Artigo

Pensadores enfrentam desafios

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

Meu terceiro livro “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory” faz uma análise dinâmica da crise da “bolha” iniciada nos Estados Unidos e repercutida na Europa, principalmente na eurozona, entre 2008/2015. Foi lançado recentemente na EAESP da FGV-SP.

Precisamos de novas teorias à adequação de práticas “inovadoras” de mercado ou de correção de rumos à ordem econômica há tempos estabelecida?

A verdade é que a teoria construída pelos grandes nomes do passado ainda pontifica nos dias de hoje, mas sua aplicação vai a sentido contrário, por exemplo: o comportamento racional do consumidor; a emissão primária de moeda e outros ativos financeiros não monetários; a autorregulação e equilíbrio desses mercados.

Há contradições em pauta. O Banco Central prevê recuo na demanda interna por causa da recessão em curso gerando desemprego e baixa de renda, isso tudo agravado pela instabilidade política e expectativas desfavoráveis em relação ao futuro; mas, mesmo assim, o governo federal pretende usar o pagamento das “pedaladas” ao estímulo do setor imobiliário em crise.

Onde os tomadores desses recursos, sem subsídios, para que os investimentos decorrentes feitos com créditos dos bancos oficiais possam compensar, pela geração de impostos, os impactos no pretendido ajuste fiscal?

Outra justificativa no contido em “Desafios/Challenges”, de certa forma também o foco deste texto, é o artigo do colunista financeiro Federico Fubini, publicado no “Valor Econômico”, edição do dia 7 de janeiro deste ano, sob o título “O mercado fechado das idéias econômicas”. Ele diz textualmente: “A economia mudou, mas a lista dos economistas mais influentes não”, e fala da forma como eles “veem a si mesmos e a sua disciplina”.

Faz isso baseado em dados confiáveis relacionados a ensaios, análises, artigos, livros e programas de computador produzidos, escritos e utilizados pelos especialistas, além de algumas curiosidades incluindo como os economistas são vistos por seus próprios colegas, quais aqueles mais influentes ao longo do tempo.

Fubini pergunta como ficariam as idéias de Robert Lucas (economista americano da Universidade de Chicago, detentor de prêmio em homenagem a Alfred Nobel, em 1995) e de Eugene Fama (americano conhecido por suas contribuições teóricas e empíricas em teoria do portfólio e precificação de ativos), depois do estouro da “bolha” imobiliária e da queda no preço dos ativos financeiros, cujos agentes poderiam maximizar a utilidade econômica e refletirem todas as informações disponíveis.

Depois de fazer considerações gerais sobre mudanças na posição dos economistas e de pessoas mais ricas num “ranking”, Fubini fica surpreso ao constatar que em evidência continuam praticamente os mesmos, apesar das controvérsias sobre a teoria econômica estabelecida há tempos.

E conclui: “Será que os esses economistas estão tão preocupados em proteger suas próprias ideias que ignoram inovações provenientes de locais inesperados”?

Então, do que precisamos realmente: produzir novas teorias ou novas interpretações sobre a teoria existente?

Esses são os desafios a enfrentar.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Economista, membro da ACL e da ALL

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