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Escolher, votar e eleger

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Está no calendário eleitoral e nas regras constitucionais: hoje é dia de eleição. Depois de escolher, votaremos e elegeremos o novo prefeito e os novos vereadores do nosso município. São estes os verbos das eleições: escolher, votar e eleger.

Houve um tempo em que, nesta data, havia um sentimento da grandiosidade cívica desse dia e da solenidade do voto. Todos vestiam suas melhores roupas para comparecerem às seções eleitorais.

Como sabemos, o voto, no Brasil, é obrigatório. Portanto, é um direito e um dever. Como direito, é o exercício mais pleno da cidadania e da soberania popular, levando o cidadão a participar do destino político do seu município, em caso de eleição municipal, como é a eleição deste dia. Como dever, é uma obrigação que o Estado impõe ao cidadão como um ato de civismo, de participar da arquitetura política de cada ente da Federação, elegendo seus administradores e representantes.

As ambições políticas e econômicas evoluíram, e hoje as eleições atingiram uma seara de lutas aguerridas, com práticas que afrontam a ética e a igualdade das disputas.

Em dia de eleições, a parte que cabe ao eleitor é a mais importante. É ele, com seu voto, que vai definir o destino político do seu município. É a sua opção que conduzirá à prefeitura e às câmaras municipais o novo prefeito e os novos vereadores. Com essa responsabilidade, cabe-lhe o dever de escolher os melhores candidatos.

Em consequência da última reforma eleitoral, tivemos uma campanha moderada em gastos e em propaganda política. A falta de financiamento das empresas esvaziou os caixas fáceis das campanhas, contendo a sangria da corrupção.

O eleitor poderia aproveitar essa experiência para mudar a maneira de escolher seus candidatos: sem favores e sem a comercialização do voto. Enquanto essa prática não for repudiada pelos eleitores, não teremos eleições equilibradas.

A corrupção tem várias faces, muitas delas simuladas, e todas elas são inimigas da democracia. A captação ilícita de sufrágio é uma forma silenciosa de corromper a vontade do eleitor, retirando-lhe a lucidez necessária para escolher o melhor candidato.

Fala-se que nosso sistema eleitoral entrou em exaustão e que só uma reforma política profunda poderá resolver as crises da República. Se não houver renúncias de interesses pessoais (unidade, no sentido de convergência de vontades), essa reforma não sairá. O sentimento republicano ainda é muito vago na classe política.

A reforma eleitoral de 2015 conferiu a esta eleição o caráter experimental, para testar se a limitação de gastos vai funcionar e se as novas regras deixarão um resultado positivo. Além dessa limitação, os efeitos da Lava Jato retraíram as aventuras ilegais do chamado "caixa dois". E, aqui no Maranhão, a operação da Polícia contra os agiotas estancou uma fonte substancial de financiamento ilegal de campanhas municipais, com empenho em futuros fundos de participação.

A Justiça Eleitoral empenhou-se em fazer a sua parte: fazer valer suas regras e garantir a igualdade de oportunidades, reprimindo toda forma de abuso, seja econômico, político e promocional.

As eleições de 2016 são de considerável importância política, por traçarem os futuros rumos da política maranhense.

Já se fala na volta do debate sobre a reforma política, tendo como alvo principal o número de partidos políticos e as coligações. Criticam-se muitas regras do nosso sistema, por serem exclusivas do Brasil. Ora, não se pode importar o sistema americano ou alemão, sabendo-se que, naqueles países, tudo é diferente, a começar pelo povo que não é brasileiro.

Precisa-se, antes de tudo, reformar o político brasileiro com lições de ética e republicanismo para aprender a lidar com a coisa pública.

Enquanto nossas expectativas não acontecem, apoderemo-nos da nossa cidadania e, neste dia de eleição, vamos todos para as ruas, para as nossas seções eleitorais, exercitar nosso direito de votar; vamos sentir a vibração da democracia, ou, como disse o poeta Charles Bernstein: vamos ouvir "o gemido da democracia, no dia da eleição".

Lourival Serejo

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