Região síria de Idlib

Rússia e Turquia firmam acordo para não atacar rebeldes sírios

Província do norte da Síria e as áreas vizinhas são o último enclave mantido por grupos armados que lutam contra Assad

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

SOCHI - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou ontem ter firmado um acordo com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para que seja criada uma zona desmilitarizada sob seu controle na região síria de Idlib, o último bastião de resistência contra o governo de Damasco. Segundo Moscou, a medida evitará uma ofensiva armada contra a província.

"Decidimos criar uma zona desmilitarizada de 15 a 20 quilômetros ao longo da linha de contato a partir de 15 de outubro deste ano", disse o presidente russo após uma reunião com Erdogan em Sochi, acrescentando que as armas deverão ser retiradas da futura zona desmilitarizada até 10 de outubro.

A província do norte da Síria e as áreas vizinhas são o último grande enclave mantido por grupos armados que lutam contra o presidente Bashar al-Assad. Na área vivem cerca de três milhões de civis, muitos dos quais fugiram de confrontos em outras áreas retomadas pelo governo, que desde 2015 vem consolidando seu controle sobre as principais regiões sírias.

O maior grupo atuante na área é o Tahrir al-Sham (THS), antiga Frente al-Nusra, afiliada à al-Qaeda. Segundo Putin, os seus membros, que controlam 60% da província, deverão se retirar da área correspondente à zona desmilitarizada, a serem patrulhadas por forças russas e turcas. O objetivo principal de Ancara é neutralizar o THS e, ao mesmo tempo, evitar uma grande ofensiva militar.

A Turquia vinha expressando receio de que um ataque provocasse um novo fluxo de refugiados para o seu território, uma vez que milhões de pessoas poderiam se dirigir à fronteira na fuga dos conflitos. Por sua vez, Putin vinha dizendo ser contrário a um cessar-fogo no enclave de Idlib porque os combatentes da al-Nusra e do Estado Islâmico, presentes na região, não integram as negociações de paz.

Risco

A ONU alertara para o risco de uma nova crise humanitária decorrente de uma eventual ofensiva síria na região, que poderia obrigar outros 700 mil sírios a abandonarem suas casas. Nas últimas semanas, as Forças Armadas sírias haviam distribuído panfletos na província exortando a população local a se render e enviados reforços à frente de batalha, desencadeando especulações sobre um iminente ataque.

A Síria é devastada desde 2011 por uma guerra que causou mais de 360 mil mortes. A intervenção do Exército russo desde setembro de 2015 em apoio ao regime sírio mudou o curso da guerra e permitiu que o governo de Damasco obtivesse importantes vitórias militares.

Putin e Erdogan, cujos países são atores-chave no conflito, se reuniram nesta segunda-feira em Sochi com o objetivo de superar as divergências que surgiram na cúpula celebrada entre Rússia, Turquia e Irã há dez dias. As discordâncias levaram Moscou a adiar a ofensiva contra Idlib para evitar uma ruptura com Ancara.

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