SÃO LUÍS – Em 2000, os países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) – dentre eles o Brasil – assumiram o compromisso de minimizar os maiores problemas mundiais firmando os 8 Objetivos do Milênio para serem cumpridos até o ano de 2015. Entre os oito objetivos está a redução da mortalidade infantil, que, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o país já alcançou a meta de redução da taxa e estima-se que, até o prazo final, o país ultrapasse o índice de 15,7 óbitos por mil nascidos vivos convencio pela ONU.
De lá pra cá, o Brasil adotou medidas para melhorar o panorama do desenvolvimento humano com programas e políticas sociais. O Método Canguru, por exemplo, desde 2000, passou a ser considerado uma política pública de humanização para contribuir com a redução (mesmo que lenta) da mortalidade neonatal prematura (até sete dias de vida) e tardia (até os 28 dias de nascido). Este método propõe uma maior aproximação do recém-nascido de risco internado em Unidades Neonatais com a mãe e a família para beneficiar a evolução da saúde da criança.
O Método Canguru recebe esse nome por causa da posição em que as mães seguram os recém-nascidos. O contato pele a pele lembra o modo como as fêmeas dos cangurus carregam seus filhotes, numa bolsa onde eles podem se aquecer e se alimentar até quando ficarem fortes e saudáveis.
Em São Luís, o Hospital Universitário Materno Infantil é um dos cinco centros nacionais de referência. Além do Materno Infantil, existem outros localizados nos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. O hospital, no Maranhão, é responsável pela capacitação e qualificação dos profissionais que prestam atendimento às famílias e aos recém-nascidos.
A chefe do serviço de neonatologia do Hospital Universitário, Marynéa Silva do Vale, explica que “o método canguru funciona com treinamento continuo dos profissionais da equipe multidisplinar que compõe a rede de atenção ao recém-nascido, também damos existe a capacitação dos profissionais da atenção básica que podem identificar as morbidades e, assim, evitar que o bebê necessite ser internado em Unidades Neonatais”.
O método compreende três etapas: a entrada na unidade de alto risco, com o acolhimento da família e o contato pele a pele em posição canguru; após deixar de respirar com a ajuda de aparelhos e ter peso acima de 1.200 gramas, o recém-nascido passa para a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru, onde toda a família pode interagir com a criança. Lá, a criança recebe atendimento de equipe multiprofissional com médico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional até atingir 1.800 gramas e ter alta. Então, ao atingir 2.500, tem-se início a terceira etapa do método com a ida para casa. Durante essa fase, a criança volta ao atendimento na maternidade pra receber acompanhamento médico até os sete anos de idade.
Um bebê prematuro, devido à interrupção na gestação antes do ciclo de nove meses, pode desenvolver sequelas irreversíveis tais como: retinopatia (má formação dos vasos oculares), hemorragia intracraniana, infecção generalizada (principal causa de morte de recém-nascidos), distúrbio no desenvolvimento e paralisia cerebral. “O cuidado, com método canguru, por ser menos invasivo, favorece maior possibilidade de sobrevivência dos recém-nascidos. O desafio, hoje, é garantir a que eles vivam sem sequelas ou, pelo menos, com poucas sequelas”. Outro aspecto positivo do Método Canguru é que a prática tem baixo custo e traz resultados duradouros para as crianças e famílias.
De acordo com Marynéa, além da prematuridade, a infecção e a anóxia neonatal (quantidade insuficiente de oxigênio no cérebro) constam como as três principais causas da mortalidade neonatal. Ela diz que “a prematuridade ou os riscos de morte podem ser evitados se a gestante fizer o acompanhamento correto durante o pré-natal, pois os exames indicam possíveis riscos de doenças e complicações”, alerta a neonatologista.
Para receber os recém-nascidos que precisam passar pelo Método Canguru, a maternidade dispõe de 42 leitos, sendo 20 de alto risco e 22 de cuidados intermediários. Durante o período em internação, a mãe tem contato com o filho em tempo integral e acompanha todos os procedimentos. Atualmente, o método está em expansão no Estado. Em São Luís, a política de saúde foi implantada na Maternidade Marly Sarney, que, agora, atua como centro estadual de referência e capacitará outras maternidades para aplicar a prática do Método Canguru.
“O importante, em relação ao método, é saber que se esses recém-nascidos sobrevivem, com os cuidados que lhes é dedicado é porque a prática reduz o estresse, a dor e melhora o afeto entre mãe e filho. Atender essas famílias aplicando o método nos enche de satisfação e dá esperança de que podemos modificar essa situação”, diz a neonatologista.
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