Foguete HANBIT-Nano

‘Chance de êxito no primeiro tiro é baixa’, diz professor do MA sobre foguete que explodiu em Alcântara

Segundo o professor Alex Barradas, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), falhas em voo inaugurais não são tão incomuns.

Imirante.com, com informações do g1

Atualizada em 23/12/2025 às 12h08
‘Chance de êxito no primeiro tiro é baixa’, diz professor do MA sobre foguete que explodiu em Alcântara.
‘Chance de êxito no primeiro tiro é baixa’, diz professor do MA sobre foguete que explodiu em Alcântara. (Reprodução / Innospace)

ALCÂNTARA - A explosão do foguete sul-coreano HANBIT-Nano logo após a decolar no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, não indica falha da infraestrutura brasileira envolvida no lançamento, segundo avaliação de um professor que participou do projeto.

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Segundo o professor Alex Barradas, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), falhas em voo inaugurais não são tão incomuns. Ainda de acordo com o professor, o desempenho de lançamento esteve dentro do esperado, inclusive nos protocolos de segurança.

“A infraestrutura (CLA) funcionou perfeitamente, inclusive na terminação de voo. O veículo coreano foi lançado pela primeira vez, e a chance de êxito no ‘primeiro tiro’ é baixa”, afirma Barradas, que é vice-coordenador do projeto Cientistas de Alcântara e coordenador do DARTi Lab.

Falha surgiu 30 segundos após o lançamento

Segundo o executivo, o foguete chegou a decolar normalmente da base de lançamento e iniciou a manobra prevista. No entanto, cerca de 30 segundos após o lançamento, foi registrada uma falha que interrompeu a missão.

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“Uma anomalia foi detectada e, seguindo os protocolos de segurança, o veículo foi direcionado para cair dentro da área de segurança”, explicou o CEO. Após o impacto com o solo, houve chamas, encerrando a operação.

Ainda segundo o professor, lançamentos de estreia costumam servir para validar e verificar, em condições reais, sistemas de propulsão, controle e resistência estrutural do veículo. O acionamento do sistema de terminação de voo faz parte dos protocolos internacionais de segurança.

Impacto científico

Para Alex Barradas, o principal prejuízo do acidente foi a perda das cargas científicas transportadas.

“O ponto negativo é a perda de nossas cargas úteis, satélites e [dispositivos] inerciais”, disse o professor.

Missão tentava colocar satélites em órbita

A missão tinha como objetivo colocar em órbita oito cargas, entre satélites de clientes e equipamentos experimentais. Com a falha, o foguete não conseguiu alcançar o espaço.

Apesar disso, Kim Soo-jong destacou que os sistemas de segurança funcionaram e que não houve feridos nem danos fora da área controlada. Até o momento, não há confirmação oficial sobre a recuperação de dados ou de destroços.

Após a interrupção do voo, equipes da Força Aérea Brasileira e do Corpo de Bombeiros do Centro de Lançamento de Alcântara foram enviadas ao local para avaliar os destroços e a área da queda.

Confira as cargas úteis que foram lançadas no foguete HANBIT-Nano:

Satélite Jussara-K
Desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com startups e instituições nacionais, o satélite tinha como missão coletar dados ambientais em regiões de difícil acesso, contribuindo para pesquisas climáticas e ambientais.

Satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B
Criados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os dois satélites seriam usados para testes de comunicação em órbita, validando tecnologias que permitem a troca de dados entre dispositivos espaciais.

PION-BR2 – Cientistas de Alcântara
Desenvolvido pela UFMA em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION, o dispositivo levaria ao espaço mensagens produzidas por alunos da rede pública de Alcântara, com foco educacional e científico.

Satélite SNI-GNSS
Desenvolvido pela AEB em parceria com as empresas Concert Space, Cron e HORUSEYE TECH, o satélite tinha como objetivo determinar com precisão velocidade, posição e altitude, tecnologia que pode ser aplicada futuramente em drones, veículos terrestres e embarcações.

Solaras-S2
Criado pela empresa indiana Grahaa Space, o satélite seria responsável por monitorar fenômenos solares que podem afetar comunicações, sistemas de navegação e outras tecnologias na Terra.

Sistema de Navegação Inercial (INS)
Desenvolvido pela empresa brasileira Castro Leite Consultoria (CLC), o experimento tinha como objetivo validar um algoritmo de navegação, com potencial uso em futuras missões espaciais. Havia ainda outro dispositivo da mesma empresa, mas, segundo a FAB, por solicitação do fabricante, apenas dados de um dos experimentos foram compartilhados oficialmente.

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