Eleições 2018

Governo adota silêncio após denúncia de uso da máquina por secretários

Caso já foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, mas o Palácio dos Leões evita tratar do assunto de forma oficial

OEstadoMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Flávio Dino ainda não se posicionou sobre reclamações de aliados
Flávio Dino ainda não se posicionou sobre reclamações de aliados (Flávio Dino é governador)

O governo Flávio Dino (PCdoB) adotou o silêncio como estratégia após o surgimento de denúncias de que alguns de seus auxiliares – notadamente os pré-candidatos a deputado federal e estadual – estão usando a estrutura do Executivo para cooptar prefeitos e lideranças Maranhão adentro.

Segundo apurou O Estado com membros da base governista na Assembleia Legislativa, o que mais incomodou o comunista foi o fato de as revelações terem partido de aliados. A denúncia estourou a partir de um discurso do deputado Raimundo Cutrim, que é do PCdoB e logo foi endossada por quase uma dezena de parlamentares, entre governistas e oposicionistas.

Em situação normal, concordam os deputados ouvidos pela reportagem, caso denúncia do tipo partisse da oposição, o governador teria o pano de fundo da disputa política para contra-atacar.

“O problema é que a reclamação partiu da própria base”, relatou um desses governistas. E, desde então, o Palácio dos Leões não toca no assunto de forma oficial.

Estopim – O estopim da crise, pelo que contam os parlamentares mais insatisfeitos, foi uma recente ofensiva do secretário de Estado da Agricultura, Márcio Honaiser. Ele é pré-candidato a deputado estadual pelo PDT.

Na quarta-feira, 7, o deputado Raimundo Cutrim revelou sua insatisfação. “Aqui tem um secretário de Estado que foi a alguns prefeitos, e disse: ‘Olha, eu vou dar isto aqui para ti, para você votar em mim. Se não for, eu não dou’. Ora, secretário, são ações do governo”, criticou Cutrim, que não revelou o nome do secretário, mas citou alguns dos prefeitos assediados.

“O prefeito de Senador La Rocque, esse secretário foi lá e prometeu alguns recursos e obras ou fatos para aquele município: ‘mas só encaminho se você votar em mim’. Então aí há previsão legal de crime eleitoral, a partir do que você condiciona. Prefeito de São João do Caru também. Prefeito de Presidente Vargas, Wellington. Prefeito de Bom Jardim, onde é votado o Deputado Neto Evangelista. Prefeito de Pindaré Mirim, onde é votado o Chefe do Gabinete Civil, o Marcelo. Então são fatos que nós não podemos aceitar. Secretário do governo condicionando favor para colocar, tendo que votar nele. Isso é crime, nós não podemos, como Assembleia Legislativa, a população e o Ministério Público, não podemos aceitar fatos dessa natureza”, completou.

Em nota enviada a O Estado, na semana passada, Honaiser confirmou que participou de evento da pasta no interior, quando entregou “uma patrulha agrícola e demais equipamentos, adquiridos via emenda do deputado Cléber Verde”, mas negou que o ato tenha tido cunho político eleitoral.

Outro secretário citado, o titular da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), Adelmo Soares, ainda não se manifestou.

Além de Cutrim, endossaram as notícias de cooptação de apoio com uso da máquina os deputados governistas Vinícius Louro (PR), Sérgio Frota (PSDB), Josimar de Maranhãozinho (PR), Stênio Rezende (DEM) e Júnior Verde (PRB).

MAIS

O presidente estadual do Partido Republicano Progressista (PRP), ex-vereador Severino Sales, protocolou na sexta-feira, 9, na Procuradoria Regional Eleitoral, notícia de fato solicitando providências acerca das denúncias de que secretário do governo Flávio Dino (PCdoB) estão usando a estrutura do o Executivo para angariar apoio político no interior do estado. Os relatos dos parlamentares atingem diretamente o secretário de Estado da Agricultura, Márcio Honaiser (PDT), e o secretário de Estado da Agricultura Familiar, Adelmo Soares (PCdoB), ambos pré-candidatos a deputado estadual. Mas o pedido de providências do PRP cita, ainda, os secretários Márcio Jerry (PCdoB), da Comunicação e Asosuntos Políticos; Marcelo Tavares (PSB), da Casa Civilo; e Neto Evangelista (PSDB), do Desenvolvimento Social.

Pré-candidato diz que comunistas agem como “numa feira livre”

Pré-candidato a governador pelo Partido Republicano Progressista (PRP) – legenda que denunciou o caso à Justiça Eleitoral – o ex-deputado e ex-secretário da Saúde Ricardo Murad comentou no fim de semana as revelações feitas por aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) sobre o uso da estrutura do Executivo para a captação de votos.

Segundo ele, os secretários agem como se estivessem em “numa feira livre” de prefeitos e lideranças.

“O vício do cachimbo faz a boca torta. De tanto agirem com Flávio Dino para cooptação de partidos políticos, como se estivessem numa feira livre, seus secretários candidatos fazem o mesmo em relação aos prefeitos. Só não perceberam que os deputados governistas, que tanto defendem o governador, reagissem, contando em detalhes o modus operandi da compra de apoios”, destacou.

Ele lembrou que o PRP já fez um “alerta” às autoridades que devem primar pelo zelo à legislação eleitoral.

“Como pré-candidato, reforço o alerta do PRP às autoridades da Justiça Eleitoral para que tenhamos eleições limpas, onde o voto livre prevaleça”, completou.

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