17 anos depois

Mais de mil vítimas do 11/9 ainda não foram identificadas

Novas tecnologias na análise de DNA dão esperanças, embora processo seja dificultado por sepultamento prematuro de vítimas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

NOVA YORK - Um avanço na análise de DNA está ajudando a identificar mais vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York, mas a evolução anda a passos lentos. Para as famílias que tiveram os restos mortais de seus parentes possivelmente sepultados junto ao aterro de Staten Island, a novidade não oferece muito consolo. A dor dos familiares das mais de mil vítimas não identificadas do atentado continua após 17 anos.

O número oficial de mortos nos ataques ao World Trade Center é de 2.753, incluindo os desaparecidos e presumidos mortos. Apenas 1.642 deles, cerca de 60%, foram identificados.

O Instituto Médico Legal de Nova York tem trabalhado desde 2001 para identificar as 1.111 vítimas restantes. Usando os avanços nas técnicas de extração de DNA nos últimos cinco anos, foram feitas mais cinco identificações.

"Somos muito gratos pelo fato de a identificação continuar, mas há mais material que poderia ter sido parte das pesquisas se a cidade de Nova York não tivesse sido tão arrogante conosco", disse Diane Horning, que liderou uma batalha judicial levada a cabo por um grupo chamado World Trade Center Families, com o objetivo de promover um enterro adequado das vítimas.

O grupo lutou, sem sucesso, para impedir que a cidade construísse um parque por cima do enorme aterro sanitário de Fresh Kills, em Staten Island, onde 1,8 milhão de toneladas de destroços das Torres Gêmeas foram despejados e enterrados.

Horning liderou o grupo, embora seu filho Matthew tenha sido um dos já identificados anteriormente. Matthew, 26 anos, era administrador de bancos de dados de uma companhia de seguros e estava trabalhando no 95º andar da Torre Norte quando os aviões atingiram o local.

Para criar o parque, o aterro de Fresh Kills foi coberto com camadas de solo e outros materiais para impedir a liberação de gás tóxico da decomposição do lixo na atmosfera, segundo a Freshkills Park Alliance, parceira sem fins lucrativos de Nova York responsável pelo desenvolvimento do parque. Com isso, os restos mortais foram possivelmente enterrados juntos dos escombros para sempre.

Realização científica

A capacidade de identificar mais vítimas é o último capítulo de uma saga de dor que começou na manhã de 11 de setembro de 2001, quando dois aviões de passageiros se chocaram contra as Torres Gêmeas do World Trade Center. O ataque terrorista a quatro aeronaves comerciais foi coordenado militantes da Al-Qaeda, que assumiram as cabines dos pilotos e mataram as quase 3 mil pessoas em Nova York, Washington e no Oeste da Pensilvânia, onde um dos aviões caiu num campo agrícola.

Um avanço científico na extração de material genético foi alcançado este ano e anunciado pelo médico-legista chefe da cidade de Nova York na semana passada. A nova técnica coloca fragmentos ósseos numa câmara contendo nitrogênio líquido para torná-los mais frágeis e, assim, transformá-los num pó fino. Quanto mais um osso é pulverizado, maior a probabilidade de se extrair DNA dele.

Trata-se do mais recente esforço na maior investigação forense na história dos EUA, envolvendo uma equipe de médicos legistas e 10 cientistas que trabalham em restos mortais que já foram anteriormente considerados degradados demais por combustível de aviação, calor e outros fatores para passar por testes.

"Estamos fazendo perfis de DNA de restos mortais que não esperávamos identificar no passado", disse Mark Desire, chefe do laboratório de criminalística do Instituto Médico Legal de Nova York.

Charles Wolf, que perdeu sua mulher no atentado, mas não estava entre os que se opunham ao projeto Freshkills Park, se mostrou satisfeito com o esforço renovado dos legistas.

"Meu coração se alegra com a possiibilidade de que haja restos identificados para as pessoas que ainda os desejam. Lembro-me de ver Nancy Reagan tocar no caixão do marido. Eu sinto falta de não ter tido isso", disse ele, emocionado ao telefone.

Na Pensilvânia

O presidente Donald Trump elogiou ontem os homens e mulheres do voo 93 da United Airlines por salvar inúmeras vidas ao lutarem contra os sequestradores e classificou o campo em que o avião caiu como um monumento.

Trump disse que a nação compartilhou a dor dos membros das famílias cujos entes queridos se perderam naquele dia. "Nós lamentamos juntos por cada mãe e pai, irmã e irmão, filho e filha, que foram roubados de nós nas Torres Gêmeas, no Pentágono e aqui neste campo da Pensilvânia", disse.

O presidente completou sua fala com um momento de reflexão, afirmando que os passageiros entraram no avião como estranhos, mas serão eternamente lembrados como verdadeiros heróis.


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