Foguete HANBIT-Nano

Investigação apura explosão de foguete em lançamento histórico no Centro de Lançamento de Alcântara

FAB investiga explosão de foguete sul-coreano durante lançamento histórico em Alcântara; equipes analisam destroços e causas da anomalia.

Imirante, com informações do g1

Atualizada em 23/12/2025 às 10h05
Momento em que foguete HANBIT-Nano em missão no Brasil.
Momento em que foguete HANBIT-Nano em missão no Brasil. (Foto: Reprodução/Pedro Pallotta/Space Orbit)

ALCÂNTARA - A explosão de um foguete no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, durante o primeiro lançamento comercial da história do Brasil, está sendo investigada por equipes técnicas da Força Aérea Brasileira (FAB) e da empresa sul-coreana Innospace. O incidente ocorreu na noite dessa segunda-feira (22), cerca de 50 segundos após a decolagem do foguete HANBIT-Nano, e mobilizou imediatamente protocolos de segurança e apuração.

Segundo a FAB, equipes especializadas, junto com o Corpo de Bombeiros do CLA, foram enviadas à área de impacto para avaliar os destroços, coletar dados e analisar as condições do local onde o veículo colidiu com o solo. As informações levantadas irão subsidiar a investigação que busca identificar as causas da anomalia registrada durante o voo.

FAB e Innospace analisam causas da explosão de foguete em Alcântara

Em nota oficial, a Força Aérea Brasileira informou que o foguete iniciou sua trajetória vertical conforme o planejado, mas apresentou uma anomalia ainda não identificada, o que levou à interrupção da missão e à colisão com o solo dentro da área de segurança previamente delimitada.

“Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados, foram cumpridas exatamente conforme planejado”, destacou a Aeronáutica.

A Innospace também confirmou que seus engenheiros atuam em conjunto com autoridades brasileiras para investigar a explosão do foguete em Alcântara, utilizando dados de telemetria, registros de voo e imagens captadas durante a missão.

Procedimentos de segurança evitaram danos externos

De acordo com a empresa sul-coreana, assim que a anomalia foi detectada, foi acionado o protocolo de queda controlada do veículo, procedimento previsto nos padrões internacionais de segurança aeroespacial.

Em carta divulgada nesta terça-feira (23), o CEO da Innospace, Kim Soo-jong, pediu desculpas públicas pelo insucesso da missão e ressaltou que não houve feridos nem danos fora da área controlada.

“Durante esse processo, não houve qualquer dano a pessoas, embarcações, instalações terrestres ou outros bens externos”, afirmou o executivo.

Ainda segundo a empresa, todos os sistemas de segurança funcionaram conforme o projetado.

Explosão ocorreu durante transmissão ao vivo

O lançamento do foguete HANBIT-Nano foi transmitido ao vivo pela Innospace e pôde ser acompanhado a olho nu em Alcântara e em São Luís. As imagens mostraram o veículo ultrapassando Mach 1, quando um objeto supera a velocidade do som, e atingindo o ponto conhecido como MAX Q, fase de maior pressão aerodinâmica.

Logo após esse momento, a transmissão foi interrompida e uma mensagem em inglês informou a ocorrência de uma anomalia no voo. Pouco depois, o foguete colidiu com o solo, gerando chamas na área de impacto.

Foguete levava experimentos científicos do Brasil e da Índia

Apesar da falha, a missão tinha grande relevância científica. O foguete transportava oito cargas úteis, entre satélites e dispositivos experimentais, desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia.

Confira as cargas úteis que foram lançadas no foguete HANBIT-Nano:

Satélite Jussara-K
Desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com startups e instituições nacionais, o satélite tinha como missão coletar dados ambientais em regiões de difícil acesso, contribuindo para pesquisas climáticas e ambientais.

Satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B
Criados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os dois satélites seriam usados para testes de comunicação em órbita, validando tecnologias que permitem a troca de dados entre dispositivos espaciais.

PION-BR2 – Cientistas de Alcântara
Desenvolvido pela UFMA em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION, o dispositivo levaria ao espaço mensagens produzidas por alunos da rede pública de Alcântara, com foco educacional e científico.

Satélite SNI-GNSS
Desenvolvido pela AEB em parceria com as empresas Concert Space, Cron e HORUSEYE TECH, o satélite tinha como objetivo determinar com precisão velocidade, posição e altitude, tecnologia que pode ser aplicada futuramente em drones, veículos terrestres e embarcações.

Solaras-S2
Criado pela empresa indiana Grahaa Space, o satélite seria responsável por monitorar fenômenos solares que podem afetar comunicações, sistemas de navegação e outras tecnologias na Terra.

Sistema de Navegação Inercial (INS)
Desenvolvido pela empresa brasileira Castro Leite Consultoria (CLC), o experimento tinha como objetivo validar um algoritmo de navegação, com potencial uso em futuras missões espaciais. Havia ainda outro dispositivo da mesma empresa, mas, segundo a FAB, por solicitação do fabricante, apenas dados de um dos experimentos foram compartilhados oficialmente.

Centro de Lançamento de Alcântara segue estratégico apesar do incidente

Especialistas avaliam que a investigação da explosão não compromete o papel estratégico do CLA. A base é considerada uma das mais privilegiadas do mundo devido à proximidade com a Linha do Equador, o que reduz o consumo de combustível em lançamentos orbitais.

Além disso, a região apresenta:

  • Baixo tráfego aéreo
  • Ampla área costeira
  • Diversas inclinações orbitais possíveis

Esses fatores continuam atraindo interesse do mercado espacial internacional.

Investigação é etapa fundamental para próximos lançamentos

A investigação da explosão do foguete em Alcântara é vista como essencial para garantir a segurança e a continuidade das operações comerciais no Brasil. Segundo a FAB, as conclusões serão divulgadas à medida que as análises avancem.

A Operação Spaceward marcou uma nova fase do Programa Espacial Brasileiro, viabilizada após o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), assinado em 2019. Apesar do incidente, autoridades reforçam que o aprendizado técnico gerado pela investigação será determinante para futuros lançamentos e para a consolidação do Brasil no setor aeroespacial global.

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