Na contramão da crise

Porto do Itaqui bate recordes de operações e produtividade durante a pandemia

O Porto do Itaqui foi na contramão da crise financeira e econômica provocada pela pandemia da Covid-19. O primeiro passo foi cuidar da segurança de quem trabalha no porto e o segundo foi fazer uma gestão eficiente, que garantiu recursos para a expansão.

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Atualizada em 02/05/2022 às 08h58
O Porto do Itaqui vem expandindo a sua infraestrutura e investindo em inovação. / Foto: Divulgação/Emap.
O Porto do Itaqui vem expandindo a sua infraestrutura e investindo em inovação. / Foto: Divulgação/Emap.

Com o crescimento do agronegócio, o Porto do Itaqui também cresce e, para atender a demanda de escoamento da produção de grãos, bem como de toda a grande cadeia logística do agronegócio, que envolve também combustíveis e fertilizantes, o Itaqui vem expandindo a sua infraestrutura e investindo em inovação. 

Saiba mais sobre o Porto do Itaqui:

 

Com o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que faz parte do Porto do Itaqui, operando com dois berços, além do Terminal da VLI (companhia de soluções logísticas que integra ferrovias, portos e terminais), a expectativa do Porto do Itaqui é fechar 2022 com volume superior a 13,9 milhões de toneladas de grãos movimentadas.

No caso dos fertilizantes, o novo Terminal da COPI, tem capacidade para movimentar até 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes por ano. 

Terminal da COPI de fertilizantes do Porto do Itaqui. / Foto: Divulgação/Emap.
Terminal da COPI de fertilizantes do Porto do Itaqui. / Foto: Divulgação/Emap.

E foi entregue, neste ano, a expansão do Terminal 1, da  Granel Química no Itaqui, que representa mais 30% na movimentação de combustíveis. E estão em andamento a ampliação dos terminais de graneis líquidos e investimento em acessos ferroviários.

Também foi entregue, neste mês de abril, o berço 99, um investimento da Suzano no porto público, que inclui um armazém em fase de conclusão. Essa infraestrutura é estratégica para a ampliar o volume de exportação da celulose produzida na cidade de Imperatriz, na Região Tocantina do Maranhão.

Terminal de Celulose do Porto do Itaqui. / Foto: Divulgação/Emap.
Terminal de Celulose do Porto do Itaqui. / Foto: Divulgação/Emap.

Com todo esse processo de expansão, o Porto do Itaqui foi na contramão da crise financeira e econômica provocada pela pandemia da Covid-19. Segundo Artur Costa, que é diretor de Administração e Finanças do Porto do Itaqui, o primeiro passo foi cuidar da segurança de quem trabalha no porto.

“A pandemia pegou todo mundo de surpresa, um episódio a nível global. E conosco no Itaqui não foi diferente. Então, desde as primeiras notícias sobre a possibilidade de haver essa pandemia, nossa equipe, comandada pelo presidente Ted Lago, começou a se preparar para os possíveis impactos que essa pandemia poderia gerar e, certamente gerou. Primeiro, preparamos a empresa com todas as medidas necessárias para combater a doença internamente. Então, fizemos esse trabalho de casa, levamos pessoas para trabalhar em home office, digitalizamos processos, entre outras ações”, explicou o diretor. 

E, apesar de a pandemia ter causado uma crise mundial em diversos contextos, entre eles de âmbito econômico, o Porto do Itaqui não sentiu impactos nas operações e na sua produtividade. Pelo contrário, o porto público do Maranhão bateu recordes nos anos mais afetados pela Covid-19. 

“Em 2020, que foi o ano da pandemia, nós quebramos o recorde, que era de 2019. Superamos quase 5% do que a gente tinha movimentado em 2019. E, em 2021, sofrendo ainda os reflexos da pandemia, fechamos o ano como o melhor ano da história do Porto do Itaqui, tanto em termos de faturamento, de arrecadação, quanto também de movimentação de cargas. Foi quase 25% maior do que 2020, que tinha sido o melhor ano da história. Então, fizemos nosso dever de casa, garantimos a continuidade das operações, tanto nós, enquanto autoridade portuária, quanto as empresas, que compõem o complexo portuário do Itaqui. Elas continuaram fazendo carga e descarga de materiais, de suprimentos, para garantir o abastecimento do agronegócio, recebendo combustíveis, recebendo fertilizantes e dando condições para que o produtor possa escoar sua produção por meio do Itaqui, para abastecer o mundo nesse cenário tão caótico, que foi a pandemia”, destacou Artur Costa.

Uma empresa pública de sucesso

O Porto do Itaqui, que é gerido pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), é público e conta com recursos próprios e da iniciativa privada. A parceria tem dado certo, tanto que o porto cresce a cada dia e, hoje, é referência em administração portuária pública no Brasil, tanto que equipes de outros portos do país têm procurado a administração do Itaqui para entender como o porto funciona.

Uma das causas desse reconhecimento é o planejamento, com a adoção de uma série de ações, com uma visão empresarial, com indicadores e metas. 

“Hoje acredito que a gente tenha um modelo de governança, instrumentos de planejamento que permitem fazer comparativos com grandes gestões da parte privada também. Tanto que os resultados estão aí, nós, enquanto autoridade portuária administramos e fiscalizamos as operações que acontecem no Porto do Itaqui. Nós não fazemos carga e descarga, todo esse trabalho é feito por empresas, que lá estão instaladas. Terminais de tancagem, de armazenamento de grãos, operadores portuários, agências marítimas, então é todo um complexo que faz com que o Itaqui venha crescendo e tenha capacidade para receber e exportar cargas”, afirmou.

O Porto do Itaqui vem expandindo a sua infraestrutura e investindo em inovação. / Foto: Divulgação/Emap.
O Porto do Itaqui vem expandindo a sua infraestrutura e investindo em inovação. / Foto: Divulgação/Emap.

E para manter o nível de excelência em administração portuária, a Emap tem investido na sua profissionalização, criando um modelo de governança, que tem gerado mais adquisição de recursos, os quais têm sido aplicados na expansão do complexo portuário, gerando melhorias para os usuários do porto. E a meta é obter mais recursos para dar continuidade ao processo de expansão do porto.

Em fevereiro deste ano, a Emap lançou um plano de investimento de quase R$ 550 milhões de recursos anunciados para os próximos anos. A verba será usada para a construção de berço, de acessos, de pavimentos, bem como para continuar o processo de dragagem, que é a retirada de material do fundo do mar, para aumentar a profundidade do porto e permitir que navios maiores possam atracar e fazer manobras, que permitam uma melhor performance da atracação do navio e da operação portuária.

O Porto do Itaqui também não se limita a São Luís e ao Maranhão, o porto serve uma ampla área de influência de outros Estados como Piauí, Pará, Goiás, Mato Grosso e Tocantins, sendo que o Tocantins, como não tem saída para o mar, usa o Itaqui para exportar e importar seus insumos.

E uma das vantagens competitivas do porto maranhense é sua grande capacidade de escoamento de grãos.

“Se referindo aos portos do Norte, o Itaqui é o único que tem uma conexão ferroviária, que permite com que a gente tenha essa vantagem competitiva de ter capilaridade e adentrar no interior do país, de poder ter esse escoamento. Então, aquela produção do nordeste do Mato Grosso até Goiás, parte do Tocantins ela consegue alcançar o Itaqui, porque consegue fazer um transporte multimodal entre carreta e trem, que, por meio da ferrovia Norte-Sul, leva essa carga até o Porto do Itaqui, que está preparado para receber tanto grandes carretas, quanto trens”, destaca o diretor.

E uma das novidades na área de investimento é a parceria entre a empresa de logística portuária Santos Brasil e o Porto do Itaqui. Em reunião com o governador do Maranhão, Carlos Brandão, a empresa firmou uma parceria na ordem de R$ 600 milhões de investimentos em novos terminais de tancagem. 

A Santos Brasil atua no segmento de operações portuárias há 24 anos e é a única do país que presta serviços portuários com logística integrada. A empresa é responsável por 16% de toda a movimentação de contêineres e cargas do país.

Outro investimento do Porto do Itaqui é na inovação. Segundo Artur Costa, uma série de ações estão sendo desenvolvidas no porto.

“O setor portuário é difícil em termos de investimentos, são valores altos. E a gente entende que algumas melhorias que a gente faz por meio de premissas de inovação, se pode ter um resultado muito bom, uma performance muito melhor em algum processo que você opera. Então, em 2020, em plena pandemia a gente decidiu fazer uma jornada de inovação aberta com a comunidade portuária, e identificamos alguns problemas, alguns desafios que deveriam ser atacados. E hoje nós temos o primeiro programa de residência portuária do Brasil. A gente firmou um convênio com a Fapema e selecionamos 10 jovens egressos da universidade, que estão pensando em soluções para esses problemas levantados pela comunidade portuária. São Jovens que, também, estão sendo preparados para o mercado”, explica o diretor de Administração e Finanças do Porto do Itaqui.

Outro destaque do porto na área é que, no início de abril deste ano, o Porto do Itaqui realizou o Primeiro Encontro de Inovação Portuária do Brasil, junto com o Ministério de Infraestrutura. No evento houve muita troca de experiência entre portos do país. E, em fevereiro foi lançado o programa Porto do Futuro, que é um programa de pesquisa voltado para projetos que contemplem a área portuária a partir dos eixos de Operações, Meio ambiente, Relação Porto Cidade, Desenvolvimento Socioeconômico Sustentável, Desenvolvimento Tecnológico e Gestão Pública. 

Pelo programa, serão concedidas bolsas de pesquisa a estudantes e programas de pós-graduação maranhenses, auxílios a projetos de pesquisa, programa de intercâmbio portuário e reconhecimento de artigos e trabalhos de jornalismo científico por meio do Prêmio Porto do Itaqui. 

“Uma parte dos nossos investimentos é para pesquisa, desenvolvimento e inovação. E o programa Porto do Futuro é um reflexo disso. A ideia é premiar artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso, teses, dissertação de mestrado com a temática portuária. E a Fapema já lançou o edital do Prêmio Porto do Itaqui, que é uma das vertentes do programa Porto do Futuro. As inscrições vão até o dia 12 de agosto, então, quem fez alguma pesquisa falando sobre o porto, pode se inscrever. E a gente pretende fazer a premiação dos melhores trabalhos no final do ano. E temos também apoio a projetos de pesquisa sobre o porto, que tenham aplicação prática. O programa Porto do Futuro é o maior programa de incentivo a pesquisa, desenvolvimento e inovação portuária do Brasil, lançado pelo Porto do Itaqui no Maranhão”, conclui Artur Costa.

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