Editorial

Seguro-desemprego x fraude

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

Que a corrupção está enraizada na cultura do Brasil, isso não há dúvida. Todos os dias há um bombardeio de notícias sobre crimes em diversas áreas da sociedade, especialmente envolvendo agentes do setor público.

Seguro-desemprego e previdência são exemplos de fraudes milionárias, que acontecem com a ajuda também de agentes públicos. O mais recente caso, foi descoberto pela Operação Seguro Fake, deflagrada na quinta-feira, 22, nas cidades de Redenção e Conceição do Araguaia, no Pará, e São Luís e São José de Ribamar, no Maranhão.

A Polícia Federal, em parceria com o Ministério do Trabalho, fez o seu dever e cumpriu 19 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão. Pior é que esses dois estados são reincidentes em situações dessa natureza, apresentando alta incidência desta modalidade de fraude.

Em apenas 10 minutos, os policiais flagraram 42 tentativas de fraude ao benefício em uma única agência da Caixa Econômica Federal, na cidade de Redenção, no Pará.

Mesmo tendo conhecimento do eficiente Sistema Antifraude do Seguro Desemprego, desenvolvido pelo Ministério do Trabalho, como forma de combater essa prática criminosa, e que desde o seu lançamento em 2016, conseguiu bloquear 57.773 requerimentos, evitando-se assim o desvio de mais de R$ 750 milhões, os fraudadores não desistem. Sempre procuram uma brecha para sangrar os cofres públicos.

Isso sem falar de outras ações criminosas como as que há mais de três anos vieram a público com a Operação Lava Jato, o que piorou ainda mais a imagem do Brasil no exterior, com seus mensalões e propinodutos.

Não à toa que o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) registrou que o país caiu 17 posições e ficou em 96º lugar no ranking de países menos corruptos de 2017 elaborado pela Transparência Internacional. O estudo mundial avaliou a percepção da corrupção no setor público de 180 países. Quanto melhor a posição no ranking, menos o país é considerado corrupto. A 96ª colocação é o pior resultado do Brasil nos últimos cinco anos, segundo a Transparência Internacional. Em 2016, o Brasil ficou em 79º.

No livro Corrupção e poder no Brasil - Uma história, séculos XVI a XVIII, a historiadora Adriana Romeiro, mostra que a corrupção aparece como fenômeno da história do Brasil desde o momento da chegada de Pedro Álvares Cabral. E afirma que ela “faz parte da nossa história e para que a gente possa superar esse legado maldito é preciso entender a corrupção e talvez uma das formas de romper com esse passado é conhecê-lo melhor”.

E não se fale em corrupção somente no âmbito da política. Essa cultura vai mais além, pode estar até dentro de casa, e ninguém se dá conta disso. Mas, urge que se dê um basta a esse câncer, parra que o povo brasileiro possa um dia se orgulhar verdadeiramente de sua pátria.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.