas, juristas, reitores e cientistas.

Apesar do discurso de que é preciso “ampliar o arco de alianças” na sociedade, esses grupos tradicionalmente apoiam o PT. Além dos evangélicos na quarta, Haddad tem marcado para quinta-feira (18), em São Paulo, um encontro com juristas e, na sexta (19), no Rio, com reitores e cientistas.

Para a próxima semana, dia 23 de outubro, um ato com artistas está marcado também na capital fluminense. Cantores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil devem comparecer.

Segundo integrantes da campanha, até mesmo a cantora Anitta está sendo procurada para participar do evento.

Em ato pró-Haddad, Cid Gomes cobra mea culpa do PT

O senador eleito pelo Ceará Cid Gomes (PDT) se envolveu em uma discussão com apoiadores do PT durante ato a favor ao candidato da sigla à Presidência, Fernando Haddad, na noite da última segunda-feira, 15, em Fortaleza.

Em vídeo que circula nas redes sociais, Cid faz elogios a Haddad, mas cobrou que o PT faça um mea culpa para conquistar o apoio do eleitorado. "Tem de pedir desculpas, tem de ter humildade, e reconhecer que fizeram muita besteira", disse o senador eleito, sendo interrompido por pessoas da plateia. "É sim, é? Pois tu vai perder a eleição. Não admitir um mea culpa, não admitir os erros que cometeu, isso é para perder a eleição e é bem feito. É bem feito perder a eleição", afirmou.

Daí em diante, a fala de Cid foi interrompida por vaias e por algumas palmas da plateia. Depois de dizer que "estas figuras criaram (Jair) Bolsonaro", o senador desabafou: "Não sei por que me pediram para falar antes. É para fazer faz de conta? Eu faço faz de conta."

Cid, então, foi interrompido pelo coro "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula" da plateia. "Lula o quê? Lula tá preso, ô babaca. O Lula tá preso. O Lula tá preso. E vai fazer o quê? Babaca, babaca. Isso é o PT. E o PT deste jeito merece perder. Babaca, vai perder a eleição. É este sentimento que vai perder a eleição", reagiu.

Instantes depois, Cid disse que o partido dele "compreendeu" o momento político e apoiou o governador Camilo Santana (PT), eleito em 2014 e reeleito em primeiro turno. Ele criticou ainda o apoio de Lula ao senador derrotado Eunício Oliveira (MDB). "Muito bem, amigos e amigas que me têm atenção, vamos relevar, mais uma vez, vamos relevar", afirmou.

A fala de Cid ocorre em um momento em que a campanha petista busca uma maior aproximação com o PDT, cujo candidato Ciro Gomes, irmão do senador eleito, obteve 13,3 milhões de votos. O partido se limitou até agora a fazer um "apoio crítico" a Haddad

Na manhã desta segunda-feira, Haddad disse que o PT procuraria o partido dos irmãos Gomes para alinhar um apoio mais claro a ele. Procurado pelo Broadcast Político, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, negou a aproximação e reafirmou que o partido pretende lançar já no fim do mês o nome de Ciro Gomes para a corrida ao Planalto de 2022. Ciro, por sua vez, segue em viagem de férias no exterior.

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