Artigo

Lições de Rui Barbosa (I)

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

Rui Barbosa, de espírito republicano, sempre conviveu, harmoniosamente, com a Monarquia, onde ostentava o título de Conselheiro da Coroa, chegando a receber o cobiçado convite para o Baile da Ilha Fiscal.

No final do século XIX, o país passava por grandes transformações econômicas e sociais. As províncias queriam mais autonomia nos negócios. Nessas circunstâncias, Rui Barbosa inseria seu discurso inovador. Para o político e jurista, a nova sociedade brasileira deveria adotar o modelo norte-americano de estruturação do Estado e o padrão inglês de democracia. Assim, ela seria mais moderna, dinâmica, afastando a omissão e a instabilidade do governo vigente. A proposta ruiana, baseada no fluxo dos ideais federalistas e democráticos, começava a ganhar terreno e compatibilizar-se com os anseios sociais da sua época.

Rui Barbosa, um dos articuladores do movimento para derrubar a Coroa e instalar a República, foi um dos mais eminentes juristas e políticos da Primeira República no Brasil. Vislumbrava-se, então, um futuro constitucional do país.

Estava incluído entre os homens de ambição desmedida, vaidosos e prepotentes, que apoiaram o golpe de Deodoro e Floriano, militares despreparados para assumir tamanho poder. Rui apoiou o golpe que destituiu dom Pedro II sem que tivesse tido um plebiscito favorável à mudança da Monarquia Constitucional para um sistema Republicano. Foi o responsável pela desarticulação entre os militares e a Coroa, criando instrumentos para fazer nascer o clima para a revolução federalista. Além do mais, sua atuação reduzia as crenças no poder central, na fidelidade dos libertos para com o trono e na naturalidade das arbitrariedades cometidas contra os escravos.

Através de sua atuação jornalística soube, inteligentemente, criar na mente do público brasileiro uma imagem do governo, o que foi formalmente assimilada pela sociedade. Critica a elite política, o poder monárquico centralizador e o corpo de ministros, mesmo reconhecendo a figura do imperador. A revolução federalista tinha que ser legal, legítima e baseada na liberdade.

Não obstante ser considerado um ícone do republicanismo, logo se desencantou com o sistema. Mais tarde, arrependido e decepcionado com o que tinha ajudado a criar, chegou a dizer: “Enquanto o Parlamento do Império era uma escola de estadistas, o Congresso da República transformou-se em uma praça de negócios”.

Foi um dos organizadores da República e coautor da Constituição de 1891, juntamente com Prudente de Morais. Como político e jurista foi atuante na defesa do federalismo e do abolicionismo, lutador incansável na promoção dos direitos e garantias individuais.

Rui Barbosa era dotado de uma inteligência privilegiada e de uma excelente capacidade de trabalho. Deixou marcas indeléveis na história do Brasil, nos campos do direito, como advogado e jurista, no jornalismo, diplomacia e na política e foi um defensor da liberdade e da justiça. Era um homem público de prestígio internacional.

Foi um ferrenho defensor do movimento abolicionista, do Império à República Brasileira, da reforma do ensino e do sistema eleitoral, como profissional atuante que era, desde o início de sua vida profissional até sua morte em 1923. Na sua campanha civilista propôs a ordem social como uma política para o país. Em Haia defendeu a igualdade entre as nações.

Rui Barbosa foi uma das mais importantes figuras na história do Brasil. Destacou-se como político, diplomata, escritor, jornalista, advogado e orador. Apresentou seus Pareceres sobre educação e, como doutrinador por excelência, era um polemista convicto que lutou pela grandeza do Brasil.

Aldy Mello

Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, membro fundador da ALL e membro efetivo do IHGM

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