Artigo

Doutor Weber Matos - “in memoriam”

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Nome de origem germânica, gênese e temperamento brasileiros. Inteligência privilegiada, índole boa, o seu dia a dia foi marcado pela dedicação à família, ao trabalho e ao compromisso com a competência profissional.

Eis o homem! Weber de Almeida Matos, o professor universitário, o médico incansável, o amigo. O colega, o companheiro de ideias e objetivos. A mão fraterna com quem se podia contar ao longo do caminho.

Impossível não lembrar o tempo de alunos da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão. O esforço para vencer as naturais dificuldades do curso, quando, em pequenos grupos, eles se debruçavam sobre os livros. Era imprescindível estudar e estudar. Então o espirituoso Webão decidia cantar - isso mesmo, cantar! - para “espantar” o cansaço. E o mais interessante - que, sem dúvida, injetava ânimo nos colegas -, era o conteúdo humorístico da sua performance: cantava sucessos do momento, inventava rimas, acrescentava trechos de improviso e, como se não bastasse, ia passando, sem solução de continuidade, de uma canção para outra. Uma espécie de pot-pourri.

Nas disputas esportivas, notadamente nos jogos de vôlei, o animado colega mostrava a sua vocação para improvisador: é que, mesmo sem ser canhoto, quando a bola era levantada sobre a rede, efetuava desconcertantes cortadas com a mão esquerda, que costumavam ser fatais para os adversários.

Inesquecível o seu senso de humor. Certa ocasião, um professor de ginecologia explicava que há um tipo de tumor de ovários que tem a característica de muito crescer. Às vezes cresce tanto que, depois de extraído, o seu peso pode ser maior que o da própria paciente. Essa revelação causou admiração geral, e o incorrigível humorista Webão, numa demonstração de agudeza de espírito, levou a turma a uma explosão de gargalhadas ao exclamar: “Ora, professor, aí a solução é mais simples. É só extrair a doente do tumor!”.

Os anos corriam e a maturidade foi-se instalando aos poucos. Seguindo os passos do seu mentor, o inesquecível Dr. Antônio Jorge Dino, já no tempo de estudante de medicina Weber executava, com admirável perícia, uma variedade enorme de cirurgias. Anos depois, o óbvio não podia ter sido outro: ele se tornou um cirurgião respeitado, um genuíno representante da prata de casa capaz de feitos notáveis.

Casou-se com uma colega de turma, a ginecologista e também cirurgiã Dra. Sônia Baptista, e atuou em diversos hospitais de São Luís. E enquanto a sua reputação de bom profissional se expandia, ele, diligentemente, - sem nunca perder a modéstia -, apurava as suas técnicas e executava, com êxito, cirurgias consideradas difíceis em terras ludovicenses na época. Eis o homem!

As suas realizações não ficaram, porém, limitadas aos centros cirúrgicos. Foi diretor do Hospital Geral (Tarquínio Lopes Filho) e do Hospital Presidente Dutra, ex-INAMPS e hoje Hospital Universitário. Na Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão exerceu o cargo de Secretário-Adjunto.

Weber de Almeida Matos trilhou com grandeza por muitos caminhos. Em funções administrativas ou orientando alunos em salas de aula e centros cirúrgicos, a perfeita percepção de limites e responsabilidades, e a postura correta sempre estiveram lado a lado. Como Max Weber, o seu xará alemão, apontado como o fundador da Sociologia, o Weber maranhense também deixou marcas da sua passagem pelo mundo. Não foi um pioneiro, mas também fez história.

ALDIR PENHA COSTA FERREIRA

Médico, ex-professor da UFMA, membro da SOBRAMES e da Academia Maranhense de Medicina

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