Editorial

Flanelinha nem sempre cordial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

A invasão de flanelinhas ao Centro de São Luís é sinônimo de intimidação para grande parte dos motoristas que precisam estacionar nessa área. Em meio aos guardadores de carro que agem com responsabilidade e respeito, inclusive com autorização das autoridades públicas, há indivíduos mal intencionados, muitos dos quais usuários de drogas, que a pretexto de vigiar veículos, cometem crimes e representam grave ameaça a quem se deixa enganar por seu oportunismo e astúcia.

No Centro da capital maranhense, há flanelinhas de verdade, que trabalham há décadas nessa função no entorno das praças Deodoro e do Pantheon e em ruas como as da Paz, do Sol, de São João, de Santana, dos Afogados, dentre tantas outras. Não é difícil encontrar guardadores com histórias de vida emocionantes, que abriram mão dos estudos em nome da sobrevivência própria e de familiares. São personagens do cotidiano, cujas trajetórias se confundem com o ambiente onde passam a maior parte do dia e, quando é o caso, da noite.

O que chama atenção é a cordialidade comum aos autênticos flanelinhas, algo que impressiona por ter sido aprendido em plena rua, lugar onde o destino se mostra mais cruel e as relações interpessoais são, geralmente, desumanas. Apesar do clima hostil, muitos adquiriram hábitos dignos de escolas de bom nível e de famílias bem estruturadas, o que quase nunca é o caso. São cidadãos que jamais hesitam em dizem bom dia, em abrir as portas dos carros para o ocupante entrar ou sair, em se despedir com gentileza e outras formas de tratamento condizentes com a civilidade.

Quando o assunto é compensação financeira pelo trabalho, a postura torna-se ainda mais elogiável. Conscientes de que estão tirando o sustento no espaço público, sem as obrigações tributárias comuns aos empregos formais, os verdadeiros flanelinhas são incapazes de explorar quem recorre aos seus serviços. Para eles, a regra é aceitar o que vier, ou seja, os motoristas pagam o que puderem. Trata-se de uma convivência aceitável e até mesmo amigável, uma vez que não há qualquer tipo de abuso ou intolerância.

Mas, como em toda atividade existem os maus, o ofício de vigiar carros não está livre de conflitos e hostilidades. Geralmente, os atritos envolvem elementos que se infiltram no segmento sem o devido preparo e acabam se tornando ameaças para condutores incautos e para outros flanelinhas que, porventura, venham reagir ao seu mau comportamento. Mulheres e idosos são mais vulneráveis à ação dos malfeitores, muitos dos quais criminosos travestidos de guardadores de carro.

A cada fim de ano, multiplicam-se os flanelinhas no Centro. Muitos nada mais são do que bandidos, que passam despercebidos na multidão e em meio ao trânsito desordenado da área. Misturados ao contexto urbano, praticam todo tipo de delito, dentre os quais ameaças, furtos, assaltos, lesões corporais, tentativas de homicídio e, em casos extremos, homicídios consumados.

Sem nenhum compromisso com o bem comum, se fazem presentes apenas para promover a desgraça, em vez de zelar pelo bem alheio. Por isso, devem ser banidos, com todo o rigor previsto em lei.

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