Batalha

Autoridades negociam retirada de civis antes de ofensiva final a Raqa

Aliança curdo-árabe já controla 90% da cidade e quer expulsar jihadistas do grupo Estado Islâmico. ONU calcula que 8 mil civis permanecem na cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Membros da FDS vão em direção ao front de batalha em Raqa, na Síria
Membros da FDS vão em direção ao front de batalha em Raqa, na Síria (Membros da FDS vão em direção ao front de batalha em Raqa, na Síria)

SÍRIA - Autoridades locais e tribais negociam a saída de milhares de civis da cidade síria de Raqa antes da ofensiva final das Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança curdo-árabe apoiada pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e que já controla 90% da cidade, contra o grupo Estado Islâmico (EI).

"O conselho civil de Raqa iniciou negociações para determinar a melhor forma de permitir que os civis presos entre os combatentes do Daesh (acrônimo árabe do EI) abandonem a cidade", afirmaram as FDS em um comunicado.

Este conselho é um Executivo local no exílio, instalado ao norte de Raqa, que é considerada a "capital" do Estado Islâmico na Síria.

As FDS afirmaram, no entanto, que aqueles que abandonarem Raqa depois de lutarem pelo EI serão entregues às autoridades locais e levados à justiça.

A ONU calcula que 8.000 civis permanecem na cidade de Raqa. As FDS afirmam que alguns deles estão sendo utilizados como escudos humanos pelos combatentes do EI. As FDS calculam que entre 600 e 700 combatentes do EI continuam ativos em Raqa, de onde vários deles tentaram sair na terça-feira, segundo uma fonte da aliança.

Saída dos combatentes

De acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de fontes no país, as negociações também abordam a maneira de permitir que os jihadistas se entreguem e que suas famílias abandonem Raqa.

"As negociações abordam uma saída dos combatentes do Daesh (...) e a possibilidade de que suas famílias possam seguir para Albu Kamal, leste da província de Deir Ezzor", declarou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

A cidade síria de Albu Kamal, perto da fronteira com o Iraque, permanece sob controle do EI.

Outros acordos

Esta não é a primeira tentativa de negociar um acordo de retirada de combatentes do EI de alguns territórios. Em maio, dezenas de jihadistas conseguiram deixar a cidade de Tabqa, ao oeste de Raqa, antes da entrada das FDS.

Outro acordo, sem o envolvimento de nenhuma força apoiada pela coalizão internacional, permitiu que jihadistas entrincheirados em uma zona situada entre Líbano e Síria seguissem para o leste da Síria, o que provocou críticas de americanos e iraquianos.

Na terça-feira, o general Jonathan Braga, diretor das operações da coalizão internacional, justificou as negociações ao afirmar que suas tropas tinham "a responsabilidade de vencer o Daesh preservando na medida do possível a vida dos civis".

Mortes de civis

Os habitantes da cidade setentrional sofrem as consequências da ofensiva contra os jihadistas. Segundo o OSDH, os bombardeios da coalizão provocaram centenas de mortes entre os civis.

A guerra na Síria já provocou a morte de mais de 330 mil pessoas desde março de 2011.

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