Novos tópicos relevantes - III

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

É certo que a política de auxílio à liquidez praticada pelo Federal Reserve – FED e outros bancos centrais de países desenvolvidos evitou um novo “crash”, mas endividou empresas e governos; agora, esse excesso de afrouxamento monetário constitui “ameaça global”, segundo Wolfgang Schäuble, ministro das finanças da Alemanha, às vésperas de deixar o cargo.
Nos Estados Unidos, a inflação que ainda não aconteceu, porém esperada em decorrência do aumento da liquidez proporcionado pelo FED, admite uma elevação gradual dos juros sem maiores riscos à uma “recuperação sustentada” da economia; esse aumento de juros, entretanto, ensejará movimentação de capitais em busca de maior remuneração dos ativos, como a provável evasão dos países emergentes.
“Dirigentes de BCs enfrentam crise de confiança com fracasso de modelos”. Trata-se de interpretar corretamente o risco que paira sobre a economia mundial em virtude do excesso de liquidez reinante, paulatinamente sendo reduzido pelo FED, bem como do anunciado aumento dos juros.
Janet Yellen, atual presidente do FED, em fim de mandato, disse: “Nosso quadro para entender a dinâmica da inflação pode estar essencialmente mal especificado”. Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu – BCE, observa: “A atual expansão da economia... ainda não se traduziu suficientemente em uma dinâmica de inflação mais forte”.
Enquanto isso a sucessão no FED mobiliza o governo dos EUA: manter a atual presidente, assegurando a continuidade da política monetária em curso e uma implantação menos forte de medidas de regulação do mercado financeiro (legislação Dodd-Frank), ou substituí-la por outro nome de perfil menos conservador?
A volta do crescimento da atividade econômica, no Brasil, na base do consumo turbinado pela eventual disponibilidade de recursos financeiros e ajudado pela queda da inflação refletindo-se nas taxas de juros, não é sustentável no longo prazo. Precisamos dos investimentos: primeiro para absorver a capacidade ociosa existente na indústria e depois repor o capital fixo destroçado nos últimos anos.
A propósito, disse José Francisco de Lima Gonçalves, professor da FEA/USP (jornal Valor econômico, de 24/10/17): “O consumo vai estagnar e o investimento está zerado. A economia vai tão mal quanto a política”.
“Criticar o sucesso de nossos bancos centrais em reflacionar economias impactadas pela crise porque isso criou os atuais riscos financeiros não é reação válida às suas ações. Os bancos centrais fizeram seu trabalho. Infelizmente, quase ninguém mais fez os seus”. (Martin Woif, editor, jornal Valor econômico, de 25/10/17). Mais adiante ele mesmo diz que “Política monetária é um instrumento grosseiro para estabilizar as finanças”.
Ele certamente está referindo-se às medidas de ajuste fiscal recomendadas pelos bancos centrais dos Estados Unidos e Europa aos diversos países endividados, principalmente a Grécia, que sofreram sérias resistências dos seus governos e da população submetida a essas restrições.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão
Economista, membro da Academia Caxiense de Letras e da Associação Internacional de Escritores - IWA, em Toledo, Ohio, USA, fundador da Academia Ludovicense de Letras

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