Vigilância

Paquistão prende mais de 200 após atentado que matou 73

Parques da cidade foram reabertos sob forte vigilância; o ataque no domingo de Páscoa foi o mais mortífero cometido no Paquistão este ano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Mulheres tentam consolar uma mãe que perdeu o filho no atentado
Mulheres tentam consolar uma mãe que perdeu o filho no atentado (Mulheres tentam consolar uma mãe que perdeu o filho no atentado a bomba)

Paquistão - As autoridades paquistanesas anunciaram nesta terça-feira a prisão de mais de 200 pessoas em conexão com o atentado suicida que matou 73 pessoas em Lahore, no domingo de Páscoa.

As autoridades informaram sobre uma onda de operações no rescaldo do ataque na cidade natal do primeiro-ministro Nawaz Sharif e capital da província de Punjab, governada por seu irmão Shahbaz, acusado de fazer vista grossa para os islamitas.

"Mais de 5.000 pessoas foram revistadas e interrogadas, e a maioria foi libertada, mas cerca de 216 foram detidas para que investigação possa se aprofundar", declarou ontem o ministro da Justiça provincial, Rana Sanaullah.

Em declarações à imprensa, ele acrescentou que 56 operações foram realizadas nas últimas 24 horas pelos serviços de polícia, do exército e da inteligência em Punjab.

Outras estavam em curso na província, a mais populosa do Paquistão, "contra ativistas religiosos e extremistas", disse ele, acrescentando que uma equipe de cinco membros era responsável pela coordenação da investigação do ataque.

Os parques da cidade foram reabertos sob forte vigilância, após o ataque anti-cristão cometido no parque Gulshan-e-Iqbal, lotado por ocasião da Páscoa. O ramo paquistanês do Talibã assumiu a responsabilidade. O Jamaat-ul-Ahrar zombou do primeiro-ministro Sharif, escrevendo em um tuíte que a guerra estava em sua "casa".

Vítimas
O número de vítimas do atentado voltou a aumentar, chegando a 73, após a morte de um menino de 16 anos gravemente ferido, segundo os médicos.

"O menino havia perdido seu pai e irmã na explosão, e sua mãe está hospitalizada com ferimentos graves", disse à AFP o Dr. Tariq Mohsin.

O primeiro-ministro Nawaz Sharif prometeu, na segunda-feira à noite, em um discurso televisionado, vingar o ataque que atingiu o feudo eleitoral do seu partido, o PML-N no poder.

"Os terroristas não vão enfraquecer nossa determinação. Nossa luta continuará até a completa eliminação da ameaça terrorista", disse Sharif. Mas ontem, Ehsanullah Ehsan, porta-voz do Jamaat-ul-Ahrar, zombou das palavras do primeiro-ministro.

"Após o ataque em Lahore, Nawaz Sharif ressucitou antigas canções, para dar falsas garantias" de segurança, escreveu no Twitter. "Nawaz Sharif deve saber que a guerra chegou a sua casa, e com a vontade de Deus, os mujahedeens serão vitoriosos", declarou.

Medidas de segurança

O ataque no domingo de Páscoa foi o mais mortífero cometido no Paquistão este ano, e é um duro golpe para as muitas promessas das autoridades em termos de segurança.

Após o ataque, as medidas de segurança foram reforçadas em torno das 550 igrejas de Punjab, segundo o ministro Sanaullah.

De acordo com Kashir Nawab, um cristão de trinta anos de Youhanabad, uma "sombra fúnebre" recobria ontem o bairro onde parentes vieram oferecer suas condolências às casas enlutadas. "Todo mundo tem medo, e os cristãos, em particular, sentem-se inseguros", disse Nawab.

Os cristãos, que representam cerca de 2% da população deste país predominantemente muçulmano, são discriminados e alvos frequentes de ataques.

Uma ofensiva militar contra os islamitas armados foi intensificada no ano passado, tornando 2015 o ano menos mortal em termos de ataques desde o surgimento do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP, Talibã paquistanês) em 2007.

Mas os observadores apontam que o Talibã ainda é capaz de realizar ataques de grande escala como o da Páscoa.

Frase

"Mais de 5.000 pessoas foram revistadas e interrogadas, e a maioria foi libertada”

Rana Sanaullah

Ministro da Justiça provincial

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