Condenação

Mulher ativista pode ser primeira executada por Arábia Saudita

Da minoria xiita, Israa al-Ghomgham é acusada de "incitar protestos" e "gritar contra país", segundo a ONG Human Rights Watch

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

RIAD - A Procuradoria Geral da Arábia Saudita está pedindo a pena de morte para cinco ativistas de direitos humanos no leste do país, atualmente sendo processados em um tribunal secreto para assuntos de terrorismo, segundo a ONG Human Rights Watch. Entre os detidos está Israa al-Ghomgham, que ativistas sauditas afirmam ser a primeira mulher que corre o risco de ser condenada à pena de morte por suas atividades relacionadas a diretos humanos. Acusações contra ela incluem "incitação a protestos", "apoio moral a manifestantes", "gritar frases contra o regime", "tentar inflamar a opinião pública" e "filmar protestos, disponibilizando-os em redes sociais".

"Toda execução é chocante, mas pedir pena de morte para ativistas como Israa al-Ghomgham, que não são nem acusadas de conduta violenta, é monstruoso", afirmou Sarah Leah Whitson, diretora da Human Rights Watch no Oriente Médio, em um comunicado nesta quarta-feira.

Sobre o caso, ativistas parceiros dos detidos afirmaram que o processo ainda estava em julgamento, negando boatos de que os cinco já tivessem sido executados. Ainda de acordo com o Human Rights Watch, "o caso representa um perigoso precedente para outras ativistas mulheres atualmente atrás das grades no país".

A Arábia Saudita, uma monarquia absoluta em que protestos públicos e partidos políticos são proibidos, tem empreendido algumas reformas sociais e econômicas recentes sob o governo do príncipe Mohammed bin Salman. Essas mudanças, no entanto, têm sido acompanhadas por uma investida contra críticos do governo, com prisões de dezenas de líderes religiosos, intelectuais e ativistas detidos no ano passado — o que inclui mulheres que fizeram campanha pelo direito de dirigir no país.

Em novembro de 2018, autoridades, ministros e empresários foram presos sob a acusação de corrupção, o que gerou suspeitas de que a intenção de Bin Salman fosse promover um expurgo de opositores. A maioria dos detidos foi solta depois de firmar acordos financeiros não revelados com o governo.

Ghomgham é uma importante ativista xiita que documentou manifestações na Província Oriental do país, começando em 2011. Ela foi presa com seu marido em 2015. Grande parte da minoria xiita do país vive na região rica em petróleo e tem reclamado que suas cerimônias religiosas são constantemente proibidas pelas autoridades sunitas — o que o governo nega.

A Arábia Saudita já executou ativistas xiitas no passado. O país vê protestos xiitas como uma forma de fortalecimento do Irã, seu inimigo regional que é acusado por Riad de fomentar as manifestações. As autoridades realizaram operações de segurança contra supostos militantes xiitas na Província Oriental, que há anos vem sofrendo distúrbios e ataques armados ocasionais.


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